Reino (ainda) encantado

Por James Sturz

NO REINO DO BUTÃO, localizado entre China e Índia, forasteiros só entram com permissão do governo, pela qual pagam uma taxa diária em dólar. Em 2011, o país admitiu aproximadamente 65 mil visitantes; em 2012, uma iniciativa oficial tem como objetivo duplicar esse número. Mas não se preocupe: esse reino asiático do tamanho da Suíça e com somente 700 mil habitantes permanece – pelo menos por enquanto – encantado.

A televisão chegou ali apenas em 1999. A marijuana é uma planta silvestre que cresce em moitas na beira da estrada. Arco-e-flecha é o esporte nacional (equipes locais contratam feiticeiras, que invocam magia negra para amaldiçoar os oponentes). Há um parque nacional cujo propósito é proteger o Yeti, o abominável homem das neves. O único porém? Turistas estrangeiros são obrigados a contratar guias locais, então o truque é escolher um que seja eficiente e confiável. Uma ótima opção é consultar o Guides of Buthan (guidesofbhutan.com), repleto de especialistas em bike e trekking. Abaixo, damos informações valiosas para quem quer dar um rolê de bicicleta ou apenas fazer uma inesquecível trilha a pé por uma das últimas civilizações realmente intocadas do planeta.


> BIKE

Em agosto do ano passado, enquanto eu descia de mountain bike as encostas da montanha Dochula (3.140 metros), nos arredores da capital, o príncipe do Butão passou voando por mim em uma bike de competição. Logo depois, o irmão mais velho do príncipe, conhecido como Rei Dragão, passou com seu séquito de 30 pessoas. Os dois pararam para bater um papo. Em outras palavras, isso significa: não deixe de pedalar por Dochula, uma descida de 40 quilômetros por florestas de pinheiros e azaléias, que termina em frente ao mosteiro de Chimi Lhakhang. Separe de 20 a 50 dólares por dia para alugar uma bike Kona hardtail e um veículo de apoio dos Guides of Bhutan. Outras trilhas imperdíveis são o singletrack que passa por uma ponte pênsil de 150 metros, em Punakha, além dos vales de Bumthang e Ura, polvilhados de mosteiros, templos, fortalezas e campos floridos de trigo sarraceno (mais próximo da família do arroz) e flores profundamente rosadas.


> TREKKING

A caminhada de 24 dias conhecida como Snowman é corretamente aclamada como uma das mais duras do mundo. A jornada atravessa montanhas himalaias que chegam a 5.360 metros. Mas há muitos caminhos mais curtos e fáceis, incluindo um percurso de dez dias até as ruínas de uma fortaleza do século 11 no campo base do monte Jomolhari, de 7.314 metros. Há ainda uma viagem de vários dias pelo Santuário da Vida Selvagem de Sakteng, uma área protegida que supostamente é o lar do Migo ou Yeti. Para uma aventura de um dia, comece na passagem de Chele La, a 3.988 metros de altitude, e dê uma volta de cerca de seis quilômetros até o convento Kila Goempa, erguido em um despenhadeiro e que serve de lar para 30 freiras. O terreno é cascagrossa, mas o Guides of Buthan dá conta do recado: em sua equipe de trekking está Sither Tshering, formado pelo Himalayan Mountaineering Institute of India (Instituto Himalaio de Montanhismo da Índia), e que já foi guia do renomadíssimo alpinista italiano Reinhold Messner.


> COMO E QUANDO

A alta temporada acontece durante a primavera e o outono, quando o inverno do Himalaia e as monções do sul da Ásia estão distantes, e a taxa imposta pelo estado é de 250 dólares por noite por pessoa. Isso cobre tudo: guia, hotel, carro, motorista e refeições. A Drukair tem voos diários para o Butão saindo de Bangcoc, na Tailândia (a partir de US$ 900, ida e volta). Providencie seu visto antecipadamente por meio do serviço de guias.


Outras paisagens

>> Sri Lanka: novas ondas

Saindo de uma guerra civil que durou 27 anos, o Sri Lanka conserva selva e praias de areias brancas praticamente desconhecidas do grande público. O conflito terminou em 2009, o que significa que ainda há ondas sem crowd (e seguras) a serem descobertas. Dirija-se à ponta sul da ilha, perto da vila de Gandara, onde o surfista britânico Jack Phillips, de 24 anos, abriu recentemente seu Talalla Surf Camp. Os hóspedes ficam no Talalla Retreat, um hotel-boutique com o pé na areia do oceano Índico. Depois empilham-se em jipes para explorar os picos de surf ao longo da costa. Reserve um tempo para explorar a abundante vida selvagem do país. A partir de US$ 2.000 por semana; talallasurfcamp.com – MARY TURNER


>> Patagônia: hospitalidade austral

Mais uma razão para se amar a Patagônia chilena: o novo hotel Tierra Patagônia, à beira do lago Sarmiento, perto do Parque Nacional Torres Del Paine. Projeto de baixo impacto (feito com madeira local), a região oferece caminhadas guiadas, mountain bike e passeios a cavalo dentro do parque. US$ 1.950 por três noites; tierrapatagonia.com







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