No mês de março publicamos a quinta edição do Guia de Bikes da Go Outside, que divulga os principais lançamentos de bicicletas e acessórios de 2014. Dos 76 modelos testados, 53 foram mountain bikes. Abaixo, confira as magrelas de montanha que receberam o prêmio de "Bike do ano", segundo avaliação dos maiores especialistas em ciclismo do Brasil.
Por Daniel Aliperti, Mario Mele e Adriana Nascimento 26" Hardtail – Entrada (até R$ 4 mil)
27.5" Hardtail – Entrada (até R$ 4 mil)
Haro Flightline 27.Five R$ 3.360 29" Hardtail – Entrada (até R$ 4 mil)
29" Hardtail – Intermediária 1 (R$ 4 mil – R$ 7 mil)
Orbea Alma H60 R$ 5.490
A Orbea é a bike utilizada pelo bicampeão olímpico francês Julien Absalon, uma constatação de que a marca espanhola é regida pela performance. A Alma H60 já carrega boas doses desse conceito, a começar pelo quadro, que apesar de ser de alumínio é fabricado por meio de um processo de hidroformação que lhe dá mais rigidez e resistência. Além disso, segundo dois testadores, o quadro da Orbea é “ajustável a qualquer ciclista e situação”. O conforto é explicado pela geometria inovadora, pensada a partir dos pontos em que os tubos se encontram: segundo a Orbea, o fato de o tubo inferior se juntar ao tubo do selim em uma zona mais baixa é o segredo para uma excepcional capacidade de absorção de impactos. A Alma H60 vem equipada com câmbio Shimano SLX (com passadores avaliados por nossos testadores como “confortáveis e de fácil acesso”), freios Shimano Formula C1 e suspensão RockShox XC32 TK Air, com 100 mm e trava (“merecia trava no guidão”, sugeriu um testador). As rodas (Orbea Disc) também são componentes de destaque nesse modelo, e ganharam as notas mais altas. “Elas atendem bem ao conceito da bike”, disse um testador. “São leves, rígidas e ajudam a manter a estabilidade em retomadas fortes e descidas técnicas e velozes.” O selim Selle Italia C1 que vem neste modelo é mais uma prova do capricho que a Orbea tem com suas bikes. orbea.com;dnimports.com.br;11,8 quilos.
29" Hardtail – Intermediária 2 (R$ 7mil – R$ 10 mil)
Caloi Elite Carbon R$ 10.000
Bike usada por Henrique Avancini, o melhor atleta brasileiro de MTB no ranking da UCI, a Caloi Elite Carbon é montada no Brasil (com quadro chinês), o que lhe confere grande vantagem competitiva quanto ao preço já que fica isenta de diversos impostos. Esse é o principal motivo de ela ser a única bike com quadro em compósito de carbono a figurar nesta categoria de “intermediárias 2” (com modelos aro 29 hardtail de R$ 7.000 a R$ 10.000). Sua vitória na categoria é certamente reforçada por isso, embora o material por si só não seja responsável pela escolha de nossos testadores, que a elegeram a Bike do Ano desta seção. A Elite Carbon provou que tem um bom conjunto, com quadro moderno, um grupo de peças bem escolhido e desempenho comprovado. “Perfeita para competir”, disse um dos testadores. No kit de peças, destaque para o garfo Rock Shox SID XX com trava remota de acionamento hidráulico, transmissão Sram X.0 com 20 velocidades, freios Avid X.0 e controles e pedais da Crank Brothers, marca que sempre capricha no design de suas peças. Quanto ao comportamento, um de nossos testadores relatou que ela é “ágil, bem rápida em subidas”. Outro apontou que o modelo é “leve e esperto”. Um dos experts aproveitou para fazer uma crítica construtiva: “Seu visual é muito conservador”. Quem sabe em 2015 ela não fique mais moderninha.
caloi.com.br; 10,7 quilos.
