Finalmente chegou a melhor época do ano, o verão: sol, dias mais longos, vontade de sair de casa, fazer esportes e dar rolês com os amigos. É também época de feriados, Natal e Ano Novo, ideal para conhecer – enfim! – aquela praia dos sonhos ou ir para as montanhas fugir do calor. Por isso, preparamos uma seleção de destinos, no Brasil e no mundo, para você viajar e aproveitar a estação ao máximo. Faça as malas e se jogue!

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01. Bahia Surf Camp (BA)

O surfista Carlos Burle revela seu destino de verão dos sonhos: um playground para adultos e um retiro para a família inteira

Como um legítimo surfista de ondas grandes, o pernambucano Carlos Burle já dropou os mais temidos picos do planeta, em uma carreira que culminou com a conquista do campeonato mundial Big Wave World Tour 2009/2010. Mas Burle, que em 2017 fez 50 anos e acaba de lançar uma autobiografia (leia mais na pág. 26), também sabe onde aproveitar os prazeres que seu esporte proporciona. “Acho que o Bahia Surf Camp (BSC) é um lugar mágico. Ao mesmo tempo que passa a sensação de se poder surfar em uma praia isolada, fica a 15 minutos do centro de Salvador”, diz. Fundado pelo ex-surfista profissional Beto Dias, o BSC começou com a simples ideia de ensinar as pessoas a ficarem em pé na prancha em um lugar paradisíaco: são 7 km de uma praia linda chamada Busca Vida, contornada por um ecossistema praticamente intocado, com florestas, dunas e uma enorme lagoa dentro de um condomínio fechado no município de Camaçari.

Hoje o BSC tem uma das melhores infraestruturas do país para você aprender ou praticar o surf. “No verão, durante a maré cheia, ondas pequenas perfeitas costumam quebrar para os iniciantes”, conta Burle. “E, quando você não estiver no mar, pode aproveitar de outras maneiras: há bicicletas disponíveis para dar um rolê pelo condomínio, um bowl de skate excelente, slackline, stand-up paddle na lagoa, um estúdio de pilates e aulas de ioga ao ar livre.” Nos dias em que o swell está de sul, as ondas mais perfeitas do litoral norte da Bahia quebram sobre uma bancada de corais exatamente em frente ao BSC – uma diversão, porém, reservada aos mais experientes. Tudo ali funciona perfeitamente. Segundo Burle, trata-se de uma autêntica casa de praia com todas as mordomias possíveis, incluindo uma equipe acolhedora sempre disposta a te ajudar. “Caso você se canse de todo esse sossego à beira-mar, pode chamar um motorista para ir ao Pelourinho comer um acarajé e assistir a um ensaio do Olodum”, recomenda. “Mais perto, só o aeroporto de Salvador, a dez minutos de lá.” Porém provavelmente não demora muito para você sentir saudades e querer voltar ao retiro de surf.

> Pacotes de uma semana a partir de R$ 2.000 (com alimentação, hospedagem, aulas de surf e traslados inclusos; bahiasurfcamp.com)

02. Cavernas do Peruaçu (MG)

Fuja das multidões e conheça um paraíso ainda pouco explorado no Brasil

Seguir o fluxo do rio Peruaçu, no norte de Minas Gerais, é um mergulho na história. Os relatos mais antigos da área datam de 11.000 anos, e muitos deles podem ser vistos ainda hoje em ricos registros de pinturas rupestres. Eles estão espalhados por mais de 140 cavernas e 80 sítios arqueológicos catalogados dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, um incrível complexo que se estende pelo cerrado mineiro em transição com a caatinga e que impressiona pelas belezas geológicas e culturais.

Desbravando cada canto dos enormes maciços de calcário do Peruaçu, é possível topar com raridades como a Perna da Bailarina, a maior estalactite do mundo, de quase 30 metros de altura. Ela está muito bem abrigada na Gruta do Jalapão – um local acessível durante todo o ano (embora os meses entre novembro e abril sejam os mais molhados, há um atrativo extra: a paisagem fica verde e vibrante).

