Vida [delas] sobre rodas


DE SKATE, DE VESTIDO: Valeria em ação

Por Mario Mele

Na edição de janeiro, a revista Go Outside publicou a reportagem “Mulheres na pista”, com foco na realidade do skate feminino no Brasil e no mundo na atualidade. Um dos fenômenos citados foi o Longboard Girls Crew (LGC), um verdadeiro “clube da luluzinha” criado no verão de 2010 por meninas skatistas longboarders que moram em Madri, na Espanha. Hoje elas se consideram “uma comunidade internacional”, com seguidoras espalhadas por todo o planeta.

Para saber mais sobre elas, entrevistamos Valeria Kechichian, uma das fundadoras do LGC. Aos 30 anos, essa skatista longboarder que nasceu na Argentina e mora há uma década na Espanha recentemente fez uma roadtrip de 4.300 quilômetros a bordo de uma Kombi. Com outras seis meninas, ela explorou as melhores ladeiras para se descer de skate na Espanha. A viagem virou o documentário Endless Roads, dirigido por Juan Rayos e lançado na internet em quatro episódios. Dois já foram lançados, e outros dois ainda estão por vir. Assista ao trailer de Endless Roads logo após a entrevista.

GO OUTSIDE ONLINE: Como começou todo esse movimento de reunir skatistas mulheres?
VALERIA KECHICHIAN: Cansadas de sermos as únicas garotas na maioria dos grupos de skatistas, decidimos nos juntar e criar um grupo no Facebook chamado Longboard Girls Crew. Reunimos as mulheres e percebemos que a energia era diferente quando só havia nós andando.

Quais foram os principais eventos promovidos pela LGC até hoje?
Fazemos um pouco de tudo: eventos locais e internacionais, promovendo atletas, organizando atividades… Mas com certeza nosso maior projeto, de longe, é o documentário Endless Roads, filmado por Juan Rayos no último verão. Foram sete skatistas envolvidas, vindas do Peru, Estados Unidos, Venezuela, Canadá e Argentina, entre outros países. Viajamos por toda a Espanha numa Kombi. Foi intenso! O documentário é sobre o estilo de vida que as skatistas longboarder levam, sob as mágicas lentes de Juan Rayos. Nós já lançamos o trailer e os dois primeiros episódios – outros dois ainda estão por vir.

Como conseguiram reunir tantos fãs na página do LGC no Facebook, com quase 80 mil seguidores?
Eu acho que é uma mistura de tudo. Como costumamos dizer, nós preenchemos um vazio que existia. Até então, skatistas longboarders não tinham uma plataforma para se reunir e trocar experiências. Então no começo trabalhamos muito na divulgação da página, o máximo que conseguimos, e hoje aprofundamos a abordagem dos assuntos que tratamos não só nas redes sociais, mas em nosso site (longboardgirlscrew.com). Skate longboard está na moda hoje, e isso acaba ajudando também. Eu acho que é uma mistura de tudo isso, além do fato de cada garota poder se sentir parte do grupo, o que torna a coisa muito especial. Quero dizer que o LGC não considera apenas as garotas que aparecem nos vídeos, todas fazem parte. Queria lembrar que Juan Rayos faz parte dessa história também. Certamente nada disso seria possível se não fossem seus vídeos.

Você acha muito diferente uma mulher que escolhe andar de skate?
Não, algumas garotas surfam, outras correm, outras fazem tricô e outras andam de skate. Todo mundo tem um hobby. Eu acho que as skatistas longboarders como nós querem adicionar um pouco de adrenalina em suas vidas. É preciso ter um lado “durão” para estar nesse esporte.

Como você define a LGC?
Como você pode ver, adoramos as garotas que andam de skate de forma enérgica. Mas nós também curtimos as que querem apenas fazer uma linha suave. Gostamos de garotas como nós, que gostam do que fazem. Podemos não ser as melhores skatistas, mas definitivamente amamos esse esporte.