Diário de bordo: Expedição Amazônia

Confira o segundo relato do brasileiro Angelo Corso, que, ao lado de Mario Vidal e Aladir Murta, está neste momento participando de mais uma aventura, a Expedição Amazônia. Ele e sua equipe estão remando e velejando por lugares exuberantes da região, com o objetivo de percorrer mais de mil quilômetros no meio do mato. De quebra, o trio aproveita a viagem para protestar contra os maus tratos do homem contra a maior floresta do planeta.

Por Angelo Corso

Estamos navegando em um dos maiores afluentes do maior rio do planeta, que respectivamente corta a maior floresta, forma a maior bacia hidrográfica, abriga a maior biodiversidade e ocupa aproximadamente a metade do território brasileiro. Tudo isso guardado, preservado e povoado por uma resistente população indígena. Imaginar que somos uma pequena partícula nesse universo amazônico põe-nos exatamente em nosso respectivo lugar, de meros ignorantes aprendizes e espectadores de um mundo infinitamente desconhecido, magnífico e de uma Amazônia sem fim.

A única certeza que podemos ter na Amazônia sem fim é que em todo tempo dependemos e sobrevivemos dela e de seu povo. E que a eles devemos eterna gratidão por permitir nossa estada e nos protegerem. A sabedoria de um povo adquirida por séculos de aprendizado e transmitida por gerações, acompanhada de uma serena humildade, compartilhada sem restrição, torna-se tão importante e útil quanto os diplomas da cidade.

Aqui não é necessário saber de regras sociais e de leis para se ter exata noção de seus direitos e obrigações; muito menos saber de química, farmácia ou medicina para se tratar de inúmeras doenças; de arquitetura ou engenharia para se construir casas e embarcações extremamente seguras e funcionais; de nutrição para se saber o valor, as propriedades e os efeitos dos alimentos; de ambientalistas e TV para lhes dizer como se deve proteger e preservar a floresta. Há uma cumplicidade e integração natural entre o povo da floresta e a floresta, são partes de um mesmo todo, uma coisa só.



A relação é de interdependência e de amor, um protege o outro e, juntos, se mantêm de pé e resistentes a ações predatórias que vêm de fora. As dimensões grandiosas de uma Amazônia sem fim é exatamente o que nos assusta e nos atrai. E a cada finita e lenta remada que nos leva de volta para casa é mais uma remada que, em breve, nos trará novamente a essa Amazônia sem fim.

Para mais informações e fotos da expedição acesse o blog oficial de Angelo Corso (angelocorso.com.br)