“Quero voltar para casa”


IMENSIDÃO AZUL: Visão que Jose Ivan teve por mais de um ano

Um homem conhecido apenas como Jose Ivan desembarcou na semana passada no pequeno atol de Ebon, nas Ilhas Marshall (próximo a Kiribati, no oceano Pacífico).

Depois de ter passado 16 meses à deriva, Jose usava apenas uma cueca rasgada e ostentava barba e cabelos bem compridos. Ele chegou em um barco de cerca de sete metros, feito de fibra de vidro, que estava bem detonado, e a 12.500 quilômetros de onde havia partido. Jose contou que, durante todo esse tempo, se alimentou de aves, peixes e carne e sangue de tartarugas.


Em setembro de 2012, ele e um amigo saíram do México com destino a El Savador. Depois de uma pane no motor do barco, no entanto, a dupla ficou à mercê das correntes marítimas. O navegador disse também que seu amigo morreu meses depois.


“Agora tudo o que eu quero é voltar para o México”, disse José a uma intérprete via rádio.


O quebra-cabeça está difícil de ser montado porque o atol do Ebon é um daqueles poucos lugares remotos do planeta: o único telefone do lugar está quebrado, e a ilha não tem internet. Além disso, o náufrago só sabe falar espanhol, e a língua oficial das Ilhas Marshall é o inglês.


Ele deve chegar hoje (3 de fevereiro) à capital das Ilhas Marshall, Majuro, para se encontrar com representantes da embaixada do México na Indonésia – os representantes de seu país que se encontram mais perto daquelas bandas – e ser assistido por um grupo de médicos. Segundo informações, Jose Ivan está com os joelhos debilitados.


Essa não é a primeira vez que um náufrago chega às Ilhas Marshall. Em 2006, três mexicanos viveram algo parecido, ficando nove meses à deriva. A história também remete ao filme Náufrago e ao livro Relato de um Náufrago, de Gabriel García Márquez. Mas, quanto a Jose Ivan, ele quer apenas voltar ao México o mais rápido possível. Segundo a intérprete que o ajudou, ele se sente mal e confuso por não compreender que levará um tempo até ele se recuperar e poder viajar para seu país.