É por aqueles lados que a tribo indígena xakriabás se estabeleceu há gerações, aproveitando do isolamento geográfico e dos preciosos recursos naturais – o Peruaçu é afluente do rio São Francisco. Há anos, a área do parque ficou fechada para o público, reabrindo em 2014, mesmo que timidamente, porém sob um novo esquema, mais bem monitorado e estruturado.

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Para quem deseja explorar o parque, é bom saber que são três as cidades que fazem parte da demarcação e servem de estada para os visitantes: Januária, São João das Missões e Itacarambi, todas no norte de Minas. A 230 km de Montes Claros (MG), Itacarambi está a apenas 15 km da entrada oficial e tem opções de hospedagem à beira do “Velho Chico”. O PN Peruaçu foi criado em 1999, mas a região ainda se adapta à demanda turística. O resultado das últimas intervenções e do sistema de controle vigente tem sido superpositivo: criou-se ali um turismo de aventura exemplar, em franco desenvolvimento.

A entrada para os principais atrativos é gratuita, mas há regras importantes a serem seguidas. A presença de um guia, por exemplo, é obrigatória – praticamente todos os condutores credenciados são da comunidade local conhecida como Fabião. Além disso, há limite no número de visitantes diários.

Por isso, é essencial o agendamento prévio, via Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Também há a opção por meio de operadoras, que oferecem roteiros customizados com traslado, hospedagem, guias e passeios.

Conheça o trabalho do Instituto Ekos Brasil, que atua em parceria com o ICMBio na conservação de Peruaçu: 100% da renda obtida através de projetos e produtos são revertidos ao parque.

> R$ 1.290, roteiro de cinco dias a partir de Belo Horizonte (primotur.com.br); roteirosvelhochico.blogspot.com.br

03. Baños (Equador)

Eis um destino certeiro e pouco badalado para mochilar e se aventurar

Duas realidades convivem em Baños, uma preciosidade equatoriana na divisa entre a floresta amazônica e os caminhos que levam aos Andes. Por um lado, o destino atrai peregrinos em busca de purificação, tanto pelo viés religioso (essa é a terra da Virgem de Água Santa) como pelas fontes de águas termais, abundantes por ali. E sua localização estratégica abre portas para uma enorme gama de roteiros outdoor.

Trekking, rafting e cavalgadas são atividades que bombam. Mas as possibilidades vão muito além: rapel, canionismo, bungee jump, escalada em rocha e voos de parapente. Albergues como o Erupcion servem de abrigo e ponto de partida para as saídas guiadas (a partir de US$ 15). Agências especializadas da área, como a Expediciones Amazonicas também proporcionam atividades variadas.

Uma paisagem comum em grande parte dos passeios – e na própria rotina local – é o vulcão ativo Tungurahua (5.061 metros), ou “garganta de fogo”, no idioma quéchua. Trilhas nos arredores desse gigante, assim como investidas em outros vulcões da área – Cotopaxi, Sangay e Chimborazo – cabem na lista de desejos de quem curte montanhismo de verdade. Para monitorar a atividade vulcânica (já que o Tungurahua se mostrou bem vivo em 1999), o instituto geofísico do Equador tem um observatório e atualiza as informações online (igepn.edu.ec).

Só de caminhar sem pressa ao redor de Baños já vale a visita. Um dos caminhos leva ao mirante Bella Vista, que permite o visual para todo o vale. Outra trilha mais puxada, saindo do centrinho, termina na Casa de Árvore, um destino cobiçado por viajantes pela sua proximidade com o Tungurahua e por ser um divertido atrativo: uma cadeira pendurada por cordas chamada carinhosamente de “o balanço do fim do mundo”. Expedições mais longas também são possíveis. Uma imersão na selva amazônica equatoriana, por exemplo, leva a lugares como Cuyabeno e Yasuni, reconhecidos pela enorme biodiversidade (confira roteiros completos, com saídas de Baños, com a Expediciones Amazonicas).

Se preferir pedalar, não é difícil alugar uma bike em boas condições no centro de Baños. Aponte a magrela sentido Pailón del Diablo (cerca de 20 km) ou estique até Puyo (60 km) por um lindo trajeto em estrada de terra repleto de paisagens verdes e cachoeiras. Quer outra boa notícia? Baños tem ótima gastronomia e uma marcante cena cultural local, com um agito noturno na medida.

