Rumo à estação Islândia

Repleto de águas termais, gêiseres e paisagens nevadas deslumbrantes, a Islândia tem tudo para ser seu grande destino de férias

Texto e fotos Fernanda Kock


NUMA NICE: Relaxe nas piscinas termais da Lagoa Azul, em Reykjavík

SILÊNCIO ABSOLUTO,paisagens de beleza cinematográfica e ainda pouco exploradas pelo turismo de massa, uma infinidade de gêiseres e vulcões, montanhas coloridas de tirar o fôlego e um povo hospitaleiro que não economiza sorrisos ao estrangeiro marcam a estadia de quem decide passar as férias na Islândia.

No país menos densamente povoado da Europa (são apenas 328 mil pessoas em um território de 103 mil quilômetros quadrados, um pouco maior que o estado de Santa Catarina), tudo é fascinante: as atrações naturais e os vulcões ativos criam uma sensação de mistério e inconstância que deixam o forasteiro sem saber qual a próxima surpresa da natureza. Na Islândia, o tempo parece correr em ritmo próprio, mais lento que em outros lugares, principalmente durante o verão, quando os dias são longos e quase não há escuridão. Nessa época, o sol se põe à meia-noite, toca o chão e volta a nascer. Já no inverno, os dias não duram mais que quatro horas, porém, em compensação, é possível admirar o espetáculo da aurora boreal. Selecionamos a seguir algumas atrações e atividades para ajudar você a aproveitar ao máximo um dos países mais interessantes para quem ama natureza, esportes e aventura.

REYKJAVÍK
O CHARME DA QUASE impronunciável capital da Islândia é resultado da harmonia entre o antigo e o moderno: em meio a estátuas vikings e edifícios históricos, você encontra uma agitada vida boêmia, grafites espalhados por muros e uma variedade de livrarias, museus, lojas e restaurantes. A intensa cena cultural de Reykjavík faz com que a cidade tenha um clima cosmopolita, apesar de pequena.

>Rolê cultural.Reykjavík possui orquestra sinfônica e teatro com apresentações regulares, principalmente fora da alta estação. Conheça mais sobre a herança viking em endereços culturais da cidade, como o Museu Nacional, a Casa da Cultura, a Galeria Nacional e o Museu de Arte. Em 2011, foi inaugurado o Harpa Concert Hall, que abriga artistas internacionais e traz turistas da Europa e dos Estados Unidos interessados em peças teatrais e musicais. A arquitetura única desse edifício espelhado já vale a visita.

>Atrações naturais. Na capital, é possível passar uma semana visitando atrações naturais, como as piscinas termais da Lagoa Azul, um programa típico dos moradores. Há a observação de baleias em Puffins e o Golden Circle, um dos populares passeios que partem de Reykjavík. Em uma excursão que dura um dia inteiro, você verá cachoeiras, o Parque Nacional de Pingvellir e o Geysir (origem do termo gêiser), que jorra uma grande coluna de água e vapor a cada poucos minutos.

>Vai nessa. Experimente o menu islandês no restaurante Tapas Barinn (tapas.is). Fique no hostelKex (kexhostel.is | diárias entre R$ 70 e R$ 125). Lá, todas as quartas-feiras há música ao vivo com excelentes bandas islandesas, e o piso térreo conta com um bom restaurante. É um pouco mais caro que outros albergues da cidade, mas compensa.

Os voos internacionais aterrissam na cidade de Keflavík, onde é preciso pegar um ônibus até Reykjavík (flybus.is). A viagem dura 45 minutos e custa cerca de R$ 80 (passagem de ida e volta). Depois de deixar a bagagem no hotel, dê uma volta no centro de Reykjavík pela rua principal, chamada Laugavegur, que abriga diversos estabelecimentos comerciais. Próximo a ela, fica o centro de informações turísticas (visitreykjavik.is). De lá, siga até a torre da igreja de Hallgrímur para ver a cidade de cima e admirar seus típicos telhados coloridos. Faça uma pausa para um café no Kaffitár (Bankastræti 8 | kaffitar.is) ou no charmoso e aconchegante KaffismiojaÍslands (Kárastígur 1 | kaffismidja.is).


Acima e nesta foto, lagoa glacial de Jökulsárlón

JÖKULSÁRLÓN
ESTA BELÍSSIMA LAGOA GLACIAL repleta de icebergs enfeitando suas águas azuis começou a se formar há quase um século, e a cada ano ela fica maior. Caminhar sem compromisso ao redor de Jökulsárlón já vale a visita, pois o visual é deslumbrante. Se as condições meteorológicas permitirem, é possível também fazer um passeio de barco nas águas da lagoa em um veículo “anfíbio”, pagando entre R$ 65 e R$ 105 (mais detalhes em icelagoon.is).

>Como chegar.Localizado próximo à principal estrada da Islândia, o acesso até Jökulsárlón é fácil. Você pode alugar um carro em Reykjavík ou ir de ônibus. Em Jökulsárlón não há hospedagem, então, se você não estiver acampando, siga viagem até Höfn, a cerca de 60 quilômetros dali. Muitos optam por contornar o país – de carro alugado, de carona ou comprando um dos diversos passes de ônibus. Como em Jökulsárlón, várias outras atrações ficam a poucos quilômetros da estrada principal da Islândia.


