Você já se perguntou se vale a pena fazer um bike fit? Possivelmente seus amigos já fizeram e recomendam de olhos fechados. Em teoria, trata-se do procedimento de ajustar a bicicleta até que ela vista seu corpo como uma luva. Mas afinal, quanto o bike fit pode realmente ajudar seja com dores seja com a performance? Desmistificamos aqui algumas ideias sobre o bike fit para você decidir com segurança.
1 – O mais importante é a tecnologia usada
O próprio sistema de ajuste – seja Retül, SICI, Guru ou qualquer outra metodologia disponível – é apenas uma ferramenta. Você pode obter um bom ajuste usando praticamente qualquer sistema de ajuste, desde que o profissional que a aplique tenha experiência. Um bike fitter 10 anos de experiência e outro recém-formado no curso de certificação de primeiro nível podem fazer um bom trabalho, mas certamente o mais experiente pode ir além.
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Converse com o profissional para entender o que ele tem de melhor a oferecer, há quanto tempo está no mercado, se tem mais experiência em alguma modalidade, ou se sabe trabalhar com problemas anatômicos, como pernas de comprimento diferente. Bons especialistas em bike fit tem as respostas na ponta da língua – e provavelmente você vai chegar a eles por recomendações.
Se você tiver uma experiência de ajuste ruim, isso não significa necessariamente que a metodologia estava errada. O mesmo sistema nas mãos de um instalador diferente pode produzir resultados diferentes.
2 – Métodos de bike fit tradicionais são melhores
As bicicletas mudaram drasticamente desde a década de 1980, assim como o ajuste das bicicletas. O equipamento gerou parte dessa mudança – de mesas a pedais – mas sobretudo a geometria do quadro.
Na década de 1950, por exemplo, uma bicicleta de corrida tinha um movimento central muito mais baixo do que uma feita hoje. Então, quando você vir uma foto antiga de um piloto em uma bicicleta mostrando apenas um pedacinho de canote, considere que o canote visível seria muito mais longo nas bicicletas de hoje com geometria mais contemporânea.
Ou use a metodologia KOPS (joelho sobre pedal), que literalmente usava um prumo para alinhar joelho e pedal, descrito em um manual de treinamento de 1972 da Itália. KOPS foi uma maneira fácil de distribuir o peso do ciclista na bike, o que é importante para dirigibilidade da bike, mas os bike fitters de hoje não precisam mais de um prumo como guia para a distribuição de peso, liberando-os para considerar a potência produção e prevenção de lesões ao determinar a colocação adequada do joelho em relação ao pedal.
3 – Se o bike fit deu certo no rolo, vai dar certo na rua
Os ajustes ocorrem em um ambiente relativamente estático. A bicicleta fica apoiada em um rolo de treino, o que não permite movimentos dinâmicos do ciclista e tende a incentivar a pedalada em uma única intensidade em uma única posição. Alguns de nós pioram as coisas tentando pedalar “bonito”, em vez de girar o mais naturalmente possível. Antes de mais nada, tente pedalar como se ninguém estivesse olhando. Em segundo lugar, faça força: nossa posição muda quando pedalamos forte. Isso vai ajudar o especialista em bike fit a perceber problemas técnicos que precisem ser corrigidos.
4 – É técnico demais para você entender
É fácil se impressionar com a tecnologia durante um ajuste de bicicleta. Um especilaista em bike fit pode usar várias câmeras de vídeo, rastreamento infravermelho, monitores de pressão e outros equipamentos sofisticados. O processo de ajuste em si pode parecer quase mágico, mas é importante dedicar um tempo para entendê-lo.
Se você possui dúvidas, pergunte. Se algo não parecer certo, fale. Se você se pergunta por que o bike fitter está fazendo uma alteração específica, peça para ele explicar. Você pode não gostar da resposta se, por exemplo, o motivo de sua dor nas costas tiver mais a ver com postura ruim e força central inadequada do que qualquer coisa relacionada ao ajuste. Sempre deve haver um porque para qualquer mudança de ajuste.
