Por Bruno Romano
De pranchão no pé e remo nas mãos, o Brasil está bem representado. É o que comprovou o Bahia SUP Eco, torneio que colocou frente a frente os melhores atletas de stand-up paddle do país nas categorias wave e race. A competição rolou neste fim de semana em Quintas de Sauípe, litoral da Bahia, e foi válida como a segunda etapa do Circuito Brasileiro – além de ser uma seletiva para o próximo mundial da ISA, a Associação Internacional de Surf. SUP RACE
Apenas a restinga e uma faixa de areia separam a praia da lagoa em Quintas de Sauípe. Com águas calmas, mas forte vento e sol do meio dia, estava formado o cenário perfeito para um desafio que exige muito de quem gosta de SUP. Melhor para os experientes Paulo dos Reis (SP) e Barbara Brasil (BA), a Babi, que conquistaram os títulos no profissional – a modalidade atraiu também pouco mais de 100 atletas de todo o Brasil nas categorias amadoras.
WAVE E RACE: Brasileiro de SUP na Costa do Sauípe (BA) Fotos: Luciano Meneghello/ Supclub
A disputa pelas ondas no profissional masculino contou com atletas de peso, como Leco Salazar, campeão mundial de SUP wave em 2012, seu irmão mais novo Matheus, atual campeão brasileiro, e Caio Vaz, líder do ranking mundial deste ano – que desbancou recentemente Kai Lenny, fenômeno do SUP. Destaque também para a nova geração do SUP nacional, com Felippe Gaspar (SP), 15, e Kainoa Teixeira (SC), 16, dando trabalho para os mais experientes.
Dentro d’água coube aos irmãos Salazar puxar o ritmo das baterias classificatórias, chegando à final ao lado do catarinense Adriano Trinca Ferro e do carioca Ian Vaz, irmão de Caio (que acabou ficando no caminho nas quartas de final). SUPer mais radical do dia decisivo, Ian desbancou os favoritos e faturou a competição. “Eu sabia que ia ser um campeonato bem difícil, por isso apelei para o meu psicológico, acreditando até o fim. Fui encontrando as ondas e melhorando a cada bateria. No final, veio a melhor de todas para mim e consegui acertar duas ‘pancadas’”, conta Ian, que consagrou seu título com a única nota 10 do evento, justamente na final.
Tanto na fase classificatória do sábado como no domingo, o forte vento e o mar mexido deixaram as condições longes do ideal, obrigando os atletas a escolherem bem as suas ondas e, ao mesmo tempo, não esperarem muito por uma ondulação perfeita. Uma tarefa que não abria chance de errar o melhor pico para se posicionar dentro do mar.
Foi o que fizeram Aline Adisaka, campeã brasileira de SUP wave em 2013, e Nicole Pacelli, atual campeã mundial da categoria, destaques no feminino no Sauípe. Depois de liderarem suas baterias nas semifinais, as paulistas travaram uma disputa onda a onda na decisão. Melhor para Nicole, que na última remada da final superou Aline, pela decisão dos juízes. Agora, as duas estão empatadas na liderança do circuito, já que Aline venceu a primeira etapa do brasileiro 2014, em Alagoas.
"O mar estava difícil, por isso tentei não ficar indo de um lado para o outro. Achei um lugar e apostei nas ondas que vinham”, conta Nicole, que já se prepara para a próxima prova do mundial de SUP wave, marcada para setembro em Huntington Beach, na Califórnia (EUA). Após três etapas, Nicole lidera o ranking mundial, empatada com a norte-americana Izzy Gomes.
“Eu estava na busca de uma onda melhor na final, pois sabia que precisava garantir minha bateria, mas infelizmente não deu. Mas só de ter chegado aqui me sinto vencedora. Estou sem patrocínio e cada viagem é uma luta”, conta Aline que, com dois anos de dedicação intensa ao SUP, já mostra um ótimo nível nas ondas, sendo a atual terceira colocada no circuito mundial. Ao sair da água com o vice-campeonato, Aline ainda correu para competir no SUP race.
“Fiz uma largada bem forte para sentir o nível de quem vinha atrás. Consegui impor um ritmo bom e o Marinho [Mario Cavaco, atleta de Santos] me acompanhou durante toda a prova. No fim, dei um tiro e consegui abrir”, relata Paulo, que vai competir o mundial de canoa havaiana no próximo fim de semana.
Marinho fechou a prova em segundo lugar: o resultado o garantiu na liderança do circuito brasileiro de SUP race. Guilherme dos Reis, filho de Paulo, de apenas 16 anos, não se intimidou com profissionais mais experientes e acabou na terceira colocação. Ovacionado por todos, Gui mostrou que a história vencedora do Brasil no SUP parece estar só começando.