Na tomada

Testamos seis bikes elétricas disponíveis no mercado e constatamos: uma magrela a bateria é uma mão na roda para quem precisa se deslocar diariamente pela cidade

Por Mario Mele

HÁ QUEM AINDA CISME EM RELACIONAR bicicletas elétricas com ciclistas sedentários. No entanto, essas bikes de “motor limpo” podem ser uma excelente alternativa para quem percorre trajetos diários de até 30 quilômetros, que é quanto dura em média as baterias usadas nesses modelos. Depois de experimentar nas ruas de São Paulo quatro das e-bikes mais interessantes disponíveis no mercado brasileiro, constatamos que se tratam de um belo meio de transporte para quem quer ir e voltar do trabalho, já que o empurrãozinho dado pelo motor elétrico, instalado no cubo dianteiro ou traseiro, é silencioso e poupa o suor. Outra vantagem: as baterias são destacáveis, o que facilita a recarga. Nos modelos mais modernos, esse processo leva em torno de duas horas, mas considere quatro horas como uma boa média entre a maioria.

Mas, apesar das facilidades que as bikes elétricas oferecem, ainda há alguns desafios pela frente até elas ganharem espaço como veículo alternativo. Um é se tornarem mais leves: mesmo os modelos menores, aro 20’’, pesam em torno de 20 quilos. A culpada é a bateria, que em alguns casos pesa mais de sete quilos. Outro obstáculo é pensar no reaproveitamento dessas baterias, feitas de polímeros de lítio, já que o Brasil não é muito evoluído em matéria de “cuidados com o lixo eletrônico”. E aí a iniciativa de usar um transporte mais verde pode acabar saindo pela culatra.

>> Prodeco Phantom X²
O aspecto agressivo da Phantom X² não é só visual. Com um motor de 500 watts embutido no cubo traseiro, ela atinge 32 km/h sem você ter que pedalar nem um pouquinho. Se você der uma força nos pedais, ela chega facilmente aos 40 km/h. Este modelo, que é o top da marca norte-americana Prodeco, é para grandes distâncias. O câmbio tem sete marchas (grupo Shimano Deore) e o acelerador fica em um botão próximo à manopla direita. Para parar, a Phantom conta com freio a disco nas duas rodas. O design do quadro é característico das bicicletas Prodeco aro 26’’, com um sistema de encaixe no tubo principal que permite dobrá-la ao meio. Se o piloto souber equilibrar bem a aceleração com as pedaladas, a bateria tem autonomia de incríveis 60 quilômetros. 25 quilos. R$ 7.800. prodecotech.com

>> Prodeco Mariner 7
Com acelerador na própria manopla, a Mariner 7, da Prodeco, tem design de quadro semelhante ao da Phantom, só que em menor escala. Mesmo assim, só na energia elétrica ela chega perto dos 30 km/h. Seu guidão é ajustável e ultrapassa a altura do retrovisor de um carro comum, o que ajuda na hora de varar um farol congestionado. Entre os modelos testados, a Mariner 7 se revelou o meio de transporte mais ágil para deslocamentos de pouco mais de cinco quilômetros. Com tração dianteira e câmbio de sete velocidades controladas na mão esquerda, ela tem excelente arranque quando a parte elétrica é acionada. Isso graças ao motor de 300 watts, que se mostra muito potente para uma aro 20’’. A bateria tem autonomia de 50 quilômetros. dura até 21 quilos. R$ 6.800. prodecotech.com

>> Ekolev Evolubike Sports
Produzida em aço pela marca nacional Ekolev, a Evolubike Sports é a bicicleta mais off-road desta lista. Quem imaginaria uma elétrica full suspension com pneus com cravos? Os componentes para absorver os trancos são bem simples: uma suspensão dianteira de 60 mm de curso e amortecedor traseiro com mola. O motor de 250 watts é alimentado por uma bateria de lítio que dá autonomia elétrica de 40 quilômetros. Tem tração dianteira e vem equipada com câmbio Shimano de seis velocidades, freio a disco na roda traseira e sistema v-brake na dianteira. 28 quilos. R$ 3.357. ekolev.com

>> i Zip Via Urbano
Além do design simpático, a funcionalidade da Via Urbano é resultado de um projeto muito bem pensado. Esta bicicleta aro 20’’ tem motor elétrico “inteligente” que responde perfeitamente à intensidade da pedalada – quanto mais força você colocar no pedal, mais ela acelera. E quando você precisar de mais ajuda elétrica, há um botão do lado esquerdo do guidão onde é possível controlar a velocidade em três níveis. Vem com câmbio Shimano Acera de sete marchas, trocador de marchas estilo grip-shift e freios a disco. Além de trazer componentes acima da média para uma dobrável aro 20’’, a Via Urbano tem outro grande diferencial: a bateria é embutida no tubo principal do quadro – bem diferente da maioria das bicicletas elétricas, em que a bateria vai presa no bagageiro traseiro. Essa característica favorece a estabilidade da bike e o equilíbrio do ciclista. A performance e a autonomia da Via Urbano não se saem tão bem. Usando somente a força da bateria, ela atinge 24 km/h e percorre apenas 20 quilômetros. 20 quilos. R$ 3.800. izipusa.com

>> i Zip Via Rapido
Uma bicicleta elétrica com quadro “comfort” e aro 700 é para ir longe. Com autonomia elétrica de 35 quilômetros, a Via Rapido chega a 32 km/h. O acelerador, colocado na manopla direita, pode ser ajustado para duas funções: numa delas, a bicicleta responde ao simples toque, e na outra é necessário estar pedalando para que a parte elétrica funcione. O modelo foi inteiramente pensado para uso urbano, com sete combinações de marchas, para-lamas dianteiro e traseiro de fábrica, suspensão dianteira com 60 mm de curso, selim Velo com amortecedor no canote e mesa com altura ajustável. 24 quilos. R$ 3.980. izipusa.com

>> General Wings Java Lithiun
O modelo produzido pela marca nacional General Wings tem quadro de alumínio projetado pelo brasileiro Fabio Yoshimoto – morto no início de 2011, Fabio é o criador da marca Saga, que produziu a primeira mountain bike aro 29’’ do Brasil. A Java é uma elétrica possante, com motor de 350 watts que atinge 32 km/h. Na altura do polegar esquerdo, é possível determinar um dos quatro estágios de velocidade, que funcionam como uma sequência de marcha de uma moto. A Java vem com freios a disco, suspensão SR Suntour, 21 marchas (mesclando peças dos grupos Acera e Altus, da Shimano) e passadores do tipo grip-shift. Conta ainda com um painel de bordo com odômetro e indicador de velocidade. O acelerador é uma alavanca, acionada com o polegar direito. 25 quilos. R$ 4.250. generalwings.com.br

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de janeiro de 2012)