O alerta sobre a morte de corais vem de John “Charlie” Veron, mais conhecido como “O Padrinho do Coral”, um renomado especialista em recifes. O australiano descobriu pessoalmente quase um quarto das espécies de corais do mundo. E passou os últimos 45 anos mergulhando na Grande Barreira de Corais da Austrália.
Sua grande missão atualmente é alertar sobre sua extinção. Em 2016 e 2017, as ondas de calor marítimo causadas pela mudança climática resultaram em branqueamento em massa de corais. Cerca de metade da Grande Barreira de Corais, junto com muitos outros ao redor do mundo morreram.
-
A primeira galeria de arte semi-submersa do mundo será um habitat de corais
-
Ilha caribenha de Dominica proíbe plástico e isopor
Em entrevista à CNN, Veron afirmou ser “o começo de uma catástrofe planetária”.
“Cerca de um quarto de todas as espécies marinhas em toda parte do planeta tem seu ciclo de vida em recifes de corais”, disse ele. “Então, se você retira recifes de corais, este um quarto é eliminado. Agora, isso é um caos, um colapso ecológico.”
A Grande Barreira de Corais tem 2.300 km de extensão – aproximadamente a extensão da Itália – e é o único organismo vivo que pode ser visto do espaço.
Veron mergulhou pela primeira vez na Grande Barreira de Corais no início dos anos 60. “Eram muitos corais em uma pequena área, tanta vida, muita atividade, até mesmo barulhenta”, disse à CNN, que no início de sua carreira como cientista era céptico sobre a mudança climática.
Ele percebeu que era algo “sério” em meados da década de 1980 e, por volta de 1990, ficou “alarmado” com o impacto sobre os recifes de corais.
Na década de 1990, ele previu que a mudança climática destruiria os recifes, documentado em vários livros que ele publicou, e em uma palestra de 2009 intitulada “A Grande Barreira de Corais na Fila da Morte?” na Royal Society em Londres.
Corrida para salvar
De acordo com o especialista, no verão de 2018 não ocorreu branqueamento, o que ajudou alguns dos corais branqueados a iniciar o processo de recuperação. Mas Veron diz que leva cerca de 10 anos para os corais se recuperarem completamente, e eles simplesmente não têm esse tipo de tempo.
Veron explicou à CNN que o branqueamento está ligado a emissões de carbono na atmosfera, principalmente a queima de carvão.
“O branqueamento dos corais é impulsionado pelo dióxido de carbono – a menos que você pare de bombear dióxido de carbono para a atmosfera, ele continuará. É tão simples quanto isso”, diz Veron.
No início deste ano, o governo australiano anunciou quase US $ 400 milhões em novos fundos para projetos científicos destinados a ajudar a Grande Barreira de Corais.
Apesar de todas as suas terríveis previsões para o futuro do planeta, ele acha que os seres humanos estavam destinados a seguir esse caminho.
“É parte de ser humano não se preocupar com o futuro a longo prazo”, diz ele. “Nós somos geneticamente programados assim… Nós simplesmente não pensamos no futuro.”