Os limites do corpo e a sabedoria de ouvir a dor

É incrível como o corpo humano nos surpreende. Às vezes estamos prontos e saudáveis para um desafio esportivo, um treino, um “rolê”, e simplesmente ele não funciona. Em contrapartida, em outras ocasiões ele resolve um desafio praticamente sozinho, sem nenhuma informação prévia ou preparação física específica: o corpo vai e “faz”, como por instinto, algo que nos parecia inatingível. A partir daí, torna-se importante você ampliar as fronteiras de suas capacidades e ir muito mais longe.

Aquelas “dores” que te impedem de dar as primeiras passadas de corrida rumo a uma vida mais saudável ou as que te afastam da sua modalidade esportiva predileta têm que ser muito bem analisadas por um profissional da saúde desportista, para que você tome a atitude certa a partir de um diagnóstico preciso: muitas vezes uma dor ganha muito mais importância do que deveria ter, paramos de suar ou nem começamos a nos mexer, sem nos dar conta de que seu motivo principal são as horas de trabalho sentado, escadas rolantes, elevadores, carros, TV.

Já para os amantes de adrenalina, liberdade e movimento, a atenção deve ser contrária – quero dizer, é importante certificar-se que sua dor é apenas uma manifestação do uso inadequado de seu corpo e que, com mais atenção nos alongamentos, fortalecimento muscular e rotina, você pode resolvê-la sem ter que parar de fazer suas atividades físicas. O perigo aqui é você assumir isso sempre: ou seja, em vez de recuar e renunciar alguns dias de práticas esportivas diárias para recuperação de uma lesão séria, você complica ainda mais o problema ao se acostumar a conviver com a dor.

Saiba que a dor é um alerta e, na maioria das vezes, é conseqüência do uso desequilibrado de nossas capacidades. Portanto deve nos provocar em vez de nos intimidar. Só não vale tomar remédios ou manipular qualquer medicamento que tire sua sensibilidade ou amplie suas capacidades físicas: mantenha o corpo limpo sempre.

Use a medicina para te avaliar com precisão. Se não houver nenhuma restrição à prática esportiva, assuma o comando do corpo. Se ele estiver mais desanimado, faça-o “pegar no tranco”, imponha a ele a rotina do movimento porque é disso que precisamos atualmente. Engessar nosso estilo de vida com atividade cerebrais e metabólicas é negar nossa verdadeira natureza.

Lembre-se de que andar e correr são atividades mais acessíveis ao corpo humano porque faz parte de nosso aparelho locomotor. Praticá-las periodicamente fortalece a musculatura do coração, é coadjuvante para emagrecer, ativa o metabolismo, melhora a qualidade do sono, humor, disposição e ajuda você a ter mais fôlego em qualquer prática esportiva. O corpo humano é fantástico, permita que ele te surpreenda e te mostre todos os caminhos.

Cristina Carvalho é atleta e co-fundadora da assessoria esportiva Projeto Mulher (www.projetomulher.com.br) e do Núcleo Aventura (www.núcleoaventura.com.br)







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