Preciosas aventuras de verão e as bebidas refrescantes que você só encontrará por lá
Por Maria Clara Vergueiro
Confira sete destinos que oferecem preciosas aventuras de verão – e as bebidas refrescantes que você só encontra por lá.
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Chile = sandboard + piscola
Se no inverno o Chile vê suas montanhas invadidas pelos fãs da neve, no verão o país mostra uma faceta não menos atraente para quem curte esportes de prancha. No coração do deserto do Atacama, a cidade de Copiapó abriga uma das cinco maiores dunas de areia do mundo, a Medanoso, com 550 metros de altura. Praticantes de sandboard de todos os cantos do planeta costumam desembarcar no aeroporto local, a 1h30 de avião de Santiago, para deslizar suas pranchas na monstruosa duna. Vale ainda passar pelo Parque Nacional Pan de Azúcar, um dos poucos pontos do deserto em que a umidade é um bocadinho maior, por conta da “camanchaca”, uma bruma que vem do mar turquesa de lá. Como resultado, o parque conta com flores de cores mais vivas e muito mais raposas e vicunhas, além de 40 mil hectares maravilhosos e liberados para a prática de trekking ou mountain bike. Para fechar o dia, peça uma dose refrescante de piscola, um popular drinque local feito com pisco, seu refrigerante preferido, gelo e limão. Mais informações na página oficial de turismo do país.
Tailândia = escalada + Chang
Não faltam motivos para visitar a Tailândia. O país asiático serve aos turistas em busca de uma viagem cultural ou mística, aos que querem mordomia, boa comida e praias deslumbrantes e aos que procuram inesquecíveis opções de práticas outdoor. A região central, que abriga a capital,
Bancoc, é pontuada por templos budistas e outras construções históricas, que emanam o verdadeiro espírito zen. Para se chegar à região de Railay, próxima ao município de Krabi, da parte sul da Tailândia, é preciso pegar uma espécie de “voadeira” e atravessar um trecho de mar. Isso porque as gigantescas paredes de calcário bloqueiam o único acesso a Raylay, que é composta de quatro praias. Duas delas, Tonsai e Phra Nang, são perfeita para escaladores de todos os níveis. As graduações variam de 5 a 8c, com segurança por todas as vias, e existem por lá diversas escolas de escalada, que oferecem aulas particulares ou em grupo. Muitas paredes acabam no mar ou na areia branquinha e, do topo, oferecem o visual de recifes de coral por baixo das águas transparentes. Hospedagem também não é problema: a região possui desde pequenos bangalôs e acomodações simples ao luxuoso resort cinco estrelas Rayavadee. Após um ótimo dia de escaladas, curta a noite local em um dos bares pé na areia. Não esqueça de pedir uma garrafa de Chang bem gelada, a cerveja número 1 do país.
México = surf + michelada
Destino mais-que-perfeito de verão, o México dá conta de conciliar muitos desejos em uma viagem só. Da cultura milenar aos resorts mais sofisticados, tudo é possível por lá – até cerveja com pimenta. O chef de cozinha Alex Atala voltou fascinado com a michelada, uma bebida quase tão popular quanto a tequila, só que bem menos conhecida fora das fronteiras mexicanas. Com cerveja, gelo, pimenta dedo de moça, gotas de tabasco e limão, a session de surfe em Puerto Escondido fica bem mais interessante. Na região sul do país, a receita ainda ganha uma dose de suco de tomate e especiarias. A gente dá a letra da versão mais conhecida, típica da região norte:
1 dose de tequila
1 cerveja pilsen long neck
4 pedras de gelo
1/2 limão fatiado
1 colher de chá de açúcar
2 gotas de tabasco
1/2 pimenta dedo de moça picada finamente e sem sementes
Em um copo grande, macere o limão, a pimenta e o açúcar com um socador. Adicione o gelo e regue com a dose de tequila. Pingue o tabasco e despeje a cerveja. Sirva no próprio copo e use uma pimenta inteira para decorar.