29" Hardtail – Intermediária 3 (R$ 10 mil – R$ 15 mil)
Caloi Elite Carbon Team R$ 15.000
A Caloi fez uma ótima opção ao equipar sua Team com um conjunto completo de Sram XX (freios e transmissão, incluindo os pedivelas em carbono). São detalhes que eliminam peso e aumentam a rigidez, incrementando o desempenho. Por essas e outras, a Team arrancou elogios de nossos testadores, que a elegeram a Bike do Ano nesta faixa de preço. “Um modelo superágil, de resposta bem rápida”, vibrou um deles. Outro ponto de suma importância em uma bike 29 competitiva é o par de rodas. As ZTR Crest, “tubeless” e com 1.610 gramas, têm um ótimo equilíbrio entre baixo peso e resistência, e ainda vêm revestidas com os pneus Continental Race King, leves e que rolam rápido em terrenos secos e compactados. O garfo Rock Shox SID XX WC é o top de linha da marca, com coroa e espiga em carbono e a trava X-Loc com acionamento hidráulico – um luxo. Apesar da ótima performance em provas e pedaladas de curta duração, a Team tem um “calcanhar de Aquiles”, que é a traseira com pouca absorção vertical e um canote de selim com 31.6 mm de diâmetro, o que também não contribui para atenuar os impactos provenientes das irregularidades do piso. Em provas longas, isso prejudica o conforto. Mas nada que abale a ótima impressão que ela causou em nossos experts. Alguns deles acharam a bike um tanto cara, mas não é o caso. A Team tem preço semelhante às outras desta categoria, mas oferece componentes muito superiores e pesa bem menos. Vantagens obtidas graças à montagem do modelo no Brasil, o que diminui os impostos. caloi.com.br; 10 quilos
29" Hardtail – Top (R$ 15 mil – R$ 25 mil)
Specialized Stumpjumper HT Marathon Carbon R$ 24.000
Em 2014, a reformulação do chassi da Stumpjumper traz eixos passantes na frente e atrás, nova geometria, cabos com passagem interna e uma traseira projetada para proporcionar eficiência e conforto. A linha Marathon foi criada para oferecer ao competidor de cross-country uma bike com recursos similares ao da linha top (S-Works), porém com algumas economias, que representam mais peso e menos sofisticação. Tem componentes de transmissão Sram X.0., garfo RockShox Sid Brain e rodas Roval Control Carbon. “Uma bike que proporciona conforto e agilidade”, celebrou um de nossos testadores. Vem com o kit Swat, formado por dois suportes de caramanhola, uma ferramenta multiuso tipo canivete integrada a um dos suportes de garrafa, um estojo para guardar câmara, espátula e cilindro de gás carbônico, além de chave de corrente que faz as vezes de tampa de compressão da caixa de direção. Com esse equipamento, o ciclista sempre está amparado com os itens básicos de reparo emergencial. Nossos testadores adoraram a magrela, que foi eleita, ao lado da Trek Superfly 9.8, a Bike do Ano nesta faixa de preço. specialized.com.br; 10,2 quilos.
Trek Superfly 9.8 R$ 24.000
Eleita a Bike do Ano nesta faixa de preço, juntamente com sua concorrente da Specialized, a Superfly 9.8 tem mesmo quadro, porém vem com um grupo de peças mais sofisticado que a Superfly 9.6. Conseqüentemente pesa aproximadamente 1 quilo a menos que sua irmã mais econômica. Com a “dieta”, a personalidade dessa máquina é outra, como atestaram nossos testadores. “É uma bike leve de pilotar e isso ajuda a transpor os obstáculos”, disse um deles. “É rápida e muito eficiente na subida”, acrescentou outro. Equipada com transmissão 2×10 e freios Shimano XT, garfo RockShox Sid RL com comando remoto no guidão e rodas DT Swiss X1800, a Superfly 9.8 tem uma montagem conservadora, de bom desempenho. O guidão Bontrager passa a ser de carbono e o selim ganhou trilhos de titânio. No geral, o kit dá maior precisão e robustez à Superfly 9.8, tornando-a uma bela bike para uso em competições e treinos mais frequentes. trekbikes.com.br; 10,6 quilos.
