Bienvenido a Chile


DÁ-LHE CUME: Da esquerda para a direita, o Espada (2.500 metros), o Hoja (2.200 m), o Máscara (2.300 m) e o Cuerno Norte (2.400 m)

Texto e fotos por Márcio Bortolusso

A VELOCIDADE A MIL E O MEDO DE DESPENCAR ladeira abaixo levaram meus dedos aos freios. Após algumas sambadas assustadoras em tapetes de areia, percebi que filmar e pedalar poderia ter um fim trágico. Em chão de ripio, espécie de cascalho superpequeno, a bicicleta não obedece aos comandos acima dos 60 km/h. Mas tudo parecia um sonho bom. A adrenalina paralisando a razão, um downhill espetacular de cerca de 20 quilômetros entre belíssimos cumes nevados, curvas afiadas descortinando pirambeiras cada vez mais íngremes, o zunir do vento. A satisfação de enfim conhecer os Andes.

Visitei as terras chilenas pela primeira vez em 2003, quando fiz uma reportagem sobre uma corrida de aventura. A pedalada de 220 quilômetros por paisagens fantásticas foi apenas uma das experiências que me fizeram amar este país. Um mês depois da prova, voltei para conhecer outras regiões. Nos anos seguintes, fui mais algumas vezes e me preparo para repetir em breve a trip. Na verdade, nunca me canso de ouvir “bienvenido a Chile”.

E com mais de 190 países no planeta, por que o Chile? Para muitos, o país não passa de vinhedos com fama internacional, balneários badalados como Viña del Mar, ou destino para turistas abastados, que freqüentam centros de esqui e a famosa Ilha de Páscoa. Algo como definir o Brasil só pelo Cristo Redentor, Pão de Açúcar e mulatas com samba no pé. Mas o Chile oferece infinitas outras opções. Imagine um país onde você escala um cume nevado e hostil, com mais de seis mil metros de altitude, e no dia seguinte comemora comendo um apetitoso fruto do mar em alguma charmosa cabana no litoral. Um lugar que guarda a beleza de um glaciar e também a adversidade do deserto mais árido do planeta. Que une tradições regionais preciosas, ambientes naturais inexplorados e todos os confortos tecnológicos mais modernos.

O Chile vai além das enigmáticas estátuas vulcânicas de Rapa Nui (chame assim se você prefere privilegiar o nome nativo em vez do impostor “Ilha de Páscoa”). Terra de extremos geográficos, culturais e climáticos, o Chile se estende de norte a sul por mais de 4,3 mil quilômetros e se espreme entre o Pacífico e a cordilheira andina, sem contar 1,25 milhão de quilômetros quadrados de território antártico, que os chilenos reclamam para si. O país divide-se em 13 regiões, cortadas pela rodovia Panamericana (Ruta 5), que percorre o Chile de ponta a ponta por mais de 3 mil quilômetros.

Cerca de 19% do território chileno é protegido por unidades de conservação. De ilhas subtropicais a campos de gelo, florestas, lagos, pampas e vulcões, são 32 parques nacionais, 48 reservas nacionais e 15 monumentos naturais, protegendo cerca de 14 milhões de hectares do país (veja detalhes no site www.conaf.cl). Em geral, as trilhas nesses locais são bem sinalizadas e o valor da entrada custa cerca de cinco reais, com exceção de parques concorridos como o Torres Del Paine. Caso você seja bom de perna, não leve em conta o tempo de duração indicado nas placas das trilhas, pois os números estão inflacionados para atender aos turistas convencionais. Quanto aos mapas, fique esperto. Nem sempre eles trazem informações precisas sobre distâncias e lugares. Dentre as espécies de animais endêmicos do Chile, o visitante que avistar um puma pode voltar para casa feliz. Os bichanos são super-raros e compõem uma lista de animais só vistos por lá, como o huemul (espécie de cervo), o condor, o guanaco (parente da lhama), a vizcacha (um roedor gordinho), o zorro (espécie de lobo) e o ñandúe (espécie de avestruz).

ACREDITE, O CHILE É TÃO EXTENSO e possui tantas zonas de difícil acesso que é capaz de, daqui a cem anos, ainda existirem locais preservados e isolados nos Andes e na solidão austral. Se você pretende conhecer o país de cabo a rabo por conta própria, uma boa pedida é comprar os livros The Rough Guide to Chile (Melissa Graham, 37 reais) e Lonely Planet Chile & Easter Island (Carolyn Hubbard, Brigitte Barta e Jeff Davis, 60 reais). Ambos em inglês, eles têm “quase tudo” o que você precisa para a sua jornada.

