Papo-cabeça

Por Camila Junqueira

LIVROS
Unbroken,
de Laura Hillenbrand
(US$ 27 na amazon.com; 496 páginas; randomhouse.com)
Best-seller nos Estados Unidos, Unbroken conta a história de sobrevivência de Louis Zamberini. Em 1936, ele era o mais jovem corredor da seleção norte-americana de atletismo. Nos Jogos de Berlim, não levou nenhuma medalha, mas correu a última volta da sua prova de 5 mil metros tão rápido que Adolf Hitler pediu para conhecê-lo pessoalmente. Quase quatro anos depois, seus planos de bater o recorde mundial na Olimpíada seguinte, em Tóquio, foram destruídos pelo início da Segunda Guerra. Zamperini vai ao Japão, não para competir, mas como membro das forças aéreas norte-americanas. Em 1943, durante uma missão de resgate sobrevoando o oceano Pacífico, o motor de seu avião falha, e ele fica à deriva por 47 dias até ser encontrado pelo inimigo. Como prisioneiro dos japoneses, Zamperini foi intensamente torturado até sua libertação, em 1945, com o final da guerra. De volta aos Estados Unidos, ele é atormentado pelo fantasma de seu torturador e sucumbe às drogas e ao álcool. Mas também não seria desta vez que “Torrance Tornado”, como Louis ficou conhecido no começo da carreira de corredor, se deixaria abater. Um épico e tanto.


K2: Vida e morte na montanha mais perigosa do mundo,

de Ed Viesturs e David Roberts
(R$ 47; 280 páginas; editoragaia.com.br)
O nome de Ed Viesturs dispensa apresentações, mas vale lembrar: o alpinista faz parte do seletíssimo grupo que chegou ao cume de todas as 14 montanhas de mais de 8.000 metros do planeta sem auxílio de oxigênio suplementar. Ele também estava no Everest no fatídico ano de 1996, filmando o famoso documentário Imax Everest Expedition. Em K2: Vida e morte na montanha mais perigosa do mundo, o norte-americano fala do K2, montanha na fronteira da China com o Paquistão que é quatro vezes mais mortal que o Everest – e, talvez por isso, considerada a conquista máxima do montanhismo. Ele conta sua história e as daqueles que tentaram escalá-la, analisando outras expedições e confrontando-as, sempre a partir da sua experiência e sob sua ótica nada ingênua, que diz não ser possível falar de alta montanha sem pensar em risco, ambição, lealdade e sacrifício.

Coquetéis de Hollywood,
de Tobias Steed
(R$ 35; 128 páginas; editorasenacsp.com.br)
Chame os amigos e corra para a locadora: Coquetéis de Hollywood traz as receitas dos drinques servidos nos clássicos do cinema hollywoodiano – a maioria dos filmes vai dos anos 1930 aos 1960. Divertido, o livro tem quatro partes principais, que estão de acordo com o momento indicado para o consumo da receita: “After office hours”, “Dinner at eight”, “From here to eternity, drinks for all occasions” e “Remember last time”, com coquetéis (isso mesmo!) para curar a ressaca da noite anterior. As receitas são fáceis de fazer e não levam ingredientes difíceis de encontrar.


MÚSICA

Bad As Me,
de Tom Waits
(US$ 12 na amazon.com; badasme.com)
Depois de sete anos sem gravar um álbum composto inteiramente por músicas novas, o californiano Tom Waits lança Bad As Me. O novo disco conta com o mesmo experimentalismo e a ampla mistura de gêneros que caracterizam sua produção desde o começo dos anos 1970. As letras revelam a conexão do artista com o momento de crise que assola seu país (e o mundo) – e não se pode dizer que Tom acredite que as coisas vão acabar muito bem. Mas até mesmo as canções mais críticas não deprimem quem as escuta. O talentoso vocal do próprio Waits, que em Bad As Me mostra-se no momento mais refinado de toda sua carreira, é o destaque do álbum. Algumas faixas contam com o acompanhamento de feras como Keith Richards, Charlie Musselwhite e Flea.


CINEMA



Quebradeiras,
de Evaldo Mocarzel
O documentário sobre as quebradeiras de coco de babaçu da região da fronteira entre os estados do Maranhão, Tocantins e Pará pretende resgatar e preservar, por meio do cinema, suas tradições e manifestações artísticas. Com a mata de cocais do Nordeste ameaçada pela crescente expansão da pecuária, a devastação das palmeiras de babaçu só tem aumentado, colocando o trabalho e as tradições das “quebradeiras” em risco. O jornalista e cineasta Evaldo Mocarzel fez um filme poético que sensibiliza seu espectador: sem entrevistas, com a valorização da imagem em detrimento da palavra e com uma trilha sonora preciosa. Quebradeiras revela a riqueza de “uma” dentre as muitas estratégias de sobrevivência que surgiram e permanecerão Brasil afora, valendo-se positivamente da natureza. O filme levou três prêmios no Festival de Brasília (melhor diretor, fotografia e som) e foi eleito o melhor documentário no Rencontres de Cinémas d’Amérique Latine, em Toulouse, nas França.

>> Fica a dica
A competição anual Wildlife Photographer of the Year já está em sua 47a edição. Uma exposição das melhores imagens, com fotos de natureza dos quatro cantos do planeta, está rolando no Museu de História Natural de Londres até março. Se for passar pela capital britânica nessas férias, não deixe de conferir. nhm.ac.uk.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de dezembro de 2011)







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