As águas-vivas e caravelas foram, neste último verão, os animais marinhos que mais causaram acidentes nas praias do Brasil para surfistas e banhistas de todo o país. As estatísticas mostram que, de cada mil atendimentos de emergência em cidades do litoral do Brasil, um é provocado por esses animais marinhos. A ocorrência de acidentes causados por esses animais depende sobretudo de um fator: a presença do homem na praia. Por isso é compreensível que o aumento de banhistas no verão automaticamente faça crescer o número de acidentes.
Há muitas espécies, mas para a nossa sorte o tratamento é sempre o mesmo. O contato com os tentáculos desses animais deixa linhas avermelhadas bastante dolorosas. Retire os restos de tentáculos com muito cuidado e, se possível, utilizando uma lâmina de barbear ou um cartão duro (tipo um cartão de crédito). Use creme de barbear, porque o esmagamento dos nematocistos pode espalhar ainda mais a toxina e aumentar consideravelmente a lesão! Faça compressas de água do mar gelada (evite a água doce já que ela pode aumentar a liberação de veneno pelos nematocistos). Aplicar Embora os acidentes com caravelas sejam mais graves, além de dor intensa, podem causar problemas cardiorrespiratórios. Sua incidência é menor nas regiões Sudeste e Sul, embora seja preponderante na região Nordeste. O contato com elas pode ser evitado diferentemente da água-viva, que é transparente, a caravela tem uma bolsa púrpura ou avermelhada que flutua acima da linha da água e é, por isso, mais facilmente identificada. Nesses casos, prevenir é muito melhor do que remediar, mas em caso de acidente leve a pessoa para o hospital. É comum ouvirmos por aí que o xixi é bom nesse tipo de situação. Mas não há evidencias científicas de que a urina ajuda. Usá-la sobre a lesão pode provocar infecções.
Segundo a revista Scientific American: “In the real world treating a jellyfish sting by urinating on it may actually cause someone even more pain, rather than relief. Urine can actually aggravate the jellyfish’s stingers into releasing more venom. This cure is, indeed, fiction”.
>> Recomendação de leitura complementar: Karina Oliani é atualmente a única médica da América Latina a ter o título de especialista em Wilderness Medicine pela WMS (Wilderness Medical Society). Karina é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Áreas Remotas e Esportes de Aventura, atleta e apresentadora da Globo/ Globosat.
Embora sejam simples na estrutura, esses animais do filo dos cnidários têm um sistema de envenenamento bastante avançado. Essas “águas ambulantes” (95% a 99% do seu corpo é água) causam lesões acidentalmente: elas não atacam os homens, mas, por terem tentáculos munidos de células que contém orgânelas tóxicas (conhecidos por nematocistos), podem injetar as toxinas na pele de quem esbarrar nelas, uma reação do seu mecanismo de defesa.
VAI ENCARAR? Menor incidência nas regiões sudeste e sul do Brasil
Mito ou verade: Urina ajuda?
Cartilha do Dr. Vidal Haddad, dermatologista e zoólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e André Luiz Rossetto- Universidade do Vale do Itajaí. (Os dados para a produção da cartilha foram coletados ao longo de 20 anos de estudos de campo, dez deles em Ubatuba, São Paulo. O material, distribuído nas praias de Santa Catarina, está disponível para download na internet, onde os interessados também podem acessar um folheto mais geral sobre acidentes com outros animais marinhos.