A hospedagem vai depender do estilo da viagem, do quanto se quer gastar e da cidade onde você está. As mais turísticas são mais caras, claro, e alguns estabelecimentos lotam nas altas temporadas. Dá para acampar (veja locais em www.puertooscuro.cl e www.mihinoa.com), se alojar em casas de família (www.hostalrioamazonas.cl), cabanas (www.portalpucon.cl), hotéis de categoria turística (www.tulor.cl) ou mesmo mega-resorts (www.explora.com), com janelas que se abrem para as Torres del Paine ou para o deserto de Atacama.

Atenção! Não se esqueça da sua câmera por nada nesse mundo. Segundo o montanhista e documentarista Rodrigo Rebouças, o Chile é um dos melhores lugares para se clicar belas imagens. Lá há as melhores luzes do mundo para se fotografar e filmar, especialmente em terras austrais no verão, com dias de até 16 horas de luz de ótima qualidade. Comece a sessão fotográfica pela chamada zona Norte Grande, um território praticamente desnudo e marcado por contrastes. É lá que ficam as planícies desérticas do Atacama, o lugar mais árido do planeta, com salares e vulcões de grande beleza. Contrastando, está a fertilidade verdejante do oásis de Pica e do vale de Azapa. É no norte também que está um dos pontos turísticos mais visitados do país, o vale da Lua. As intrigantes esculturas rochosas, perdidas numa paisagem lunar, formam parte da cordilheira do Sal. Sem vida e umidade, o vale é considerado por muitos o lugar mais inóspito da terra.

Aos que não se separam das suas magrelas, o norte é imperdível. Pedale sobre o salar do Atacama, conheça os impressionantes gêiseres de El Tatio, as inscrições rupestres do povo aymara, em Cerro Pintado, e as fortalezas defensivas dos incas pukaras em Quitor e Lasana. Vendo esses monumentos nacionais dá para se ter uma idéia do nível de desenvolvimento que chegaram os antigos moradores da região. Acesse os sites www.sanpedroatacama.com e www.cactustour.cl para outras informações e o www.hotelaldea.clpara para saber onde se hospedar no norte. Mas como um bom amigo, aviso que para cruzar pedalando as desoladas vastidões do Atacama é preciso ter muita determinação, bons mapas, água e protetor solar. Outros bons lugares para pedalar e caminhar são os parques nacionais Lauca, Pan de Azúcar e Fray Jorge. O Pan de Azúcar, com boa infra-estrutura, além de seu valor arqueológico e natural, ainda abriga uma inusitada colônia de pingüins Humboldt.

É montanhista? Anote então na sua lista de aventuras o isolado pico Llullaillaco (6.739 metros) e os imperdíveis vulcões Pomerape (6.282) e Parinacota (6.342), que formam o majestoso conjunto Payachatas, no Parque Nacional Lauca.

Agora, aos fãs do nível do mar, a dica é surfar as ondas tubulares em Iquique e Arica, Mas leve neoprene, pois a água é de arrepiar. No Chile, existem muitas praias inexploradas, especialmente nessa região, protegidas pelo acesso severo imposto pelo Atacama. Mas vale a pena o esforço. Um fenômeno conhecido como “marejada” forma ondas de volume assustador sobre rasas bancadas costeiras.

SE VOCÊ É PAULISTA, PROVAVELMENTE VAI FICAR DE QUEIXO CAÍDO ao passar uma noite na região chamada Norte Chico. O local é detentor do céu mais transparente e puro do planeta. São aproximadamente 345 noites por ano de céus claríssimos com muitas, muitas estrelas. Nos morros da região há alguns dos observatórios astronômicos mais importantes do mundo, como os científicos La Silla, Cerro el Tololo e Lãs Campanas e os turísticos Collowara e Cerro Mamalluca (veja mais em www.circuloastronomico.cl). Também nesta zona os aventureiros podem tentar chegar, entre outubro a maio, ao topo do Ojos del Salado, o vulcão ativo mais alto do mundo e a maior montanha dos Andes chilenos, com 6.893 metros. Do seu cume, avista-se outra grande e desafiante montanha, o Cerro Três Cruzes (6.749), localizado no parque nacional de mesmo nome.