04. Florianópolis

Como curtir a ilha e os arredores no auge da temporada sem cair em ciladas

AVENTURAS de um dia são o ponto alto de Florianópolis (SC), uma das capitais com mais atividades outdoor acessíveis do país. Isso quer dizer que é possível pedalar, correr, caminhar, escalar, remar e até voar em destinos bem próximos uns dos outros. Explorar a Ilha de Santa Catarina via esportes ao ar livre, aliás, é a melhor forma de curtir seus encantos naturais e, de quebra, escapar um pouco dos milhares de turistas que lotam as praias de Floripa nos meses mais quentes.

Para um mergulho de boas-vindas, vá direto ao extremo sul, até a praia da Solidão, no lado leste (mar aberto). Com uma estrutura básica de campings e barzinhos, a área costuma ser bem mais tranquila do que as praias mais cobiçadas. Do canto direito da faixa de areia (há placas indicativas), siga caminho para um banho de cachoeira. Aproveite o visual do trajeto e o sossego da praia do Saquinho, ainda mais ao sul.

De alma lavada pela água salgada, embarque em roteiros mais ativos. Com uma bike própria ou alugada (caminhosdosertao.com.br), desbrave a trilha do Sertão do Ribeirão, um trajeto por estrada de terra e pedras soltas com bastante sobe e desce, que liga a abrigada praia do Pântano do Sul ao Ribeirão da Ilha, o bairro com a maior produção de ostras do Brasil e reconhecido pela excelente culinária – ali o Rancho Açoriano é parada obrigatória. No meio da trilha, duas surpresas te esperam: uma queda d’água boa para um banho revigorante e um alambique artesanal. É combinação certeira para você embalar para a segunda parte do giro.

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Dentro d’água, além das dezenas de picos de surf e kite que circundam a ilha, uma boa pedida é remar de caiaque, stand-up ou canoa havaiana (fb.com/floripacanoagem) pela Lagoa da Conceição. Comece o rolê o mais cedo possível, enquanto a galera que pegou pesado na noite anterior ainda se recupera. Com disposição, uma remada até a comunidade da Costa da Lagoa – sentido norte, na margem esquerda – vai te premiar com um dos visuais mais bonitos de toda a ilha, além de oferecer uma ótima estrutura de restaurantes. Se sua “praia” for o mergulho, experimente uma jornada rumo à reserva natural da Ilha do Arvoredo.

Outra pedida é embarcar em um voo de parapente decolando da rampa do morro, que liga a praia Mole com a avenida das Rendeiras. Na ida ou na volta, experimente uma descida de sandboard pelas dunas. Agende o salto com antecedência e fique atento ao grande fluxo de veículos da região, para não ficar preso no trânsito e perder a melhor visão panorâmica da ilha. Caso passe a amar o voo livre, é possível fazer aulas experimentais nas dunas da Joaquina (a partir de R$ 350; parapentesul.com.br).

05. Corumbau (BA)

Tranquilidade à beira-mar e passeios outdoor interagem neste belo refúgio baiano

A maré baixa, intensificada nas luas cheia e nova, traz à tona um enorme banco de areia que avança mar adentro na praia de Corumbau, no litoral sul da Bahia. Foi provavelmente em algum canto de areia desse longo pontal – onde se formam piscinas naturais perfeitas para mergulhos – que um índio pataxó deve ter dado o nome à região, traduzido para o português como “lugar distante”. Anos depois, a faixa de litoral cercada de coqueiros e amendoeiras (parte da chamada Costa do Descobrimento) ainda mantém o visual praticamente intocado.

Seu acesso mais restrito ajudou a manter Corumbau preservado, e hoje é uma das paisagens baianas que ainda conservam o sossego que uma viagem ao paraíso pede. O vilarejo local não alcança a marca de mil pessoas, e os 15 km de areia são o cenário perfeito para descansar, caminhar ou esticar passeios de barcos e mergulhos de snorkel.
As saídas podem ser feitas tranquilamente por conta própria ou, se preferir, com o auxílio de pousadas locais. Corumbau é reconhecida pelas boas estadias, das mais simples até destinos rústicos e luxuosos, como a Vila Naiá e os aconchegantes bangalôs da Fazenda São Francisco e do Village Jocotoka, outras duas referências.