29" Full Suspension – Intermediária 3 (R$ 10 mil – R$ 15 mil)
Specialized Epic FSR Comp 29 R$ 14.400
Para 2014, a Epic Comp ganhou uma geral no quadro. Fabricado em alumínio M5, ele teve desde tubos e link da suspensão até amortecedor e pequenos detalhes totalmente reformulados. Isso resultou em maior eficiência da estrutura e da sua capacidade de levar duas garrafinhas. O amortecedor Fox/Specialized Mini Brain, que controla o sistema FSR, foi revisado quanto ao ajuste de firmeza do “cérebro” (trava automática), que agora precisa de menos cliques e está mais leve. Na prática, seu acionamento ficou mais suave entre “bloqueado” e “ativo”. “Uma bike rápida e confortável, perfeita nas descidas, ágil e firme e no chão”, disse um de nossos testadores. O conjunto de peças tem transmissão Sram X7/X9 com câmbio traseiro Type 2, garfo RockShox Reba RL, rodas com novos aros Roval, mais leves e rígidos, e o restante dos componentes da própria Specialized (guidão, mesa, canote, selim, pneus). Na trilha, a Epic Comp arrancou elogios dos experts da Go Outside. “Ela ignora os obstáculos, permite uma pilotagem agressiva e ao mesmo tempo é ideal para quem quer conforto e eficiência”, resumiu um deles. Como nossa equipe é bem exigente, há pontos a melhorar: “É um pouco lenta nas subidas”, “na subida, a suspensão não fica tão rígida” e “poderia ser mais barata” foram algumas das críticas. specialized.com.br; 12,2 quilos.
26" Hardtail – Ferminina (até R$ 4 mil)
Specialized Myka Sport Disc 26 R$ 2.800
Foi acirrada a disputa deste ano para ver quem ganharia o prêmio de Bike do Ano entre as três únicas mountain bikes femininas disponibilizadas pelas marcas para serem testadas pela Go Outside. Na categoria de entrada – de modelos de até R$ 4 mil, indicados para quem está se lançando nas primeiras trilhas –, a Myka, da Specialized, levou a melhor. Isso porque reúne mais componentes ergonômicos e eficientes, em especial as manoplas do guidão, além de ter um quadro feito especialmente para as necessidades femininas. “Trata-se de uma bicicleta bem ágil nas descidas”, disse uma testadora. Vem com câmbio dianteiro Shimano Altus e traseiro Shimano Acera de nove velocidades, selim feminino Specialized Riva Plus (155 mm) e pneus Specialized Fast Trak Sport de 2.0”. Ponto positivo para o freio a disco hidráulico Tektro HD M330, que proporciona segurança e conforto. A suspensão dianteira SR Suntour XCT Milo, entretanto, não fez bonito diante de nosso time de mountain bikers, ficando a desejar quanto ao acionamento da trava e à movimentação na subida. “Apesar da opção de travamento total na subida, o acionamento exige que a pessoa alivie o peso, caso contrário, não consegue acioná-la”, afirmou uma testadora. specialized.com.br; 13,6 quilos.
(Trecho publicado originalmente na Go Outside de março de 2014)
> MOUNTAIN BIKE
Specialized Hardrock 26 R$ 1.900
Para quem já está acostumado com freio a disco, a Hardrock talvez seja vista como uma “mountain bike à moda antiga”. Isso porque esse modelo aro 26’’ da Specialized vem com os consagrados (porém atualmente pouco utilizados) freios v-brake. Mas eles funcionaram bem durante nossa bateria de testes. “Às vezes é preferível esse sistema a alguns modelos básicos a disco, apesar de a Hardrock merecer um upgrade”, concluiu um dos testadores após experimentar a bike na trilha. Um freio a disco de fábrica certamente iria inflacionar o preço final, e um dos motivos que fizeram o modelo mais barato desta categoria de bicicletas de entrada (até R$ 3 mil) levar a premiação máxima de Bike do Ano é seu quadro. Feito de alumínio A1 Premium, tem um design que, segundo a marca, dá mais durabilidade e reduz peso. Ergonomia é uma excelência indiscutível da Specialized, e a geometria do quadro garantiu boas notas à Hardrock. Vem ainda com câmbio traseiro Tourney, modelo bem básico da Shimano, de sete velocidades. Tem 21 marchas, porém o sistema mega ranger (em que um bem pinhão é bem maior do que o restante), que deixa a pedalada leve em subidas, não agradou a um dos testadores. “Esse salto nas engrenagens não é suave na hora de mudar de marchas”, reclamou. “Mesmo assim, arrisco em dizer que, com um upgrade em algumas peças, a Hardrock é perfeita para provas iniciantes”, completou. O quadro está totalmente preparado para esse tipo de melhoria e vem, por exemplo, com furações para receber freios a disco. A Hardrock sai de fábrica com suspensão SR Suntour M3020 (mola helicoidal, curso de 75 mm com trava) e rodas com parede dupla. specialized.com.br;13,2 quilos.
