Por Mariana Mesquita
No último fim de semana, depois de pedalar 4.800 quilômetros sob um sol escaldante e noites mal dormidas a fim de cruzar os Estados Unidos da costa leste a oeste, ciclistas do mundo inteiro completaram a 31º edição da Race Across America , ou RAAM, como é conhecida.
Entre os atletas que cravaram seu nome na competição está Reto Schoch, que estipulou um novo recorde na categoria solo depois de completar o desafio em 8 dias, 6 horas e 20 minutos. Representando o Brasil nessa mesma categoria, o santista Claudio Clarindo, o primeiro latino-americano a concluir a prova, em 2007, e em sua quarta participação na RAAM, cruzou a linha de chegada em oitavo lugar, entre os dez ciclistas mais casca grossa do planeta.
Em entrevista à revista Go Outside online, Claudio fala sobre sua participação na RAAM e seus planos futuros. Qual era o seu objetivo inicial? Qual foi a sua estratégia na RAAM? Quais seus planos futuros?
PLANETA BIKE: O brasileiro Claudio Clarindo durante a RAAM deste ano
AMOR À BIKE: Claudio no fim da prova com sua bike e a camisa verde e amarela
GO OUTSIDE Como você se preparou para a RAAM?
CLAUDIO CLARINDO Eu comecei a treinar para a competição em novembro de 2011. Foram treinos diários com pedaladas pesadas de 150 quilômetros e um só dia de descanso durante a semana. Participei também da Audax, uma modalidade amadora de ciclismo de longa distância que me ajudou na preparação para a RAAM. Nunca fiz treinos extremamente longos, mas foram muitos treinos.
Eu treinei para tentar chegar entre os cinco primeiros. Mesmo querendo diminuir o tempo, não é possível competir com a natureza. No quinto dia, passamos por uma tempestade de vento no Kansas e isso dificultou ainda mais o desempenho. Apesar disso terminei entre os dez primeiros e me sinto muito feliz com o resultado. Começamos a competição com 50 atletas na categoria solo e 26 desistiram no caminho, então foi muito gratificante.
Quais os maiores desafios enfrentados, desde a preparação para a competição?
Uma das maiores dificuldades para participar da RAAM é a falta de apoio. Precisei fazer até empréstimo para conseguir embarcar para os Estados Unidos e pedalar na competição. Além disso, o calor de 52ºC no deserto do Arizona e o cansaço fazem da competição uma das mais difíceis do mundo.
Eu e minha equipe tínhamos como estratégia não forçar muito nos primeiros dias para conseguir terminar a competição de maneira forte e tranquila. Foi exatamente o que fizemos. Eu cheguei a estar em 15º lugar no início e cruzei a linha de chegada em oitavo lugar.
Entre outros projetos, quero me preparar para a Brasil Ride, prova de longa distância de mountain bike, que será disputada em setembro, na chapada Diamantina, na Bahia.