A 15 km de Corumbau está a Barra do Cahy, tido como o primeiro ponto aportado pela frota liderada por Pedro Álvares Cabral. A famosa frase “Terra à vista” também seria uma alusão ao Monte Pascoal, hoje um parque nacional delimitado nos arredores dessa montanha proeminente, um destino imperdível para quem visita Corumbau. Do alto no monte, avista-se a Serra de Itamaraju de um lado e o oceano Atlântico do outro.

 

06. San Blas (Panamá)

Esquema pé na areia em um caribe rico em cultura e ilhas inabitadas, prontas para serem exploradas de caiaque

No verão você quer estar cercado de água, por isso San Blas, um arquipélago de 365 ilhas que pertencem ao Panamá, é um dos destinos mais perfeitos do mundo para curtir a estação quente. A região é reconhecidamente o território dos índios kuna, que até hoje fazem parte das operações de turismo, inclusive pilotando as lanchas do porto de Kuna Yala (que está a 80 km de distância da Cidade do Panamá) até algumas das ilhas. Todas as praias de San Blas têm areia branca e água transparente típicas do Caribe, e o melhor é que você não precisa reservar um bangalô luxuoso para curtir o paraíso: leve sua barraca e explore cada pedaço no melhor esquema baixo custo. Em quase todas as ilhas – como Aguja, Franklin, Chichimè, Iguana, Perro Grande e Perro Chico –, as mesmas pousadas que oferecem hospedagens em cabanas dispõem também de área de camping. E você ainda pode aproveitar a estrutura de restaurantes para, em vez de acender seu fogareiro, se deliciar com um cardápio composto basicamente de peixes frescos, legumes e frutas.

Lembre-se de ir com pouca bagagem, mas não esqueça itens como toalha e saco de dormir – essa independência em San Blas é tudo. Você só vai querer quebrar o esquema pé na areia para se lançar em uma trip de quatro dias de caiaque, acessando algumas das ilhas mais remotas do Caribe, acampando em praias desertas e desfrutando do convívio com os kuna. Estão no itinerário, por exemplo, as ilhas Cayos Holandeses, bem afastadas e consideradas as mais lindas de toda a região pelos próprios habitantes nativos.

Esses pedaços de terra são inabitados, o que significa que as únicas pessoas que você verá são do seu próprio grupo. O mar ali é o mais vivo e límpido de todo o Caribe, e a sensação de ser o primeiro ser humano a pisar em um paraíso é garantida. (US$ 1.000; adventurespanama.com).


07. Rio tapajós (PA)

Ilhas fluviais, natureza exuberante e sossego em uma viagem de barco

A vazante no Rio Tapajós (AM) começa a moldar o ambiente em setembro e segue forte até fevereiro, antes da chegada das chuvas. Durante esse período, revela-se uma paisagem surpreendente: centenas de ilhas fluviais se formam no percurso do rio, transformando o lugar de natureza bruta e magnífica em um roteiro bastante acolhedor. Uma expedição embarcada pelo leito do Tapajós, um dos mais importantes cursos d’água da bacia amazônica, garante autonomia para curtir praias, florestas e ilhas, além da imperdível interação com as comunidades locais.

O que chama atenção no Tapajós, ao contrário do rio Negro, é a transparências de suas águas, que acaba sendo mais um atrativo dos roteiros pela região. A vastidão de um rio de proporções oceânicas, a mata densa e as ricas culturas ribeirinhas geram uma combinação especial. Há roteiros que privilegiam outros destinos e atrativos conhecidos, como a vila de Alter do Chão – a mais populosa do pedaço – e o encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas.

Na região amazônica, a hospedagem em barcos faz todo sentido, proporcionando visitas aos lugares mais isolados. As possibilidades vão de ofertas via Airbnb até agências que organizam roteiros estruturados. É possível embarcar em cruzeiros fluviais fretados de até uma semana de duração com tudo incluso (matuete.com). Umas das embarcações mais apropriadas para essa proposta é o Tapajós 1, um barco de 60 pés com cinco cabines em estilo amazônico.

