Por Karina Oliani Em 2009 estive na região da Amazônia para atender a populações ribeirinhas a bordo de um barco-hospital chamado ABARÉ. Foram dias lindos, onde exerci a medicina que tanto amo, naveguei pelos afluentes do Rio Amazonas e atendi casos que a medicina urbana não costuma presenciar. Um dos quais me lembro bem foi um acidente de arraia. Sim, lá tem muitas arraias nos rios e, por mais que o animal só esteja tentando se defender, o estrago causado pode ser enorme!
Arraia de rio
O veneno de uma arraia não é fatal, mas provoca uma dor absurda! Nunca vi uma pessoa gritar tanto, e uma das explicações para tamanha dor é que os vasos sanguíneos se contraem intensamente (vasoconstrição), daí a dor e, na sequência, a necrose (morte das células por falta de suprimento sanguíneo). Porém a parte mais destrutiva do mecanismo do ferrão são mesmo as farpas. A ponta afiada penetra no corpo da pessoa facilmente, mas sua saída pode causar graves danos, já que acontece em direção contrária à das farpas (o ferrão é retrosserrilhado), que saem rasgando os tecidos. Dependendo da área atingida e da demora para a vítima receber os primeiros socorros, pode ser necessária até a amputação do membro afetado. Se o veneno penetrar no tórax, a necrose (morte de tecidos) causada pode ser fatal. Se você pretende se aventurar, principalmente pela região norte do país, tenha cautela ao caminhar dentro dos rios de água turva e arraste os pés no chão ao invés de andar os levantando. Isso vai fazer com que a arraia note sua presença antes de você pisar nela. Caso o acidente ocorra, mergulhe o local ferroado na água mais quente que puder por aproximadamente duas horas. O calor causa uma dilatação dos vasos, reduzindo a dor e limitando a quantidade de danos causados. Uma dica prática é enterrar seu pé na areia da praia, que costuma estar quente. Isso pode ajudar a aliviar a dor e reduzir o inchaço. Uma outra teoria diz que o veneno das arraias são compostos de uma proteína sensível ao calor, e isso ajuda a neutralizar partedo veneno. Sempre após esse tipo de acidente, é recomendado procurar atendimento médico porque, frequentemente, nesses casos há infecção local, sendo necessário o tratamento com antibióticos e até limpeza (cirúrgica) da ferida.
Karina Oliani é atleta patrocinada pela MINI, EMANA e The North Face.Atualmente a única médica da América Latina a ter o título de especialista em Wilderness Medicine pela WMS (Wilderness Medical Society) e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Áreas Remotas e Esportes de Aventura.
Site: www.karinaoliani.com.br
NA CALMA DO RIO: Imagem aérea do Rio Amazonas, no Brasil, o segundo maior do mundo
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