Dolomites, Itália
Escalada, ciclismo e grapa
O JOGO: Desde que os combates se encerraram, ciclistas e escaladores exploram as ruínas da Primeira Guerra Mundial em Dolomites. Para navegar com facilidade pela região, monte sua base na cidade de Cortina d’Ampezzo, perto da fronteira com a Áustria. A empresa Cortina Alpine Guides oferece passeios de um dia por uma via ferrata (escalada com auxílio de cabos) até as ruínas (R$ 200; www.guidecortina.com). Para pedalar pelos mesmos caminhos que costumam fazer os profissionais da Volta da Itália apelarem para o doping, faça uma viagem de uma semana com a Trek Travel (R$ 5.340; trektravel.com).
A BEBIDA: A cerca de 90 quilômetros ao sul de Cortina, Jacopo Poli, da quarta geração de uma família de destiladores, produz uma grapa (aguardente de vinho) artesanal, que desafia a fama de ser uma bebida azeda e digestiva para depois do jantar. Poli envelhece sua Poli Barrique por 13 anos e produz apenas 3 mil garrafas por ano (R$ 150; www.poligrappa.com).
A RECUPERAÇÃO: Hospede-se no resort Corte delle Dolomiti, em Cortina (a partir de R$ 150; hotelboite.it) e trate da sua ressaca comendo os tradicionais dumplings tiroleses no Locatelli alle Tre Cime di Lavaredo, um refúgio de alpinistas numa histórica cabana de pedras, a 55 quilômetros de distância (0021 39 0474 97 2002). (CHRISTIAN DeBENEDETTI).
Vale Loire, França
Ciclismo e absinto
O JOGO: Sinônimo de chatô e vinho, o vale Loire é também uma excelente região para o ciclismo: La Loire à Vélo, uma rede de 320 quilômetros de trilhas, cruza o vale ao longo do rio que lhe dá nome. Alugue uma bike em Saumur (a partir de R$ 37; locationdevelos.com).
A BEBIDA: Difamado por ser um causador de demência, o verdadeiro absinto não é assim tão sinistro. Na destilaria Combiar em Saumur (combier.fr), o artesão de bebidas T.A. Breaux ressuscitou o absinto com sabor de anis, o Lucid Absinthe Supérieure (R$ 100; drinklucid.com).
A RECUPERAÇÃO: Depois de fazer um tour pela destilaria, fique no Le Prieuré, um antigo monastério beneditino (quartos duplos R$ 334; prieure.com). (JEREMY SPENCER)
Dartmoor, Inglaterra
Caiaquismo, pesca e gim
O JOGO: O Parque Nacional de Dartmoor é um charco elevado de 1.262 quilômetros quadrados, cheio de pântanos sombrios e folclores fantasmagóricos – reza a lenda que este é o local que inspirou o pai de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle, a escrever O Cão dos Baskervilles. Menos famosos, mas mais atraentes, são os rios da região. O Dart apresenta corredeiras classe III durante o inverno (passeios de um dia em caiaques com guias na Spirit of Adventure R$ 117; spirit-of-adventure.com). Já na primavera é época de pescar com varas atrás das trutas nos afluentes do Dart e no Teign (viagens de um dia com guias R$ 350; comeflyfishing.co.uk).
A BEBIDA: O segredo do sucesso do gim seco original? Não há segredo algum: o Plymouth é produzido desde 1793 com água purificada do granito dos reservatórios de Dartmoor. Ela é uma bebida incrivelmente suave e equilibrada, a favorita de homens como Winston Churchill e Franklin Roosevelt e Alfred Hitchcock. Acrescente uma dose de vermute para fazer o melhor martíni do mundo (R$ 60; plymouthgin.com).
A RECUPERAÇÃO: Em Plymouth, hospede-se no centenário Chester House (quartos duplos R$ 141; www.chesterplymouth.co.uk). (J.S.)
Kentucky, EUA
Corrida de cavalos e uísque
O JOGO: O 134º Derby de Kentucky (corrida de cavalo) aconteceu no dia 3 de maio, na cidade de Louisville. E, embora você provavelmente não esteja interessado nas tediosas arquibancadas de Churchill Downs, o campo vai matar sua sede de aventura: este depravado poço de lama, cheio de lançadores de frutas podres e exibicionistas, inspirou o primeiro mergulho de Hunter S. Thompson no jornalismo gonzo, inventado por ele (entradas R$ 67, kentuckyderby.com).