Chegamos agora à área de transição entre o norte árido altiplano e as florestas úmidas do sul: a zona central do Chile. À primeira vista, destacam-se as terras cultiváveis, com muitos vinhedos e árvores frutíferas. Mas, olhando para o alto, encontramos o verdadeiro encanto da região: uma centena de grandes montanhas. O nevado Juncal (6.110), com seus quatro cumes, apresenta uma das faces norte mais íngremes e carregadas de neve dos Andes. Para escaladores espertos, outra opção é o Tupungato (6.570), um vulcão alto, afastado e com dificuldades similares ao do Aconcágua. Também há vias de rocha em Cajón del Maipo, las Chilcas, Punta de Tralca e Cerro la Campana.

É também no centro litorâneo que está o parque nacional de Rapa Nui. Apesar da massificação, a ilha não seria famosa caso não fosse realmente bela. Se você tem cacife bancário e tempo, não perca esta viagem. Uma opção interessante é acampar na praia de Anakena, a única de areia, junto com a pequenina Ovahe. Em Hanga Roa há hotéis e alojamentos familiares, com diárias entre R$ 40 e R$ 600, que oferecem comida e outros serviços. O café da manhã sai por R$ 14, o almoço por R$ 30 e “aquela” marca de refrigerante a partir de R$ 6.

Os clássicos Moais, que deram prestígio mundial à ilha, são estátuas monolíticas monumentais construídas pelos povos antigos. Além de fazer as trilhas para conhecê-las, o visitante pode pedalar, remar, mergulhar e surfar. No La Perouse encontram-se bons pontos para mergulho em apnéia. E por falar em surf, algumas das ondas mais temidas e desafiadoras do mundo quebram nas bancadas de Rapa Nui, com destaque para Mataveri, Akahanga, Hanga Nui, Tahai, Hanga Roa e Pokos. Agora, anote aí: Vinapu. O pico é hoje chamado de a “onda do futuro”, pois é monstruosa e tão forte como Teahupo (Taiti) e Pipeline (Havaí). Ela quebra a menos de 10 metros das pedras e muitas vezes uma bancada de lava petrificada está a apenas um palmo de profundidade. Acredite, alguns intrépidos encaram o local.

O único empecilho aos visitantes é a distância de Rapa Nui. Sorte da natureza. Considerada a ilha mais afastada do continente no mundo (3.760 quilômetros), o acesso mais fácil é voando pela Lan Chile. Há duas saídas semanais a partir de Santiago (R$ 1.400, ida e volta). De barco, a viagem leva seis dias a partir de Valparaíso.

Uma ilha mais próxima (667 quilômetros) e bem bacana é a Robson Crusoe, que faz parte do arquipélago Juan Fernandez, uma área de preservação ambiental magnífica. O nome é em homenagem ao clássico da literatura de Daniel Defoe, que se inspirou na história do descobrimento do local, em 1574, quando o náufrago Alejandro Selkirk se “hospedou” por lá. Refúgio de afamados piratas no passado, a ilha preserva um singular ecossistema intacto e dá para acampar de graça. Existem algumas áreas com um mínimo de estrutura para barracas e os mantimentos são vendidos com preço similar ao do continente. O forte lá é mergulhar ou andar e pedalar em trilhas encantadoras. Para chegar na Crosue, há vôos regulares pela Tairc, a partir de Santiago, por R$ 1.500, ida e volta.

Para completar a aventura central com chave de ouro, o surfista e editor da revista Hardcore, Edinho Leite, dá a dica: um bem-bolado de surf e snowboard. “Entre agosto e setembro a água está mais suportável e a neve cai legal em picos de esqui e snow, como no vale Nevado”, conta. Indo a esta estação, não deixe de procurar o instrutor brazuca Saulo Lyra, expert das ondas e da neve. Só para completar os melhores points do surf, acrescente as praias do balneário de Pichilemu e a fazenda Topocalma, a 40 minutos de estrada ao norte de Pichelemu, com três ondas incríveis e um pôr do sol no Pacífico digno do filme Endless Summer.

SABE-SE QUE OS MAPUCHES DERAM MUITA DOR DE CABEÇA AOS COLONIZADORES ESPANHÓIS, quando estes foram para cima dos índios chilenos, depois de dizimarem os astecas, os maias e os incas. Araucanía, antiga terra dos mapuches, é uma das três regiões que formam a zona Sul do Chile, junto com Bío-Bío e parte de Los Lagos. É considerada uma das áreas mais charmosas e heterogêneas do planeta. Oferece recursos naturais para se praticar desde aventuras extremas a passeios familiares.

