O maior esforço colaborativo na história para regenerar os corais
Os efeitos diretos e indiretos do aquecimento global afetaram a Grande Barreira de Corais, na Austrália, como a acidificação dos oceanos e o branqueamento dos recifes – grande parte tem zero perspectivas de recuperação natural.
Para tentar reduzir os danos a longo prazo, pesquisadores estão introduzindo um enorme projeto de restauração larval, isto é, ajudar a restabelecer as populações reprodutivas com ajuda humana.
-
Imagens em 360º feitas por uma GoPro na Grande Barreira de Corais
-
Morte de corais é o ‘começo de uma catástrofe planetária’, diz cientista
Equipes vão colher esperma e ovos de coral e cultivarão novas larvas que serão então liberadas nas áreas mais danificadas do recife. O esforço começará neste fim de semana na área de Arlington Reef, que fica ao largo da costa de Cairns, em Queensland.
“Esta é a primeira vez que todo o processo de criação e assentamento de larvas em larga escala será realizado diretamente nos recifes da Grande Barreira de Corais”, disse o líder do projeto, professor Peter Harrison, da Southern Cross University, em um comunicado. “Nossa equipe estará restaurando centenas de metros quadrados com o objetivo de chegar a quilômetros quadrados no futuro, uma escala não tentada anteriormente.”
A equipe de Harrison testou essa abordagem de regeneração em escalas menores nas Filipinas, bem como nas Ilhas Heron e One Tree, no sul da Grande Barreira de Corais. Se essa tentativa de maior escala for bem-sucedida, ela poderia ser empregada em outras partes do mundo.
Uma inovação particularmente interessante deste ensaio é a co-cultura de pequenas algas conhecidas como zooxantelas, que vivem nos tecidos de muitos corais. O coral e as microalgas têm uma relação mutualística. O coral protege as algas e fornece nutrientes. As algas produzem oxigênio e removem os resíduos do coral.
“Essas microalgas e sua simbiose com os corais são essenciais para comunidades de corais saudáveis que constroem recifes”, explicou David Suggett, professor colaborador da Universidade de Tecnologia de Sydney. “Por isso, pretendemos acelerar esse processo para ver se a sobrevivência e o crescimento inicial dos corais juvenis podem ser impulsionados pela rápida absorção das algas.”
O projeto é uma colaboração entre Harrison, Suggett, Katie Chartrand, da James Cook University, a Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais, o Queensland Parks & Wildlife Service, além de outros importantes parceiros da indústria.
A intervenção é um movimento ousado, mas não deve ser visto como a salvação dos recifes, mas, sim, controle de danos.
“Nossa abordagem para a restauração de recifes visa ganhar tempo para as populações de corais sobreviverem e evoluírem até que as emissões sejam limitadas e nosso clima se estabilize”, disse o professor Harrison. “A ação climática é a única maneira de garantir que os recifes de coral possam sobreviver no futuro.”