Está com uma grana a mais e quer viajar em grande estilo? Selecionamos alguns roteiros perfeitos para você explorar o mundo sem se preocupar com economias e falta de tempo Por Stephanie Pearson e Mario Mele
> Safári particular
Vale a pena gastar um pouco mais para apreciar a riqueza da fauna africana
Você consegue encontrar safáris feitos em jipes no leste da África pela bagatela de US$ 600, mas correrá um risco significativo de acabar em uma fila de Land Cruisers cheias de turistas passando por leões desconfiados. Compensa, portanto, gastar mais por um passeio melhor, que se preocupe com a sustentabilidade, que ajude comunidades locais e, principalmente, permita que você se distancie das hordas de viajantes. O lugar que você procura se chama Segera, na região central do Quênia. O lodge localiza-se no centro do platô de Laikipia, o segundo mais populoso do país em termos de vida selvagem. O número máximo de hóspedes permitido nas oito villas privativas do Segera é apenas 20. Jochen Zeitz, proprietário do lugar e ex-presidente da Puma, é um pouco excêntrico – é dono de uma das maiores coleções de arte contemporânea africana do mundo, além de ter um Rolls Royce vintage que pode ser usado em safáris personalizados. Mas ele tem ótima reputação por sua dedicação à sustentabilidade. Segera faz parte da Zeitz Foundation of Intercultural Ecosphere Safety, que certifica outros “eco-lodges” mundo afora. Os hóspedes colaboram com um projeto de reflorestamento e interagem com as comunidades locais das tribos masai, samburu, pokot e turkana. Todas as villas de Segera contam com energia solar. Mas a grande atração é a vida selvagem local: lá os hóspedes podem observar a migração de elefantes ao nascer do sol, cruzam com órix, impalas e gazelas de espécies variadas e saem à noite de jipe para procurar guepardos e os famosos leopardos da região. As villas custam US$ 970 por pessoa por noite; segera.com
> De volta às origens
Mergulhe na cultura dos índios brasileiros visitando uma das maiores reservas indígenas do planeta
Quando Sting, líder do extinto grupo de rock The Police, pintou a cara e abraçou a causa do índio caiapó Raoni no final dos anos 1980, ajudou a dar notoriedade às mais de 200 tribos e 16 etnias que vivem no Parque Indígena do Xingu (PIX), no estado do Mato Grosso. Ainda assim, estava longe a ideia de que aquela reserva indígena, idealizada pelos irmãos Villas-Bôas e inaugurada em 1961, pudesse se tornar um destino imperdível para os interessados no que hoje se convencionou chamar “etnoturismo”, ou “turismo voltado para a apreciação das mais variadas manifestações de cultura popular presentes em cada localidade ou região”. Os mais de 2,5 milhões de hectares (o equivalente ao território da Bélgica) são divididos em três regiões: Baixo Xingu, no norte, o Médio Xingu, no centro, e o Alto Xingu, no sul. A maior parte das aldeias se estabeleceu ao longo das margens do rio Xingu, que corta o parque. Ao redor de toda a extensão do PIX, postos indígenas de vigilância tentam garantir a segurança daquelas etnias, buscando conter o avanço de queimadas e outras atividades predatórias. Qualquer pessoa que pretende conhecer a reserva precisa de uma autorização da Fundação Nacional do Índio (a Funai), que expede uma espécie de “visto” de até 15 dias. O roteiro Expedição Xingu, da operadora mato-grossense Kazen (kanzenturismo.com.br), facilita esses trâmites e leva grupos de quatro a dez pessoas para cinco dias de vivências na aldeia kuluene, às margens do rio de mesmo nome, no Alto Xingu. Na viagem (a partir de R$ 3.760, de acordo com o número de pessoas), os turistas dormem em ocas e redes, fazem refeições junto com os índios da etnia kalapalos e conhecem um pouco de suas danças, práticas agrícolas, artesanato e festas tradicionais. Entre elas o Quarup, ritual que homenageia os mortos e que acontece sempre em agosto. As saídas são de Cuiabá, seguindo por terra até a aldeia, sempre entre os meses de julho e novembro, quando o rio Kuluene baixa e forma praias na sua margem. Também dá para se jogar por conta própria em experiências assim. Nesse caso, siga rumo a Feliz Natal, a 520 quilômetros de Cuiabá, também na região sul do PIX. A cidade é a principal porta de entrada do parque e serve de base para quem quer se hospedar fora da reserva, visitando-a durante o dia. É possível passar uma ou duas noites em alguma aldeia – mas sempre peça antes a autorização dos índios. Uma boa alternativa é o Hotel Pousada Beija Flor (Av. Merevile, 688, diárias a partir de R$80). Há voos diretos de 50 minutos que saem da capital mato-grossense e aterrissam no município de Sinop, vizinho a Feliz Natal (R$ 210 pela Azul, na baixa temporada).
