Guerra, surto de raiva, narcotráfico. Vender pacotes para tranquilas ilhas do Pacífico ou trekkings na Suíça é fácil – o duro é convencer turistas a irem para alguns dos lugares mais instáveis do planeta. Eis como as agências de turismo estão driblando a violência para levar aventureiros a esses lugares
Por Frederick Reimers
MAZATLÁN, MÉXICO
SITUAÇÃO ATUAL > Em 2010, ocorreram mais de 300 assassinatos em Mazatlán, muitos deles envolvendo decapitações. A cidade já foi um paraíso de férias para estudantes e famílias. Agora virou sede da fortaleza do cartel Sinaloa. Consulados do mundo todo já divulgaram alertas pedindo para as pessoas não viajarem para o local.
QUEM TRABALHA LÁ > Glenn Sorrie, proprietário da pousada Casa de Leyendas e do restaurante e bar Macaw’s.
O QUE ELE DIZ > “Os negócios de hospedagem por aqui estão em baixa, mas nosso serviço de viagem até que vai bem. O problema é fazer as pessoas virem para cá. Mas, depois que estão aqui, os turistas se divertem bastante. Não vou falar que não acontece nada de horrível — as decapitações foram bem reais —, mas os turistas não têm contato com esse tipo de violência. Há maldade em todas as cidades do mundo, e os alertas de viagens estão acabando conosco”.
Surto de raiva
BALI, INDONÉSIA
SITUAÇÃO ATUAL > Na última contagem, 132 pessoas tinham morrido depois de contrair raiva de cachorros da ilha.
QUEM TRABALHA LÁ > John Daniels, presidente da agência Bali Discovery Tours.
O QUE ELE DIZ > “Esses casos de raiva aconteceram fora da área de turismo. Não ouvi falar de nenhum turista que tenha contraído a doença, mas admito que talvez alguém possa ter sido mordido sem eu ficar sabendo. Enquanto isso, está rolando uma grande campanha de vacinação de cães por aqui, e os funcionários do governo dizem que estaremos livres da raiva até 2013. Há menos cachorros soltos nas ruas, já que muitos foram envenenados. Em contrapartida agora temos uma infestação de ratos por causa do menor números de cães, que costumavam caçá-los”.
Guerra
CURDISTÃO IRAQUIANO
SITUAÇÃO ATUAL > Apesar de ser um território com um governo semi-autônomo, o Curdistão, que fica no norte do Iraque, também tem sua parcela de violência de guerra. Há casos de turistas capturados por forças de segurança do Irã, com quem o Curdistão faz fronteira, durante caminhadas na região.
QUEM TRABALHA LÁ > Geoffrey Hann, dono da Hinterland Travel, de Londres, que realizou quatro viagens de férias para o Iraque em 2011.
O QUE ELE DIZ > “Atravessamos a fronteira do Curdistão iraquiano para o Irã várias vezes nos últimos anos. Sempre levamos nossos documentos em ordem, viajamos com dois seguranças oferecidos pelo ministro de turismo curdo e até recebemos escolta policial em certos lugares. Encontrar guias e tradutores nessa região é problemático, mas em novembro passado conheci algumas pessoas confiáveis que podem me ajudar nas excursões do ano que vem”.
Sequestro e assassinato
ARQUIPÉLAGO DE LAMU, QUÊNIA
SITUAÇÃO ATUAL > Dois visitantes europeus foram sequestrados e um terceiro morto por piratas somalianos no arquipélago de resorts costeiros de Lamu, no ano passado.
QUEM TRABALHA LÁ > Federico Moccia, dono do resort Majilis, que fica na ilha onde um dos visitantes foi seqüestrado.
O QUE ELE DIZ > “A situação degringolou completamente. Mas a Marinha do Quênia está patrulhando o arquipélago, e soldados vigiam a praia todas as noites. Dobramos nossa segurança para oito guardas armados 24 horas por dia. Estamos esperando que tudo volte ao normal até o fim de 2012”.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de agosto de 2012)
Narcoterrorismo