Por Stephanie Pearson
O QUE ME DEIXOU APAIXONADA de vez pelo México foi uma viagem de carro de 12 mil quilômetros que fiz há alguns anos. Fui de carro de Sierra Madre Oriental até a capital dos frutos do mar, Veracruz. Perto de Mérida, andei de bike por ruínas maias. Em Tulum, só dormi em redes. Ao contrário das previsões dos meus amigos, não fiquei doente nem fui roubada. A única encheção de saco foi uma multa de US$ 200 por excesso de velocidade. O policial levou sua parte, mas eu estava mesmo a 90 km/h em uma zona em que a velocidade máxima permitida era de 55 km/h. É claro que, com a atual violência das gangues de traficante de droga, eu ficaria longe de Juárez por enquanto. Mas nada consegue me manter longe das areias brancas e dos deliciosos tacos de peixes. Um vôo até um dos principais aeroportos do México não deve sair por mais de US$ 1.000, e com R$ 15 dá para comprar uma semana de suprimento de frutas e vegetais frescos na feira local. Esse paraíso pode ter seus limites, mas também oferece mais espaço para surfar, andar de bicicleta e remar de caiaque que qualquer um precisa.
Trekking em Yucatán
A costa caribenha do México, a Riviera Maya, é ótima, mas não tem a alma do interior de Yucatán, onde as fazendas espanholas se encontram com a civilização maia para formar uma paisagem que parece saída de um poema de Octavio Paz. Vá de avião até Cancún, alugue um carro e comece a visitar as ruínas a 120 quilômetros da costa, em Cobá, uma cidade maia de 1.300 anos. Alugue uma bike por US$ 2,50 na entrada, pedale pelas ruínas e escale a pirâmide de Nohoch Mul. Depois, é hora de conhecer um dos sítios maias menos visitados, Oxkintok, a 65 quilômetros ao sul de Mérida, onde mais pirâmides podem ser admiradas. Mas a melhor parte da viagem são as acomodações: o grupo hoteleiro Starwood cuida de uma série de fazendas dos séculos 16 ao 18 renovadas. Essas grandiosas fachadas são pontos ideais de partida para viagens diárias para outras ruínas, como a icônica Chichén Itzá. E, por sorte, você nem precisa escolher onde vai dormir: a Starwoord oferece uma opção de estadia de sete dias em haciendas (US$ 2.600, incluindo café da manhã; haciendasmexico.com). (SP)
Escape para Isla Holbox
Uma faixa de 42 quilômetros de areia a 65 quilômetros a noroeste de Cancún, Isla Holbox conseguiu evitar o turismo em massa: aqui não há estradas, só areia. E não há carros, só carrinhos de golfe. E nada de farofeiros – só os 1.500 moradores e alguns viajantes mais espertos. Pegue uma ponte aérea em um teco-teco de Cancún até o portal de entrada no continente, em Chiquilá (US$ 175 cada viagem; holboxisland.com). Daí são 15 minutos de balsa até Holbox (US$ 4 cada travessia; holboxmonkeys.com.mx). Sua base é Casa Sandra, um resort com uma série de chalés de frente para o mar (quartos para casal a partir de US$ 155; casasandra.com). De maio a setembro é temporada dos tubarões-baleia na Biosfera de Yum Balam, uma área de preservação de 1.550 quilômetros quadrados de águas e florestas costeiras. Explore a fauna local com um guia de mergulho com snorkel da Mextreme Travel – a operadora doa parte de seus lucros para a preservação dos tubarões-baleia (US$ 50 por viagem; mextreme-travel.com). Dica: leve dinheiro vivo. Holbox não tem caixas automáticos e cartões de crédito raramente são aceitos. (TED ALAN STEDMAN)
Surf em Sayulita
Sayulita não é mais segredo. Por isso os editores me deixaram escrever sobre o lugar –metade da equipe da Outside o visitou ano passado. Uma aldeia de pescadores de frente para uma baía em forma de crescente no Pacífico, 45 minutos ao norte de Puerto Vallarta, Sayulita é um ótimo lugar para descansar, mas o que faz esse lugar se destacar é o surf democrático: há um break para longboard bem perto da praia e muitas opções mais avançadas acessíveis por barco. Se você quiser alugar uma casa, a SayulitaLife.com oferece inúmeras opções. Mas, se você não precisa de tanto espaço, vá atrás de um dos amplos, mas econômicos, quartos da Villa Amor, na ponta sul da baía (quartos para casal a partir de US$ 90; villaamor.com). O resort vai te apresentar aos melhores instrutores de surf do local (uma aula sai por cerca de US$ 25). Os mais experientes podem procurar a Tranquilo Surf, que organiza excursões de surf de um dia em busca de points com ondas que chegam à altura dos ombros (os preços variam; tranquilosurf.com). (SP)