Espanha = mountain bike + água de Valência
Sierra Nevada, cidade espanhola da região de Andaluzia, é conhecida por sediar alguns dos principais eventos de inverno do mundo. É lá que fica um dos maciços montanhosos mais altos da Europa, com o pico Pico Mulhacén atingindo 3.482 metros. No verão, investir no caminho de Sulayr (ou montanha do Sol, na língua dos antigos árabes) é garantia de momentos para se levar na memória para o resto da vida. A maior rota circular da Europa, conhecida como GR240, tem 300 quilômetros e passa por vias pecuárias e povoados serranos antiquíssimos e cheios de histórias para contar, cercados de uma paisagem incrível. O caminho pode ser percorrido de mountain bike e é dividido em 19 etapas. Para celebrar a jornada, a tradicionalíssima água de Valência cai muito bem. O drinque, criado nos anos 1950 na região de mesmo nome, leva cava (espécie de champanhe local), licor de laranja, suco de laranja e gelo. Segundo a jornalista espanhola María Ángeles Arazo, a bebida nasceu no Café Madrid, na cidade de Valencia, como oferta do dono do estabelecimento a um grupo de bascos que parava ali, religiosamente, para tomar taças de cava, que eles chamavam de água de Bilbao. Um dia, para variar, experimentaram a oferta de Constante Gil, proprietário do café, que misturou a cava ao aroma cítrico da laranja. A água de Valência só saiu do anonimato e do círculo restrito da região depois da década de 1970, para se tornar um dos drinques mais populares do país.
Filipinas = multiesportes + lambanog
A ilha de Boracay, nas Filipinas, é daquelas que inspiram a sonhar com dias e noites ao estilo “sombra e água fresca”. A areia branca e finíssima parece talco. O mar verde-turquesa e calmo, combinado a ventos constantes, faz de Boracay um dos grandes destinos indicados pelo site oficial de turismo do país para esportes náuticos e de vela. Se você conseguir quebrar a barreira da preguiça para viver mais intensamente o cenário idílico, pode se lançar nas águas de lá de caiaque, investir no kitesurf, no windsurf e até mesmo aproveitar para conhecer a ilha de mountain bike ou em um trekking mais longo. Na hora de escolher a saideira, vá de lambanog, bebida bem típica do país, feita a partir da seiva da flor do coco. Comumente comparado a uma espécie de vodca de coco, o lambanog ganhou alguns bares do Soho, bairro descolado de Nova York, pela semelhança com a grappa nos processos de fabricação (uso do caule da planta e fermentação que antecede a destilação) e no sabor, embora seja mais doce que a bebida italiana. Quem se atreve a produzir o lambanog também precisa estar disposto a correr riscos: para se retirar a seiva do caule da flor do coco, os coletores têm que atacar de Dean Potter e subir em coqueiros de 10 metros.
Nicarágua = trekking + macuá
Duas décadas se passaram desde que a Nicarágua, na América Central, encerrou sua história de guerra e deixou de fazer parte dos noticiários políticos. Depois disso, a nação seguiu a vida pacificamente e manteve a exuberância natural. Entre suas incontáveis atrações naturais, está o trekking aos vulcões de Concepción e Maderas, que possuem altura similar, porém proporcionam experiências bem diferentes. O primeiro, com 1.610 metros, oferece uma escalada um pouco mais difícil no último terço do caminho, cheio de pedregulhos. A recompensa é a visão de um vulcão em atividade, no meio da ilha de Ometepe, no lago Nicarágua. A subida é abençoada com a brisa fria que vem do lago, que se mistura ao calor que sai do vulcão e forma uma nuvem quase constante sobre ele. Um pouco mais baixo, o Maderas (1.394 metros) é ainda mais visitado que o irmão, situado na mesma ilha, graças aos serviços de guia oferecidos por dois hotéis instalados na região. A vantagem: você chega a um lago turquesa e gélido no fundo de uma cratera por onde se desce de corda. A desvantagem: por ser mais visitado que o primeiro, suas trilhas ficam um pouco mais enlameadas. Reserve quatro horas para subir e duas para descer de lá. Uma vez em terra, experimente uns goles de macuá, a bebida oficial do país, que mistura rum e sucos de limão e de goiaba. O nome do drinque vem de uma das 698 espécies de pássaros presentes na Nicarágua.
Austrália = mergulho + Cascade Beer
A Austrália é uma ilha gigantesca que reúne montanhas e bosques, além de praias que, quando não são perfeitas para o surfe, viram palco para observação de uma vasta vida marinha. Três destinos bem conhecidos para a prática do mergulho são Coral Sea, Cod Hole e Ribbon Reefs, no norte do país. Todos eles podem ser visitados a bordo de luxuosos barcos, em roteiros dignos de família real. O Spirit of Freadom é um desses modelos flutuantes, com 11 cabines que podem acomodar até 26 pessoas. Os cruzeiros de três, quatro ou sete dias são regados a muito conforto e serviço de bordo de primeira (mais informações em Scubs Center). Já que você vai estar com tudo, exija um cooler inteiro de Cascade Beer, a legítima cerveja australiana que tem dez combinações diferentes de aromas para experimentar. Se sobrar tempo, vale investir em uma degustação de cervejas.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de janeiro de 2012)