A BEBIDA: Embora os excelentes uísques de barril único, como o Elmer T. Lee, estejam na moda entre os aficionados pelas bebidas, nós temos um carinho especial pela marca Maker’s Mark, o primeiro uísque a molhar nossas gargantas ao completarmos 21 anos. A razão é simples: Como o Maker’s usa trigo em vez do tradicional centeio, seu gosto é mais suave e doce.
A RECUPERAÇÃO: Durma e beba na Old Talbott Tavern, uma taverna a 36 quilômetros da destilaria Maker’s Bardstown (a partir de R$ 130; talbotts.com). (CHARLES BETHEA)
Kagoshima, Japão
Caminhadas, fontes termais e shochu
O JOGO: O melhor jeito de finalizar um dia de caminhada próxima a um vulcão é mergulhar numa fonte termal e tomar uma boa bebida. O Parque Nacional de Kirishima-Yaku, com 135.500 acres, situado na ponta sul da ilha de Kyushu, fornece amplas oportunidades para isto: lá existem 23 vulcões, 15 crateras e incontáveis fontes termais naturais, as onsens japonesas. Alugue um carro em Kagoshima e dirija 90 minutos até Ebino Kogen, porta de entrada para a nevoada cadeia de montanhas vulcânicas. A trilha até o cume do Karakuni-dake, o pico mais alto da região, começa no hotel de fontes termais de Ebino Kogen-so (a partir de R$ 167; www.ebinokogenso.jp).
A BEBIDA: Shochu é uma clássica e clara aguardente japonesa, feita de arroz, cevada ou batata-doce. Nossa favorita é a Ikkomon (R$ 51; takarasake.com), uma versão suave e doce feita com batata-doce, destilada em Kagoshima. Melhor servir a temperatura ambiente.
A RECUPERAÇÃO: Não deixe de experimentar os tonkatsu (cortes de carne de porco) no Ajimori de Kagoshima, um tradicional pub (0021 81 99 224 7634). (C.D.B.)
Highlands, Escócia
Escalada, ciclismo, e uísque
O JOGO: Criado em 2003, o Parque Nacional de Cairngorms é o lar de 1/4 da flora e fauna ameaçada da Grã-Bretanha, assim como de cinco picos com mais de 1.200 metros. Escale-os com a Talisman Mountain Activities (guias particulares R$ 460; talisman-activities.co.uk), ou alugue uma bike na Basecamp Mountainbike, perto de Fort William, e caia de cabeça nos 35,5 quilômetros de trilhas do parque Laggan Wolftrax, em Cairngorms (aluguel R$ 67; basecampmtb.com).
A BEBIDA: A destilaria Dalwhinnie foi construída em 1897, perto do passo de Drumochter, a 452 metros de altitude. Boa pedida: segundo o falecido perito em uísque Michael Jackson, a água fria mineral local é essencial para o famoso gosto “de mel com um toque de turfa” do singlemalt de 15 anos de Dalwhinnie. Beba puro ou com gelo, nunca com água tônica (R$ 105; malts.com). A
RECUPERAÇÃO: Hospede-se perto da destilaria, no hotel Suie (a partir de R$ 117; suiehotel.com) e experimente dezenas de outros uísques no bar aquecido por um forno à lenha. (C.D.B.)
Serra do Cipó, Minas Gerais
Escalada, canoagem e cachaça
O JOGO: Referência mineira quando o assunto é escalada ou canoagem, a Serra do Cipó abriga o morro da Pedreira, onde inúmeras vias abertas – e a possibilidade de outras tantas ainda serem conquistadas – fazem coçar a mão de qualquer escalador. Já com as chuvas de verão, as águas do rio Cipó descem com força, dando mais emoção à canoagem de corredeira. Além de indicar os melhores picos para ambas as atividades, a Cipoeiro Expedições (cipoeiro.com.br) oferece guias e instrutores graduados.
A BEBIDA: Mais famosa em Minas que a Serra do Cipó só mesmo a cachaça. O estado é um dos poucos que preza o método tradicional de fabricação: nenhum elemento químico é adicionado à cachaça, que costuma ser estocada em barris de madeira especial para alterar o paladar. E bom é consumir a pinga direto da fonte. Na centenária Venda do Zeca (31 9949 4155) a cachaça artesanal é produzida pelo alambique do senhor João Nicisso. A dose sai por R$ 1,50 e a garrafa por R$ 10. Para acompanhar, bolinhos de bacalhau (R$ 1,50) e porções de queijo com tomate (R$ 3).
A RECUPERAÇÃO: Conforto no hotel Cipó Veraneio (cipoveraneiohotel.com.br), que oferece cama king-size e sauna com vista para o rio Cipó. A diária para o casal sai a partir de R$ 295.
