Por Mariana Mesquita, da Go Outside online
Em 2008, o escalador carioca Felipe Dallorto começou a praticar escalada em rochas perto do mar – estilo conhecido como psicobloc. No Brasil, diferente de outros países, ele sentiu falta de picos e de alguma divulgação sobre a modalidade.
Pensando nisso, Felipe e sua namorada, a também escaladora Flávia dos Anjos, embarcaram em uma constante busca por novos paredões brasileiros onde pudesse praticar e ajudar a difundir esse estilo de escalada em rocha.
No último fim de semana, a dupla conferiu o potencial das ilhas Tijucas, no Rio de Janeiro. Sem nenhum tipo de apoio e a fim de incentivar a modalidade no país, eles subiram novas vias e mostraram que é fácil ter o prazer de escalar em solo (sem nenhum equipamento de segurança), sentindo a liberdade dos movimentos do corpo e da mente.
No site oficial da dupla, você confere todas as novidades na busca por psicobloc no Brasil. Em entrevista à Go Outside online, Felipe fala das dificuldades e expectativas dessa constante aventura.
Como é a preparação para se lançar em uma aventura nunca feita antes? O que te inspira? (Fotos cortesia de Flávia dos Anjos)
DUPLA: Felipe (esq.) e Flávia escalando no cânion da ilha Alfavaca
VISUAL: A parede da ilha Pontuda, no Rio de Janeiro, vista de longe
GO OUTSIDE: Quais as maiores dificuldades enfrentadas nas ilhas Tijucas?
FELIPE DALLORTO: Com certeza foi achar um barco e convencer o barqueiro a nos levar para o pico. Os barqueiros se assustaram quando dissemos que iríamos escalar sem cordas. Quase não rolou. Também foi grande a dificuldade das vias no setor da ilha Pontuda, pois a maioria das agarras são abauladas e pequenas, o que faz muita diferença em uma parede bem negativa que esse setor possui.
Gosto muito de estudar o lugar antes de ir escalar. Confiro fotos ou videos. Em qual face a pedra está, se é norte ou sul. Estudo profundidade, corrente marítima, se é fundo de areia ou pedra. A logística para conquistar um setor de psicobloc não é simples, pois dependemos de muitas variáveis e principalmente da mãe natureza.
O que me inspira é o desconhecido. É uma energia única. Imagine uma rocha ou montanha que nunca foi tocada! É um misto de comprometimento e prazer. Tem também a modalidade em si, que é viciante. Sinto-me totalmente livre, pois não temos cordas ou equipamento nos segurando. É a forma mais pura de se escalar.
Qual a importância dessa sua descoberta para a escalada brasileira?
A importância é que o lugar sempre esteve lá, apenas estou dando seguimento e incentivando a modalidade no país. É mais uma opção para nós, escaladores, podermos desfrutar da vertente mais pura da escalada que é o psicobloc. Outro fator positivo é que se pode praticar dentro do maior complexo de escalada urbano do mundo que é o Rio de Janeiro, pois o lugar é de fácil acesso. Você pode sair do trabalho no horário de verão e pegar o barco e, em menos de dez minutos, ter o prazer de escalar em solo, sentindo a liberdade dos movimentos do corpo e da mente.