CHIAPAS: Nonguém pensa em floresta tropical quando se fala em México
Reme em Baja
Se me perguntarem, eu diria que as praias de areias brancas de Baja e as serrilhadas montanhas de Sierra de la Giganta são ainda mais bonitas vistas do mar de Cortez, um paraíso dos canoístas. Inscreva-se para uma viagem de oito dias com a operadora Tofino Expeditions (US$ 1.250; tofino.com), começando no porto de Loreto para pescaria e férias. Você irá explorar as ilhas costeiras e mangues; remar ao lado de leões marinhos no Parque Nacional Marinha da Baía de Loreto; e passear em meio às formações de rochas vulcânicas de cor pastel na costa da Sierra de la Giganta, 25 quilômetros ao sul de Loreto. À noite, acampe nas praias ou durma em um dos 48 quartos de frente para o mar no Desert Inn em Loreto. Virando a esquina, o Bar do Mike serve uma ótima michelada – a cerveja local misturada com suco de mexilhões, limão e sal (tem gosto de chá gelado, só que melhor). (STEFANI JACKENTHAL)
Pelas selvas de Chiapas
Viajantes que curtem uma floresta tropical com um toque de ruínas costumam ir para Belize ou para a Costa Rica, e nem mesmo pensam no sul do México. Resultado: Chiapas, apesar de ser o lar de alguns postos avançados maias, recebe poucos visitantes, a maioria mochileiros australianos. O que não é problema. Faça uma viagem particular de cinco dias com os guias arqueólogos da operadora MayaSites (a partir de US$ 700; mayasites.com). A viagem começa em Palenque, uma cidade maia pontuada por pirâmides. Depois, os turistas vão de canoa pelo rio Usumacinta – Crocodilos! Tucanos! – até os templos cobertos de musgos em Yaxchilán. Opte por passar a noite no centro de ecoturismo de Escudo Jaguar, a uma hora rio acima de Yaxchilán. Dalí, fazer uma viagem de um dia até Agua Clara – uma série de cachoeiras que alimenta meia dúzia de piscinhas naturais de calcário travertino – é moleza. (EMILY MATCHAR)]
Pedale pela Sierra Madre
Subidas duras e escorregadias. Incríveis vistas do Pacífico. A Sierra Madre foi feita para mountain bikes. Se quiser pedalar no Copper Canyon, a vasta série de desfiladeiros a oito horas de El Paso, no Texas, vai precisar de força nos quadríceps e de um guia – a operadora Remolino Adventure Works oferece viagens de oito dias (US$ 1.400; remolino.com). Não tem todo esse tempo? Explore os sopés das montanhas ao sul de Puerto Vallarta com a Eco Ride Mex (US$ 140; ecoridemex.com). Opte pelo trajeto de Yelapa, que começa em El Tuito, a 45 quilômetros de Puerto Vallarta, e passeie por 55 quilômetros ao longo de penhascos com vista para a floresta tropical e o azul da baía de Banderas. Uma descida forte até Yelapa leva a uma viagem por barco-táxi até Puerto Vallarta, onde o Buenaventura Hotel aguarda diante do mar (quartos para casais, US$ 150; hotelbuenaventura.com.mx). (SJ)
SIERRA MADRE: Cooper Canyon, a vasta série de desfiladeiros ótima para mountain bike
O viajante bem informado
O único guia de viagens do México que você vai precisar na sua vida se chama The People’s Guide to Mexico e foi escrito há 38 anos – infelizmente só em inglês, mas se você souber só o básico da língua vai se virar. É claro que o clássico de Franz e Lorena Havens foi atualizado ao longo dos anos, mas a alma bizarra do livro continua a mesma: oferecendo vinhetas e informações aventureiras sobre como se virar com os bordéis, touradas e policiais atrás de suborno. Isso sim é serviço bem-feito.
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2010)