São dezenas de estações de esqui e snowboard, mais de 15 lagos para todas as atividades aquáticas, picos e serras nevadas, termas para relaxamento, uma infinidade de trilhas e a impressão de que todos os vulcões do mundo se reuniram por lá para um papinho. Não é a toa que a região, que se estende até a Argentina, é conhecida como Cordão de Fogo dos Andes, ou Rota dos Vulcões (www.rutadelosvolcanes.cl). Os parques nacionais Villarica e Vicente Pérez Rosales abrigam dois cartões-postais do país: os vulcões Villarica (2.847) e Osorno (2652). Perca tempo também nos parques Huerquehue, Puyehue e Alerce Andino, que guarda árvores de três mil anos. Serviços completos no site www.osornochile.cl.

No inverno, dá para descer os dois vulcões citados acima de esqui ou snowboard, com um surpreendente visual do lago Llanquihue, o segundo maior do país. Demais também é chegar na beira da cratera do Villarica e observar as explosões de magma incandescente. Mas tome cuidado com o desprendimento de pedras, os gases altamente tóxicos e as atividades explosivas sem prévio aviso. Ao todo o Chile tem mais de quatro mil quilômetros de cordilheira, o que o torna internacionalmente conhecido como um dos melhores destinos para esportes de inverno, com pistas de ótima qualidade, infra-estrutura e belas paisagens.

Já Puerto Montt e Pucón são os destinos dos turistas que buscam bons serviços e agito. Eu, particularmente, gostei mais da charmosa cidadela de Puerto Varas (www.puertovaras.org), com simpáticas construções de madeira, herança da colonização alemã. Se você alugar um chalezinho com uma varanda que dá nas águas do Llanquihue, pode ter certeza de que se apaixonará de vez pelo Chile.

Mas se você já é umamante das águas brancas, rume direto a Futaleufú, um encantador vilarejo aos pés da pré-cordilheira, com uma ótima infra-estrutura e um rio de mesmo nome. De fama internacional, as corredeiras chegam à classe V e assustam até aos mais corajosos. Consulte o site www.kayakfu.com para decidir o roteiro. Depois, volte ao Pacífico e pratique um pouco de windsurf, kitesurf e canoagem oceânica. Ou observe os golfinhos, os pingüins e os leões marinhos nas baías de Ancud e Corcovado.

O FIM DO MUNDO ESTÁ CHEGANDO! Calma, não é nenhum aviso apocalíptico. É apenas a região da Patagônia se aproximando, lá no finzinho do Chile. A partir das regiões dos lagos, o Chile se desfaz num extenso labirinto de milhares de ilhas, canais, fiordes, glaciares, selvas, lagos, montanhas, vales profundos e vento, muito vento. Dividida em Patagônia norte e sul, a antiga morada dos índios patagones também é conhecida como zona austral. O norte é um dos poucos lugares do mundo com ambientes ainda completamente virgens. Já o sul guarda o Campo de Gelo Sul, a maior massa de gelo fora dos pólos.

Ao colocar os pés na Patagônia, logo se descobre que o vento é quem manda. Ele tira o controle dos veículos, derruba ciclistas e caminhantes desatentos, impõe paradas não-programadas, gela ossos, bagunça os acampamentos e até não nos deixa respirar. Exagero? Não vou nem falar das barracas que voam.

Quem não encara uma barraca pode fiar tranqüilo. A indústria do turismo na Patagônia se amplia e se aperfeiçoa a cada ano. Cidades como Punta Arenas e Puerto Natales oferecem considerável leque de serviços para as atividades ao ar livre. Milhares de turistas vêm em busca de lugares preservados e exóticos, que oferecem doses “controladas” de fortes emoções, com o conforto que o dinheiro pode pagar. Para eles, o paraíso se chama Patagônia.

A melhor maneira de entrar na Patagônia é pela Carretera Austral (ou Ruta CH 7, veja no site www.aisen.cl), uma estrada que atravessa uma zona geográfica muito acidentada. Foram necessários vinte anos, mais de 200 milhões de dólares, 10 mil militares, 3.000 metros de pontes de concreto e mais de 500 mil quilos de explosivos para realizar essa gigantesca obra, construída praticamente sem maquinário. Com cerca de 1.240 quilômetros de extensão, a rodovia é inteiramente revestida de ripio e se estende de Puerto Montt a Villa O’Higgins. Neste caminho, corta bosques selvagens, rios turbulentos, lagos, campos de gelo, gargantas rochosas, altos fiordes, pântanos e vales. São justamente as adversidades do terreno que fizeram desta belíssima estrada uma das mais fascinantes atrações turísticas do Chile.