5 – Dá para ajustar quadro do tamanho errado com bike fit
Se você ganhou uma bike ou comprou sem conferir direito o tamanho e espera um milgre do bike fit, não é bem assim. Às vezes até dá para fazer um bom ajuste, mas se o tamanho está efetivamente fora do que deveria, você pode acabar tendo perdas de conforto, a transferência de potência e dirigibilidade impossíveis de chegar ao ajuste ideal. Saiba o que você precisa em termos de tamanho de bicicleta antes de comprar. É um dos melhores motivos para conversar com um bike fitter antes mesmo de fechar negócio.
6 – Posso mudar peças sem afetar o bike fit
Às vezes, um ajuste de bicicleta inclui a troca de peças como guidão, avanço ou selim. Esteja ciente de como cada troca afeta seu ajuste. Por exemplo, o sistema de mapeamento de pressão que alguns estúdios de bike fit pode indicar com mais precisão o melhor formato de selim para sua anatomia e estilo de pedalada.
Mudar a sapatilha ou tênis pode mudar menos o impacto no bike fit do que trocar o selim, por exemplo. Modelos de selim podem ter uma diferença de até 1,5 centímetros de altura, medida desde os trilhos até o topo do acolchoamento.
7 – Posso usar o mesmo bike fit em várias bicicletas
Não é bem um mito, porque em bicicletas muito parecidas isso é possível. Se elas têm praticamente a mesma geometria e você vai fazer o mesmo estilo de pedalada, isso é verdade. Mas de uma mountain bike para uma bike de estrada, por exemplo, é quase impossível usar o mesmo bike fit porque sua posição nela deve ficar diferente.
O ajuste da mountain bike é importante, mas como a posição é mais dinâmica, você tem mais espaço de manobra. Os ajustes para bicicletas de estrada e ciclocross são amplamente comparáveis, talvez com pequenas alterações.
8 – Bike fit resolve suas dores no corpo
Problemas crônicos geralmente têm causas complexas. Um bom especialista em bike fit pode resolver o que se refere a bicicleta, mas muitas dores precisam da ajuda de um fisioterapeuta, porque a causa pode estar relacionada a um desequilíbrio muscular.
Mas o bike fit ajuda sim a lidar com problemas crônicos. Um especialista experimente pode dar conselhos sobre exercícios ou alongamentos capazes de ajudar. Dê a si mesmo tempo para seu corpo se adaptar ao novo ajuste. Você está desafiando seu corpo a se mover de maneiras sutil, mas poderosamente diferentes. A mudança de anos de padrões de movimento enraizados não acontece da noite para o dia.
9 – O bike fit dura para sempre
Se você começou a andar nos anos 1970 ou 80, provavelmente tinha uma bicicleta com pedivelas de 170 mm e coroas 39-52 ou mesmo 42-52. Hoje, os comprimentos dos pedivelas variam e as combinações de marchas são infinitas. Mas não é preciso ser tão radical: um espaço de poucos anos pode mudar muita coisa. Lesões, flexibilidade, força e condicionamento muscular são mudanças de pedem um novo bike fit. Se você ficou parado muito tempo e ao voltar está sentindo dores e desconfortos prolongados, o retorno ao bike fit pode identificar se há algum problema no seu atual ajuste à bicicleta.
10 – O bike fit deve adaptar a bike à minha técnica
Se você tem algum vício que causa dores, como jogar muito peso sobre os punhos (que acabam dormentes) ou pedalar com os joelhos muito fechados (dores na certa), não é o bike fit que vai resolver isso. Se a pessoa pedalar girando demais o quadril, não há ajuste de selim que resolva o problema. Às vezes, falta técnica de pilotagem em muitos casos, mas nem sempre o ciclista está pronto para ouvir isso.
Quando você muda seu bike fit, você também pode ter que mudar o estilo de pedalada ou cadência, ou outra técnica crucial. Dê o tempo necessário para que os padrões de recrutamento muscular se remodelem – o processo pode levar meses. Tenha paciêcia, invista em se melhorar e colha os frutos.