Diferentemente do que acontece com as bikes top, que geralmente possuem os melhores componentes e tecnologias (a preços bem salgados), os modelos de entrada vêm com peças mais simples e custam muito menos, para atender ao público que está se iniciando nas trilhas. A Flightline 27.Five, da marca Haro, conseguiu notas valiosas nos quesitos “subidas” e “descidas” durante a bateria de testes da Go Outside. “Ela é ágil e segura em singletracks”, observou um testador atento. Esse modelo roda 27,5 de entrada da Haro vem com câmbio traseiro Shimano Alivio e dianteiro Shimano Acera, que foram avaliados como “precisos” por nossa equipe de experts. Os freios Tektro Draco 2 (disco hidráulico) também conquistaram boas notas. “São bem progressivos, com boa sensibilidade e manetes ergonômicos”, avaliou um testador. Há muitas as razões para a Flightline ter agradado tanto na subida quanto na descida. Os pneus (Kenda Turnbull Canyon, de 2,0’’ de espessura), por exemplo, agarram na terra e tracionam morro acima. Para descer, prevaleceu a opinião de dois testadores: “É uma bike estável. A suspensão (SR Suntour XCM, com trava hidráulica e 100 mm de curso) trabalha direitinho e, além disso, as rodas (Weinmann XM-25) absorvem os impactos e garantem retomada de velocidade”, relataram. Outro ponto que fez bonito foi a relação custo-benefício – tendo em vista que a Flightline é ainda uma das mais baratas da categoria. “O preço é excelente quando você percebe a qualidade do quadro e dos componentes”, disse um testador. harobikes.com.br;14,3 quilos.
Fuji Nevada 29 1.5 R$ 3.660
Quem está trocando a mountain bike aro 26’’ por uma 29’’ às vezes opta por um modelo de “entrada” (de até R$ 4.000) para sentir a adaptação sem gastar tanto. É uma saída que muitas vezes funciona. Para conseguir chegar a esse preço, a Fuji precisou equipar sua Nevada 1.5 com um grupo de peças mais simples – a bike vem com relação Shimano (câmbio dianteiro Altus e traseiro Alivio), freios Hayes MX5 e suspensão SR Suntour XCM HLO. No entanto, como nossos testadores puderam comprovar, esse modelo tem uma geometria que privilegia a performance. “É a bike mais agressiva da categoria”, disse um deles. Se não fosse pelos componentes intermediários, ela se passaria facilmente por um modelo de competição. “Na Nevada 1.5, você consegue se manter em uma posição segura e aerodinâmica, mesmo nas descidas mais técnicas”, constatou outro testador. Em compensação, ainda segundo ele, a bike não deixa de ser confortável por causa disso. “Com freios hidráulicos e peças mais leves, arrisco dizer que qualquer mountain biker a classificaria como um modelo top”, concluiu. Depois do quadro, os pneus levaram as notas mais altas. Para os testadores, os Hutchinson Cobra (29 x 2.1) passaram segurança durante as descidas e tracionaram sem patinar nas subidas. fujibikes.com.br; 14,3 quilos.