Infelizmente nem todos os hospitais do país estão capacitados e equipados para realizar o atendimento de um caso de afogamento. Para a nossa sorte, uma dos maiores especialistas mundiais no assunto é justamente um médico carioca, David Szpilman, que ajudou a trazer um novo conceito em atendimento ao afogado para o país.

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Poucas pessoas sabem, mas já temos alguns CRA ou Centros de Recuperação de Afogados no Brasil, e tudo começou no Rio de Janeiro, com a necessidade de termos um atendimento especial e qualificado para socorrer rapidamente as pessoas.

CONHEÇA OS TIPOS DE AFOGAMENTO

>> Afogamento primário: é provocado por não saber nadar ou por uma situação inesperada que foge ao controle da pessoa, como por exemplo, ser arrastada pela correnteza.
>> Afogamento secundário: ocorre como consequência de um outro fator, que pode ser o consumo de drogas, especialmente de álcool (o álcool é a principal causa de morte por afogamento em adultos), crises agudas de doenças, como infarto do miocárdio (ataque cardíaco), AVC (derrame) e convulsões, traumatismos cranianos e de coluna decorrentes de mergulho em águas rasas, hiperventilação voluntária antes dos mergulhos livres, doença da descompressão nos mergulhos profundos, hipotermia e exaustão.

MECANISMO DO TRAUMA: O QUE ACONTECE NO CORPO?

O afogamento ocorre, em geral, por asfixia em virtude da aspiração de líquido que obstrui as vias aéreas e/ou as trocas gasosas impedindo ou dificultando a obtenção do oxigênio fundamental a vida.

No início do afogamento, a pessoa se debate, tentando se manter na superfície. Ela prende a respiração o quanto pode e então sem querer ocorre a aspiração de água,, em pequenas quantidades , o que provoca uma sensação de fechamento da laringe, órgão situado entre a traqueia e a base da língua mas que usualmente é somente a ocupação pela coluna de liquido, e desaparece em alguns segundos pelo esforço realizado para respirar.. . Parte do líquido na boca vai para o estômago e outra porção segue o caminho do ar: percorre a traqueia e chega aos pulmões, passando por brônquios, bronquíolos e alvéolos.

Com o pulmão encharcado, a troca gasosa (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico) não funciona mais. A redução da taxa de oxigênio causa danos em todos os tecidos, principalmente nos que precisam de mais ar, como o cérebro, que pode ser gravemente lesionado e a pessoa fica inconsciente e/ou com sequelas por toda vida se a recuperação demorar muito.

Com esta falta de oxigênio no organismo, a vitima perde a consciência, para de respirar e então em alguns segundo mais o coração pára de bater! Temos então o estado mais grave no afogamento, a PARADA CARDIO-RESPIRATÓRIA. Nesta estágio de afogamento, menos de 10% sobrevivem.

CUIDADOS

Prevenção ainda é o melhor remédio e pode reduzir os afogamentos em até 85%. Os cuidados fundamentais para diminuir o risco de afogamentos são:

>> Evitar o consumo de bebidas alcoólicas antes de entrar na água.
>> Evitar refeições pesadas antes de entrar na água.
>> Nade em locais onde tenha guarda-vidas, respeite a sinalização e se as condições não estiverem favoráveis, conheça os seus limites.
>> Não pule na água sem antes verificar a profundidade do local.
>> Não perder as crianças de vista nos ambientes em que há água por perto, especialmente aquelas que não sabem nadar, devem usar bóias e coletes salva-vidas o tempo todo.
>> O acesso a piscinas em residências e clubes deve ser dificultado pela colocação de grades e as tampas de vasos sanitários devem ficar abaixadas.
>> Não nade em locais isolados ou durante a noite.
>> É indispensável que, tão logo atinjam a idade conveniente, as crianças aprendam a nadar.
>> E nunca tente salvar alguém se houver risco a sua segurança, muitas pessoas morrem assim.
>> Em casos de tempestades permaneça longe da água.

TRATAMENTO

Os afogamentos podem ser classificados clinicamente em diferentes graus segundo a condição de insuficiência respiratória e, em geral, precisam de internação hospitalar. No entanto, as manobras de recuperação cardiopulmonar (RCP) para combater a falta de oxigênio no sangue devem começar imediatamente no local do acidente, porque são essenciais para a recuperação e sobrevida do paciente.
Primeiros socorros

>> Faça um curso de primeiros socorros, é a maneira correta de se preparar para esses e outros acidentes, alguns que eu indico se encontram no site: www.sobrasa.org/cursos/cursos.htm
>> Mas se o afogamento ocorreu, a primeira coisa é acionar o resgate: 193. Essas equipes sabem exatamente o que precisa ser feito.
>> Depois do resgate, é fundamental retirar as roupas molhadas da vítima e elevar sua temperatura corporal se apresentar hipotermia.
>> Proteja a coluna cervical quando houver suspeita de lesão e caso o resgate ainda não tenha chego, inicie a respiração boca a boca ou boca-máscara ou com dispositivos de barreira de preferência.
>> Caso o paciente apresente vômitos, deite-o sobre o lado esquerdo do corpo na posição de recuperação para que esse não seja aspirado e cause complicações respiratórias ainda maiores.

Um dos treinamentos dos bombeiros onde Karina participou no litoral do PR sob a direção do Dr David Szpilman e do Coronel do Corpo de Bombeiros Edemilson Barros, o segundo estado do Brasil a ter um CRA.

DICAS FUNDAMENTAIS

>> Use sempre seu bom senso, mesmo que saiba nadar bem. Não entre na água se tiver exagerado ingerido bebidas alcoólicas.
>>Não mergulhe em águas cuja profundidade desconhece, nem se aventure em mergulhos solitários e à noite.
>>Cuidado redobrado com crianças! Mesmo quando estiverem com bóias. É fundamental que, tão logo atinjam a idade conveniente, sejam ensinadas a nadar.
>>Não tente segurar uma pessoa que está se afogando. No desespero ela vai arrastar você e colocar sua vida em risco. Ofereça-lhe um objeto que possa ajudá-la a flutuar e sair da água.
>>Chame os bombeiros, tão logo seja possível, eles têm treinamento especializado nesse tipo de salvamento.
>>E se você tem um filho pequeno, tire 5 minutos e assista esse vídeo com ele:
Prevenção em água doce: http://www.youtube.com/watch?v=fFv1NsbooPc&feature=youtu.be
Prevenção em praias: http://www.youtube.com/watch?v=RIHEIjQIlq0

*Karina Oliani é médica especialista em Wilderness Medicine pela WMS (Wilderness Medical Society). Karina é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Áreas Remotas e Esportes de Aventura, membro do Conselho Consultivo da SOBRASA (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático) e instrutora de mergulho PADI há mais de 17 anos.







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