Professores pardal

Cansados da mesmice do mercado da neve, a marca Signal criou um projeto que busca trazer diversão e evolução aos produtos para snowboard

Por Mariana Mesquita


SNOW E SOM: O atleta Pat Garvin com a prancha inspirada no baixista
Duff Mckagan, do Guns N’ Roses; ao lado, a prancha em museu na Califórnia

TEM GENTE QUE ACORDA UM DIA, acha que a vida está chata e pensa que precisa fazer alguma coisa a respeito. Depois de algumas garrafas de vinho e umas anotações em pedaços de papel, os amigos norte-americanos Dave Lee e Kellie Talbot descobriram exatamente o que os estava incomodando.

Obcecados por snowboard, eles concluíram que precisavam transpor a mesmice do produtos feitos para a modalidade e empreender desafios mais ousados. Foi assim que, em 2004, os dois fundaram na Califórnia a marca Signal Snowboard. Alguns anos mais tarde, Dave conheceu Marc Wierenga, dono de uma fábrica de pranchas de snow da região, e a dupla se transformou num trio.

Diferente das outras marcas, a Signal Snowboards tem o objetivo de trazer um pouco de diversão para o snowboard. E eles têm conseguido isso com o projeto Every Third Thursday, que ganhou grande repercussão na internet. Nele, eles constroem pranchas de snowboard bem malucas, mas inteiramente funcionais.

Em entrevista à Go Outside, Marc Wierenga fala do sucesso da Signal e dos planos futuros desta marca nada convencional.


DIVERSÃO: A prancha do episódio "Lethal Weapon" ("Arma mortal"),
com pistolas de paintball embutidas; ao lado, modelo com Ipad em homenagem a Steve Jobs


GO OUTSIDE: Como nasceu a Signal Snowboard?
MARC WIERENGA: Estávamos cansados da mesmice do mercado esportivo. Desde os anos 1990 eu tinha uma fábrica de pranchas de snowboard e fornecia esses equipamentos para diferentes marcas. Dave Lee já havia inaugurado a Signal em 2004 e buscava um produto diferente. Dave me procurou em 2008 para que eu produzisse as pranchas da marca. Eu gostava da filosofia de Dave e ele gostava do meu trabalho. Não teve erro.

Qual o objetivo principal da marca?
Queremos ser mais que uma marca, vender uma filosofia e não apenas algo material. Somos dedicados a construir produtos de qualidade para quem ama snowboard, de preferência produtos que de alguma forma enriqueçam nossas vidas.

A Signal ganhou grande repercussão no mundo com o Every Third Thursday. Como surgiu o projeto?
Every Third Thursday funciona da seguinte forma: toda terceira quinta-feira do mês, nós publicamos um vídeo em nosso site com o processo de produção de uma prancha de snowboard. Mas não é uma prancha normal – são construções inéditas, ousadas. Tivemos a ideia deste projeto em junho de 2010, porque queríamos trazer diversão de volta para a indústria.

Como funciona o processo de produção dessas pranchas?
Separamos uma lista com todas as ideias da equipe. Depois discutimos quais sugestões seriam extremamente divertidas de realizar e colocamos a mão na massa. O conceito de trazer conceitos malucos para a vida “real” é emocionante e, ao mesmo tempo, um grande desafio. Durante a produção eu faço a filmagem e, por fim, publicamos em nosso site. Depois é só apertar o play e curtir.


PRA TODA OBRA: O lendário surfista norte americano Rob Machado com
a prancha híbrida da edição Fish Out of Water"; à direita, galera da Signal
reunida


Jeb Ferria testa a prancha com primeiros socorros do episódio "Survival Split"

Nestes anos de Every Third Thursday, qual prancha você mais gostou de fazer?
Uma prancha que eu adorei fazer e gostei do resultado foi a do episódio Fish Out of Water (Peixe Fora D’água, em português), que disponibilizamos em janeiro de 2012. Desenvolvemos um modelo híbrido que pode ser tanto como prancha de surf quanto de snowboard. Daí convidamos o surfista Rob Machado para estrear o modelo nas ondas e os prós do snow Jeff Pensiero e Curtis Ciszek para mostrar que a prancha também vai bem na neve. Foi divertido. Também criamos uma prancha com um Ipod embutido, em homenagem ao fundador da marca Apple, Steve Jobs.

É possível comprar essas pranchas?
As pranchas criativas do Every Third Thursday não estão à venda, pelo menos por enquanto. O projeto serve para desenvolvermos novos conceitos e técnicas de produção. Mas vendemos bonés, camisetas e outras pranchas, tudo voltado para o universo do snowboard.

Qual a importância do trabalho feito por vocês para o snowboard?
Temos pessoas talentosas e criativas trabalhando juntas por um único motivo: a evolução do esporte. Todos nós da Signal somos apaixonados por snowboard. Junto com as novas ideias, vem o compromisso de abrir portas para que a modalidade chegue a novos territórios. É isso que damos ao mundo do snowboard: a chance de sair da mesmice.

Quais os planos da marca para 2012?
Temos o projeto de continuar fazendo aquilo que mais gostamos: nos arriscarmos em novas empreitadas. Também temos o interesse em organizar uma viagem para apresentar a outros países o trabalho que estamos realizando aqui na Califórnia. Mas ainda não é nada oficial, são apenas ideias.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2012)







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