Também há alternativas para quem gosta de viajar por conta própria, como no caso do barco Carpe Diem, que fica ancorado em Alter do Chão. Ele está disponível para passeios (com o mínimo de dois pernoites) pelo rio Tapajós (airbnb.com). Se você estiver por lá no mês de setembro, coloque na agenda a Festa do Sairé, o ápice da cultura regional, com apresentações de danças e o melhor da culinária local para celebrar a vazante do rio.

08. Paraíba

O Estado do Nordeste menos procurado por turistas reserva belezas naturais e mistérios de outro mundo

Nem tente entender por que a Paraíba é o estado nordestino menos explorado pelo turismo – não há explicação. Apenas se programe para passar seus dias livres por lá e desvendar por conta própria uma beleza que varia entre praias (badaladas e sossegadas) e um interior envolto por mistérios arqueológicos.

Ao pisar em João Pessoa, comece a se despir do ranço urbano em Tambaú. O centro histórico é interessante, com igrejas e museus que te ajudam a entender um pouco o passado. Mas Tambaú, apesar de estar localizada na capital paraibana, é uma bela amostra do que você pode encontrar nos 130 km do litoral desse Estado: praias deliciosas – com piscinas naturais que são mais claras e convidativas no verão – de água quente e ambiente familiar. Seguindo para o sul, a pequena praia de Tambaba (município do Conde) é linda, com uma estreita faixa de areia que termina em uma imponente falésia. O lugar é democrático a ponto de te permitir atravessar para o lado naturista ou curtir o paraíso de bermuda. Na água, você pode ficar boiando nas piscinas azuis-turquesa ou, então, remar até a arrebentação para surfar.

O Conde é o destino certo para quem quer apenas curtir a paisagem do litoral paraibano no esquema sombra (na areia) e água fresca (salgada). Em Coqueirinho, você pode acrescentar esportes a vela (incluindo o kitesurf) no roteiro. E, em Tabatinga, o ideal é aproveitar um fim de tarde para uma longa caminhada pelas areias de um paraíso deserto e selvagem.

Outra opção para sair do circuito turístico é descer mais 30 km até Pitimbu. Entre as 13 praias desse município, o destaque é a Bela, cujo nome não decepciona: uma estreita faixa de areia separa o rio do mar, com um quiosque para ficar na areia e pranchas de stand-up e caiaques para quem quiser curtir o mar. Mas se lembre de que o verão é a época das ondas em boa parte do Nordeste, e na Paraíba isso não é exceção: na Bela, uma combinação de ondulação forte e ventos favoráveis pode colocar um mar grande e perfeito à sua frente.

Da água para o vinho, o agreste paraibano é prova de que esse Estado não se repete. Um dos principais sítios arqueológicos do Brasil fica na cidade de Ingá, a 100 km de João Pessoa: a Pedra do Ingá é um monumento preservado diferente de qualquer inscrição rupestre que você já tenha visto. Em um paredão de 50 metros de comprimento por três de altura, às margens do riacho Bacamarte, há desenhos codificados entalhados na rocha. E, quando você acha que embarcou em uma viagem milenar pelo tempo, uma revelação: há uma tese que sustenta que essas são obras de extraterrestres que já teriam desembarcado no Ingá. Isso porque, além de esses desenhos serem bem mais caprichados do que a maioria das pinturas rupestres, pesquisadores já decifraram fórmulas físicas e matemáticas de altíssima complexidade para um povo neolítico. Além de ser um lugar mágico, a Pedra do Ingá tem total infraestrutura de recepção. Um dos novos roteiros é uma visitação noturna, com luzes que acentuam o clima de mistério (destinoparaiba. pb.gov.br).

09. Maracajaú e Perobas (RN)

Há muitos “Caribes” espalhados pela costa brasileira, mas nenhum se compara ao litoral norte portiguar

Hoje os corais de Maracajaú (uma pequena vila de pescadores no município de Maxaranguape, no leste do Rio Grande do Norte) pertencem a uma Área de Proteção Ambiental. Justo: considerado por dez a cada dez visitantes o “verdadeiro Caribe brasileiro”, o mar de Maracajaú é decorado pelos “parrachos” (como são chamadas as piscinas naturais por lá), conservados graças a esses recifes. Os parrachos ficam a cerca de 7 km da costa e se diferenciam da maioria das outras piscinas à beira- mar por serem bem mais profundos, o que faz toda a diferença. Lanchas e catamarãs se encarregam do acesso até lá (maracajaudiver.com.br). Depois de uma breve sessão de snorkeling entre os corais, a sensação é a de ter feito um mergulho com cilindro em um ecossistema marinho rico e intocado.