Vale Europeu, Santa Catarina
Mountain bike e cerveja
O JOGO: O circuito de 300 quilômetros – que começa e termina em Timbó, cortando ao todo seis cidades catarinenses (circuitovaleeuropeu.com.br) – cruza trechos de mata atlântica e florestas de araucárias, com paisagens em subidas e descidas retocadas pelas culturas alemã e italiana. É impossível não passar pela porta de muitas vinícolas e microcervejarias de primeira.
A BEBIDA: Em Rodeio, a vinícola San Michele (sanmichele.ind.br) oferece uma vasta carta, com opções de tintos, brancos, rosados e espumantes (a partir de R$ 6). Já em Pomerode, a cervejaria Schornstein (schornstein.com.br) serve o Shorn-Bier, um chopp bock (R$ 7, o caneco de 500ml), levemente adocicado, que desce ainda mais redondo no inverno. Mas, se mesmo assim o pedal pelo vale Europeu apenas atiçou suas papilas gustativas, visite a cervejaria Das Bier, em Gaspar, uma cidade vizinha à Timbó. Lá, a pedida é o chopp Brunes Ale (R$ 6,20 o copo de 500 mililitros), que devido ao malte torrado tem sabor achocolatado. Se quiser se sentir com os dois pés na Alemanha, chame um Hackpeter (ou racapeta, R$ 21) para acompanhar. A porção de carne crua moída temperada com alcaparras, alho e conhaque e servida com pão integral é um sucesso.
A RECUPERAÇÃO: Ao retornar Timbó, relaxe na banheira de hidromassagem de uma das suítes do hotel Timbó Park (timbopark.com.br), a partir de R$ 193 a diária para um casal.
Vale do Guaporé, Mato Grosso Trekking e canjinjim
O JOGO: O mítico vale do Guaporé, no sudoeste mato-grossense, é ponto de encontro de três ecossistemas: cerrado, floresta amazônica e pantanal. No começo do século 20, depois de se perder em uma expedição na selva amazônica, o coronel inglês Percy Fawcett deu de cara com a paradisíaca serra Ricardo Franco, que fica no Guaporé, quase no limite entre Brasil e Bolívia. De volta ao seu país, Percy relatou a aventura ao escritor e amigo Arthur Conan Doyle, que a transformou no livro O Mundo Perdido. Hoje, em cinco dias e sem quase risco algum, é possível desbravar as belezas do pantanal, da selva e do cerrado, atravessando cachoeiras e pesadas trilhas. (R$ 2.870 para duas pessoas, inclusos transporte, alimentação e hospedagem pela Chapada Explorer; chapadaexplorer.com.br).
A BEBIDA: O canjinjim é uma secular aguardente do Guaporé, criada pelas comunidades quilombolas, que leva na receita ervas, cravo, canela e mel. Até hoje, a cachaça é atração na festa do Congo, que rola em julho na região, mas pode ser encontrada em qualquer época do ano na Cooperbela (65 3259 1298) por R$ 15 a garrafa de 1 litro. Não é fácil tomar um porre de canjinjim (ela é muito doce), mas algumas doses são suficientes para ficar alegre e disposto.
A RECUPERAÇÃO: Estabeleça-se, sem perder o conforto e os ares campestres, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital do estado do Mato Grosso. No hotel Cascata (65 3259 1154) há quartos para casal a partir de R$ 60.
Os valores em reais de serviços e produtos estrangeiros são preços médios calculados a partir da conversão de U$ 1 para R$ 1,67.
Estratégias: a ressaca
1. PREPARE-SE. Os sintomas da ressaca são causados, em parte, pela falta de tiamina (vitamina B1) no cérebro. Por isso, tome vitamina de complexo B antes de enfiar o pé na jaca. Suplementos de glutationa também são úteis. “Eles ajudam o fígado a processar com mais eficiência as toxinas”, explica Laurent Bannock, um nutricionista norte-americano.
2. ENGORDURE-SE. “Comidas gordurosas cobrem as paredes do intestino com uma camada de óleo e então o álcool leva mais tempo para ser absorvido”, conta Laurent. Assim, encha a pança antes de beber, não depois. 3. QUEIME SUAS TORRADA. “O carbono encontrado em torradas queimadas ajudam a filtrar impurezas que se acumulam durante o processo de envelhecimento”, revela o nutricionista.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de outubro de 2008)
ÁGUA QUE ARDE: A grapa produzida por Jacopo Poli, na Itália, descansa por 13 anos antes de ser degustada
ARREBENTA-PEITO: A Venda do Zeca, ponto de parada obrigatório para a cachaça mineira