Lá vai ela: Adriana Nascimento em seu habitat natural, o bom e velho downhill
Em menos de 15 dias aconteceram grandes eventos nacionais e internacionais de mountain bike: a sensacional ultramaratona Cape Epic na África do Sul, a primeira etapa do Big Biker, consagrado como o melhor campeonato de maratona do Brasil, e o Campeonato Pan-americano na Colômbia, de onde a delegação brasileira retornou com nove medalhas na bagagem (duas da modalidade olímpica cross-country e sete de downhill).
Para quem não conhece muito sobre o esporte, a diversidade de eventos citados pode deixar dúvidas. Por isso a estréia da minha coluna sobre mountain bike neste site da Go Outside vai abordar as diferentes modalidades desse esporte outdoor que chegou ao Brasil por volta de 1989.
CROSS-COUNTRY OU XCO: é a modalidade olímpica que estreou na Olimpíada de Atlanta em 1996, disputada em um circuito de trilhas com subidas e descidas técnicas variando de 5 a 8 quilômetros de extensão, onde os atletas percorrem voltas – vence quem cruzar primeiro a linha de chegada. Normalmente as competições têm duração de 1h20min a 2 horas, exigindo muita força, velocidade e técnica dos atletas.
MARATONA OU XCM: são provas de um dia disputadas em percurso longo que pode sair de um ponto e chegar a outro, ou uma volta grande com largada e chegada no mesmo local. Não há uma distância padrão e os percursos normalmente variam de 20 a 100 quilômetros. Existem eventos ainda mais longos, como a Leadville Trail 100 milhas (160 quilômetros), que acontece todos os anos nas montanhas do Colorado, nos EUA. Os percursos podem passar por trilhas técnicas, estradas de terra e até mesmo trechos em asfalto.
ULTRAMARATONA: é uma competição composta por várias etapas de maratona em dias consecutivos, como por exemplo, a famosa Cape Epic, que cruza parte da África do Sul em sete dias de competição. Este ano as etapas variaram do prólogo, com 30 quilômetros, à etapa mais longa de 143 quilômetros, totalizando 707 quilômetros pedalados!
DOWNHILL OU DH: é a modalidade disputada em um percurso só de descida contra o relógio e tomada de tempo individual. O percurso geralmente tem de 3 a 5 quilômetros e é muito técnico, com uma grande diversidade de obstáculos como rampas, pedras, raízes etc. Hoje as bicicletas de downhill são bem diferenciadas, com suspensão dupla e de curso maior para absorver mais impacto nos grandes saltos e alta velocidade, pneus mais largos, além do uso de equipamentos de proteção reforçados como capacete “full-face” similar aos de motociclismo, joelheiras e cotoveleiras. FREERIDE: é uma variação do downhill mais utilizada como forma de lazer e não para competição. Utiliza percursos com maior variação de terreno, e não apenas descidas. Os passeios de freeride dentro das cidades são chamados de “urban assault” e usam obstáculos como bancos, escadarias, corrimãos etc.
4X: também é só descendo, mas em um percurso curto composto por obstáculos derivados do BMX, com 4 atletas largando lado a lado em baterias que vão eliminando os últimos. Essa modalidade é uma evolução do antigo dual slalon (em que desciam dois atletas por bateria) e se tornou muito interessante por reunir atletas do BMX e downhill, o que garante um verdadeiro show para o público.
TRIAL: aqui os atletas fazem um circuito de baixa velocidade, com obstáculos como cavaletes, pedras grandes, latões, muros e até carros. Eles começam com uma pontuação e, ao longo do percurso, perdem pontos cada vez que tocam o chão com alguns dos pés.
ENDURO DE REGULARIDADE: é disputado utilizando uma planilha, que contém as referências a serem seguidas e a média horária estipulada pelo organizador. O objetivo desse tipo de competição não é chegar em primeiro lugar, mas sim ser o mais regular. Chegar no horário exato concede ao competidor zero pontos. Para cada segundo de atraso ele será penalizado com um ponto e para cada segundo adiantado, três pontos. O vencedor será aquele que obtiver o menor número de pontos. Os percursos pode ter trilhas e estradas de terra similar a uma maratona.
CICLOTURISMO: nele, as pessoas utilizam a mountain bike para viajar e explorar novos caminhos. É preciso planejamento e logística para escolher os percursos e saber o que levar na bagagem. Os trajetos podem ser na terra ou asfalto. No Brasil temos excelentes rotas de cicloturismo com informações e percursos demarcados, como o Caminho da Fé, o Caminho do Sol e o Vale Europeu.
Essas foram as principais vertentes do mountain bike, mas para um esporte da natureza a evolução é constante, então escolha a sua modalidade e siga em frente! E qualquer que seja ela, nunca esqueça dos equipamentos de proteção, como capacete, luva e óculos!
Adriana Nascimento foi nove vezes campeã brasileira de mountain bike. Já participou de várias provas de ultramaratona, como a Cape Epic e a Claro Brasil Ride. É treinadora de sua própria assessoria esportiva, que leva seu nome.