Há duas dicas, no entanto, para você não se decepcionar e curtir Maracajaú em seu potencial máximo. A primeira é checar a tábua de maré, já que os peixes só aparecem em grande número na maré mais baixa do dia. Outro conselho é ir na lua cheia ou nova, pois nessas fases a maré baixa seca ainda mais. Em dezembro, o vento ainda está soprando forte no litoral potiguar, mas isso em nada prejudica a visibilidade. A maior alteração é que talvez você se sinta levado pelas marolas, uma sensação nova em um snorkeling. Hospede-se no Ma-Noa Park, pertindo do mar, de onde saem as lanchas para os parrachos (R$ 150).

Maracajaú está a 60 km ao norte de Natal. Seguindo outros 30 km mais ao norte, Perobas é considerado o lado B desse Caribe brasileiro. Igualmente lindo, lá as piscinas são mais rasas – melhores para nadar do que para o snorkeling. A vantagem dos parrachos de Perobas é que são bem menos acessados e, com um pouco de sorte, você terá o Caribe só para você. Perobas não tem tanta infraestrutura de turismo quanto Maracajaú e, portanto, o ideal é pré-agendar o roteiro com o guia Lavoisier, o Vozinho, dono do restaurante mais famoso da região, especializado em frutos do mar, e que também hospeda a galera.

10. Chile 

O destino preferido de esquiadores e snowboarders brasileiros é ainda mais perfeito no verão 

Estána hora de os brasileiros entenderem que o Chile não é só um destino de inverno. A verdade é que, exceto pelos esportes de neve, o país de maior variedade climática da América do Sul pode ficar ainda melhor no verão. Nada impede que você siga para o norte para sua primeira vez no Deserto do Atacama, que concentra uma das paisagens mais belas e exóticas do planeta. No verão, corre o risco de você ver a chuva caindo, algo extremamente raro por lá. Siga sem medo para os principais destinos, como as Lagunas Altiplânicas, o Salar ou os Valles de La Luna e de La Muerte (desde, claro, que você faça isso no início da manhã ou no fim de tarde, para não ser castigado pelo sol). À noite, a temperatura não cai menos do que uns 5oC negativos. Supere suas expectativas viajando com a Atacama Trips, fundada pela brasileira Daniela Lauar.

No centro-sul do país, a região de Los Ríos é a porta de entrada da floresta patagônica. É lá onde, encaixado entre os pequenos povoados de Neltume e Puerto Fuy, às margens do lago Pirehueico, a reserva Huilo-Huilo protege mais de 100 mil hectares de um bosque nativo e endêmico formado por coigues, manios e tepas. Não faltam trilhas por entre as árvores para serem percorridas a pé (a partir de R$ 40 o trekking guiado; huilohuilo.com/br) ou de bicicleta (a partir de R$ 50, bicicleta inclusa), passando por belas cachoeiras, como os Saltos del Huilo-Huilo, onde o banho só é convidativo no verão.

É nesta estação do ano também que os locais montam um snowpark, com rampas e caixotes, na neve que sobra no alto do vulcão Choshuenco (2.400 metros). Isso se resume em fazer snowboard de bermuda e, em seguida, descer a montanha para nadar em alguma cachoeira ou rio da reserva. Apesar de ser mais conhecido por suas acomodações cinco estrelas, o Huilo-Huilo também oferece áreas de camping com total infraestrutura, com chuveiro quente, fogão, mesas e tomadas (R$ 45).

Quem passar por Santiago no verão também tem motivos para esticar até o Valle Nevado. A mais famosa estação de esqui do Chile, localizada a menos de 50 km da capital, adaptou as partes mais altas da Cordilheira dos Andes para o mountain bike. Agora, quando a neve some, ainda é possível dropar por entre a mais extensa cadeia de montanhas da América do Sul, só que sobre duas rodas (R$ 200; vallenevado.com).

*Reportagem publicada na edição nº 147 da Revista Go Outside, dezembro de 2017







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