> Dias de Gengis Khan
Pesque peixes gigantescos e junte-se a cavaleiros nômades na Mongólia
A Mongólia é um universo alternativo onde existem peixes de um metro e meio nos rios, cavaleiros nômades ainda caçam com águias e a bebida nacional é o airag, feito de leite de égua fermentado. A agência Frontiers Travel, sediada nos Estados Unidos, oferece um roteiro para lá que combina pesca, passeios a cavalo e imersão cultural. Fique hospedado em um gher (ou yurts, barraca de feltro de lã e lona) no norte do país, próximo ao rio Eg, a 2h30 de viagem de helicóptero da capital, Ulan Bator, onde você experimentará pratos como o khorkhog, um guisado de vegetais e carneiro. Não é exatamente um roteiro luxuoso, mas isso será a última coisa a passar pela sua cabeça quando o anzol pegar um taimen, parente do salmão que chega a dois metros. Depois da pescaria, junte-se aos cavaleiros nômades mongóis no Festival Anual de Caça com Águias, que começa na primeira semana de outubro, no extremo oeste do país. A jornada dura quatro dias, atravessando a tundra virgem, repleta de trilhas inesquecíveis. Ao chegar, você montará em um pônei local (que são mais fortões do que o nome sugere) e acompanhará os cavaleiros na caça de raposas e lobos. A partir de US$ 5.900, por seis dias de pescaria. A partir de US$ 4 mil, pela viagem de nove dias para o festival de caça. frontierstravel.com
> Férias de Robinson Crusoé
Perca-se em uma ilha de Fiji (e sem gastar uma fortuna)
É necessário fazer reservas no começo do ano. A boa notícia é que estão sendo construídos dois bangalôs novos para casais na praia, além da villa privativa já existente, que conta com três suítes, uma piscina e uma banheira de hidromassagem. Nas imediações, você encontrará recifes de corais intocados, perfeitos para pesca, além de sete das melhores praias para surf do Pacífico. Um lugar perfeito para pegar ondas, saborear peixes fresquinhos, mergulhar ou velejar. A partir de US$ 2.375 por sete dias (sem passagem aérea); waterwaystravel.com
> Conforto austral
Fique de (muito) boa no melhor hotel da Patagônia
A Patagônia está no topo da lista de qualquer aventureiro por suas trilhas, escaladas e rolês de caiaque. Lá não há melhor opção de hospedagem que o Hotel Tierra Patagonia. O edifício, todo cercado de janelões de vidro, possui 40 quartos e localiza-se à beira do lago Sarmiento, no leste do Parque Nacional de Torres del Paine. Treze dos picos de escalada mais fabulosos do mundo situam-se em um raio de duas horas de lá. Outras atividades para quem tiver a sorte de passar uns dias no hotel incluem pesca de truta e cinematográficos passeios a cavalo. Tenha em mente que na Patagônia o clima muda sem aviso. Felizmente o alojamento conta com uma piscina aquecida cercada de vidro, sauna e banheira de hidromassagem externa, além de spa para os dias chuvosos. A partir de US$ 2.050 por pessoa por três noites, com tudo incluso (menos parte aérea); tierrapatagonia.com
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de dezembro 2013/janeiro 2014)
Platô de Laikipia, no Quênia
Parque indígena do Xingu
Ilha de Fiji
O Pacífico Sul é a região da Terra que mais se aproxima do paraíso: praias virgens, temperaturas médias de 25°C o ano todo e águas cristalinas para mergulhos inesquecíveis. É também de difícil acesso, envolve, geralmente, horas intermináveis de voo e longas viagens de barco para se fugir das multidões. Mas todo o esforço vale a pena para visitar Namotu, uma ilha de 20 mil metros quadrados no sudeste de Fiji. Fica a apenas 30 minutos da maior (e mais populosa) ilha, Viti Levu, e só aceita 29 hóspedes por vez.
Acomodações do hotel