Google na trilha

O GOOGLE STREET VIEW está cada vez menos street e mais off road. Os engenheiros da empresa tinham um objetivo ambicioso quando criaram o famoso sistema de mapeamento, em 2007: identificar com imagens reais, panorâmicas e feitas em 360º graus o maior número de ruas e avenidas dos Estados Unidos. Foi questão de (pouco) tempo até que o projeto ultrapassasse os limites daquele país e ganhasse o mundo. Logo os curiosos veículos do Street View, com um aparelho de captura de imagens cilíndrico acoplado no teto, começaram a ser vistos em quase todos os continentes. É só digitar seu endereço para encontrar uma foto de onde você mora.

Mas havia ainda uma última grande fronteira a ser ultrapassada pelos pesquisadores do Google: como mapear lugares isolados, onde não é possível chegar de carro e nos quais perigos como neve intensa, calor sufocante e altitudes dramáticas são uma constante? Como alcançar, e fotografar, as mais selvagens regiões do planeta?

Para não deixar de fora locais míticos como os Sete Cumes (as montanhas mais altas de cada continente) ou a maior barreira de corais do mundo, a equipe do Google quebrou a cabeça para criar outros equipamentos que pudessem se deslocar até onde nenhum carro conseguiria. O mais bem-sucedido é o Trekker, no qual um aparelho semelhante ao usado nos veículos do Street View é preso a uma mochila, podendo ser carregado por uma pessoa. O Trekker inovou o universo outdoor assim que entrou em ação, em outubro de 2012. Naquele mês, ele foi usado para mapear, com sucesso, parte dos mais de 400 quilômetros do Grand Canyon (veja aqui), nos Estados Unidos. Graças a essa tecnologia, é possível passear por trilhas famosas do cânion e até conhecer, com o mouse, uma cratera de meteoro que existe por lá. Podem-se ver também as ilhas Galápagos, o monte Everest e a Grande Barreira de Corais da Austrália.

O Trekker é à prova d’água e resiste bem ao calor e frio extremos. Conta com um conjunto de 15 lentes de câmeras, cada uma com resolução de cinco megapixels que dispara uma foto a cada dois segundos e meio. As imagens saem em uma resolução combinada de 75 megapixels, tudo controlado por um aplicativo para o sistema Android. Posteriormente à captação das fotos, as imagens são editadas e “costuradas” até que sejam formadas panorâmicas. Na hora da publicação, é aplicada uma tecnologia de ponta que embaça o rosto das pessoas e placas de carro que nelas aparecem, para garantir a privacidade alheia.

Ainda faltam países a serem fotografados, grande parte deles na Ásia e na África, como a Mongólia e a Etiópia. Para se tornar um voluntário do Trekker, é preciso que a pessoa faça parte de algum órgão de turismo, ONG, universidade ou centro de pesquisas. Depois basta preencher um formulário no site do Google e torcer para que sua ficha seja aceita pela empresa – e que mais pessoas possam dar um rolê, mesmo que virtualmente, por maravilhas ainda não mapeadas, como o Deserto do Saara.

Diga “Xis”

Clique nos links abaixo e explore algumas das maravilhas da natureza por meio do Google


> Grande Barreira de Corais, da Austrália

As primeiras imagens subaquáticas do Street View foram registradas neste complexo impressionante de corais australianos, sendo possível mergulhar com tartarugas marinhas, peixes e arraias só usando o mouse.


> Ilhas Galápagos, no Equador

Pela primeira vez, cientistas e pesquisadores estão usando as imagens do Street View para estudar a terra, a costa e o mar do arquipélago imortalizado por Charles Darwin.


> Monte Fuji, no Japão

Uma equipe de voluntários escalou os 3.776 metros de altitude até o topo do monte pela chamada trilha Yoshida.


> Iqaluit, no Canadá

Chris Kalluk, voluntário do Trekker, treinou muito para operar o equipamento e mapear este pedaço do Ártico canadense.


> Monte Everest, no Nepal

Quatro voluntários viajaram até o acampamento base da montanha em 2011. Na bagagem eles levaram um tripé e uma câmera digital. Foram 12 dias e 112 quilômetros percorridos até 5.544 metros para coletar as imagens. A empresa ainda mapeou outros cumes famosos, como o Kilimanjaro (na Tanzânia) e o Aconcágua (na Argentina).


> Bacia do Rio Amazonas, no Brasil

Equipes carregando Trekkers foram convidadas para coletar imagens no nível do solo dos rios, da floresta e das comunidades na Reserva do Rio Negro. Em 21 de março de 2012, no Dia Mundial da Árvore, essas imagens foram disponibilizadas no Street View.


*Saiba mais em google.com.br/maps/views

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de novembro de 2013)