De bike, prefira percorrer a estrada no verão, quando o clima é mais ameno, embora o tráfego de carros seja maior. Mas, prepare-se para um sol de rachar e quedas bruscas de temperatura à noite. Leve muita água e tome cuidado com o arremesso acidental de lascas de ripio ao cruzar veículos. Abaixe a cabeça e use o capacete como escudo nas ultrapassagens. Mais dicas cicloturísticas no site www.ciclonautas.cl. Depois de O’Higgins, a Carretera, quando finalizada, passará por terras argentinas, voltando ao Chile mais abaixo. Não se esqueça que a infra-estrutura à beira da estrada é escassa. Se estiver de carro, deixe o tanque sempre cheio e leve comida.

Enfim, estamos no parque nacional Torres del Paine, um dos mais lindos, visitados e desejados do mundo. Poucos lugares no mundo concentram tamanha variedade de encantos naturais e belezas num só lugar. Dentre tantos atrativos naturais, sem dúvida as maiores atenções se voltam ao famoso maciço montanhoso. São incontáveis cumes rochosos e nevados, com uma dúzia de montanhas consagradas mundialmente como as mais difíceis e belas do planeta. Destaque para o Paine Grande (3.050 metros), o Cuerno Principal (2.110) e as três pontiagudas Torres que dão nome ao parque: Norte, Central e Sul.

Escalar na Patagônia é uma experiência ímpar devido às severas condições climáticas e ao estilo de escalada da região. Depois de passar por lá, o respeito pela montanha se torna o primeiro parágrafo na bíblia de qualquer escalador. Visite o site da Federação de Andinismo de Chile (www.feach.cl) para fazer um curso básico em rocha e gelo por lá. Quem deseja curtir os visuais patagônicos sem esfolar as mãos em fendas, pode fazer um vôo panorâmico de ultraleve sobre a cordilheira (www.ultrasport.cl).

Outro forte da Patagônia são as trilhas. Todas são muito bem sinalizadas e há opções para todos os níveis de pernas. Marcello Vazzoler, montanhista há 25 anos, com sete carimbos patagônicos no passaporte, dá a dica: “As trilhas clássicas são as do circuito W. Elas podem ser feitas em até quatro dias e adentram três dos vales mais bonitos. Também há a trilha do Paine, que circunda por completo o maciço, e dura seis dias”. Para Vazzoler, a visão do Campo de Gelo Sul, a partir do passo John Gardner, é o momento mais marcante do circuito Paine. “Um verdadeiro mar de gelo e emoções”. (www.torresdelpaine.com).

E eis que chegamos ao tal do “fim do mundo”. Saindo de Puerto Natales, não dispense a chance de cruzar o afamado Estreito de Magalhães e chegar a Porvenir, a capital da Terra do Fogo. Depois continue a jornada rumo ao sul, visitando o porto Williams e o parque nacional Cabo de Hornos, a quebrada mais conhecida e temida dos navegantes. Quer saber? Até que tem muita beleza natural por essas bandas, mas você vai mesmo é enfrentar chuva, frio e ventos, até sentir saudades do calor do Atacama. “Bienvenido a Chile”, a terra dos contrastes, das aventuras e das eternas recordações.

SE O SEU DESTINO É A PATAGÔNIA…

COMO CHEGAR

Os vôos de Santiago a Punta Arenas, na Patagônia, duram quatro horas e custam cerca de R$ 650 (ida e volta). De ônibus, são de dois a três dias até Puerto Natales, que está a menos de três horas do parque. Ou contrate uma operadora de turismo local (www.bigfootpatagonia.com), que disponibiliza os equipamentos e a experiência que você precisa para caminhadas no gelo, remadas ou mesmo escalada.

ONDE DORMIR

As opções vão de hotéis luxuosos a acampamentos exclusivos para escaladores. Os campings Lago Pehoé, Rio Serrado e Laguna Azul têm ótima estrutura, como lenha, água quente, bazar e telefones que fazem ligações internacionais. Um dos melhores dias da minha vida foi passado no acampamento Italiano, um local gratuito e que dá acesso ao vale do Francês, com gigantescas agulhas de pedra capazes de enlouquecer qualquer escalador.


PREPARE-SE PARA OS PARQUES

O único incômodo em alguns parques da Patagônia (principalmente na Terra do Fogo) são os valores abusivos dos serviços, como entrada, transporte e refúgios, às vezes impraticáveis para os turistas latino-americanos. As entradas dão direito a um mapa, mas fique esperto: várias vezes eles não o informam disso e é preciso pedi-lo.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2007)







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