Acampamento em Landmannalaugar


Piscinas termais locais


A loja-ônibus Mountain Mall

LANDMANNALAUGAR
SITUADO EM UM VALE, este pedaço remoto da Islândia é conhecido por suas montanhas multicoloridas, trilhas e águas termais. É por um charmoso caminho de madeira que se chega até a área para banho, ideal para relaxar depois de um dia de caminhada. A região conta com diversos passeios de curta duração, tendo como base Landmannalaugar. As rotas mais populares incluem a subida ao Monte Bláhnjúkur, a visita a um campo de lavas chamado Laugahraun e a caminhada de quatro horas até o Lago Ljótipollur.

>Planeje-se.O clima severo do país faz com que a área fique aberta ao público somente de junho até o final de setembro. Depois disso, a estrada é fechada. Hospedagem, só mesmo no único e disputado alojamento local, que oferece serviços básicos, como banho e cama (fi.is para reservas | R$ 100 por pessoa). Há também uma área para camping (R$ 20 por noite). Na recepção, aberta normalmente das 8h às 20h, você encontra informações sobre as trilhas de lá e sobre a previsão meteorológica – o tempo é muito inconstante, por isso é essencial consultar a previsão antes de partir para uma caminhada (en.vedur.is).

Abasteça-se em Reykjavík com mantimentos para cozinhar no alojamento. Porém, caso falte algo na mochila, existe ali perto uma pequena loja montada dentro de um ônibus escolar norte-americano chamada Mountain Mall, onde você pode conseguir frutas, leite e utensílios para camping. Café e cerveja também são comercializados, mas fique atento: tudo é muito caro. Cerca de mil coroas islandesas equivalem a 20 reais. Prepare-se para pagar R$ 5 por uma banana ou por um potinho de iogurte. Aliás, tudo na Islândia é caro. A melhor solução é planejar o que levar e comprar tudo em um dos diversos supermercados Bônus antes de embarcar em direção a lugares mais isolados.


Rios e lagos completam a paisagem


Montanhas deslumbrantes de Landmannalaugar

LAUGAVEGUR
EM LANDMANNALAUGAR você pode iniciar a trilha de Laugavegurinn, ou Laugavegur, que liga Landmannalaugar a Pórsmörk ou Thorsmork. Você verá paisagens com neve belíssimas, além de cenários meio lunares com pedras e areia preta. Campos verdes, quase fluorescentes em dias ensolarados, enchem os olhos. Tudo isso ao longo de 55 quilômetros de caminhada, normalmente percorridos com tranquilidade em quatro dias. Em média, são seis horas diárias de trekking, entre 12 e 18 quilômetros. O mais interessante é que, nesse pedaço do país, a paisagem muda completamente de um dia para o outro. Logo na saída de Landmannalaugar, por exemplo, você passará por um campo de lava e, alguns minutos mais tarde, se deslumbrará com montanhas que parecem imagens de um caleidoscópio, tamanha a mistura de cores e formas.

>Durma bem.No trajeto há campings e alojamentos simples, com quartos coletivos e cozinha compartilhada. Todos contam com calefação – o frio é constante durante quase o ano inteiro (o camping custa R$ 20 por pessoa e o alojamento sai por R$ 100). Para usar os chuveiros, o valor, não incluso na diária, é de R$ 9 por cinco minutos. Nas “bases” de Hrafntinnusker, Álftavatn, Emstrur e, finalmente, em Pórsmörk, é possível encontrar várias opções de alojamento.

>A aventura. Logo no primeiro dia, nas proximidades de Hrafntinnusker, há muitas chances de nevar, mesmo no verão. Especialmente em condições climáticas extremas, o segundo dia de caminhada revela-se um pouco mais pesado, porém a chegada em Álftavatn é em terreno plano. Um belo lago próximo a uma montanha completa a paisagem.Logo depois de Hvanngil, a aventura aumenta quando um rio com correnteza um pouco forte surge no caminho. Atravessá-lo faz parte da brincadeira, apesar da água fria. Em Emstrur, há um rio de água potável próximo ao principal camping. Aliás, água potável você encontra durante todo o caminho, por isso uma mochila de hidratação ou garrafa de 1,5 litro é suficiente para ir de uma fonte a outra sem passar sede.No último dia, quase na chegada, a sinalização é um pouco confusa. Há dois alojamentos, um deles com uma vista linda, mas com instalações simples, e outro onde é possível almoçar e jantar. Apenas 20 minutos separam os dois. A dica é se hospedar em Langidalur e caminhar até Húsadalur para um jantar aconchegante.


Rolê de bike em Hveragerdi


Turista banha-se em rio de águas quentes

HVERAGERDI
A CERCA DE 45 QUILÔMETROS de Reykjavík fica Hveragerdi, a capital islandesa das águas termais. Trata-se de uma zona vulcânica ativa: em 2008, após um terremoto atingir a cidade, uma nova área geotérmica foi formada, por isso na região você verá pequenas e borbulhantes fontes termais.

>Saia para girar.A empresa familiar IcelandActivities (icelandactivities.is) opera no local há 30 anos e agenda rolês de bike até lá a partir do próprio hostelKex, em Reykjavík. Os guias da agência são muito simpáticos e não escondem a paixão pelo que fazem, o que torna o dia ainda mais agradável. Entre os passeios oferecidos pela agência, a opção de nível de dificuldade médio percorre regiões montanhosas com uma paisagem magnífica. Dura cerca de seis horas, e o valor é de R$ 215, incluindo aluguel de bike, lanche e acessórios como capacete. Finalize a pedalada em um dos rios da região – é realmente uma experiência única banhar-se em um rio bem quentinho para se aquecer do frio.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de junho de 2014)