Corrida na pele: as histórias de quatro tatuagens de corredores

Da esquerda para a direita: Gabriel, Larissa, João e Vinícius

Por João Ortega, da Runner’s World*
Fotos de Diego Cagnato

NÃO FAZ MAIS DE QUATRO décadas que a corrida, no Brasil, era praticada apenas por um nicho pequeno de pessoas. Com o tempo, a prática se popularizou como um dos esportes mais populares do país. O mesmo pode ser dito da tatuagem: se na década de 1970 estava restrita a poucas “tribos” como motoqueiros e a galera rock’n’roll, hoje é comum que as pessoas tenham na pele os mais diversos desenhos. E por que não juntar as duas coisas? A corrida é uma paixão nacional – e cada vez mais corredores exibem suas tattoos pelas ruas. Contamos aqui histórias de pessoas para quem a prática da corrida é tão importante que precisaram imortalizá-la em suas peles.


JOÃO PASSINI, 38 anos

Quando os amigos obrigaram o designer digital João Passini a sair de casa para se movimentar – nem que fosse por alguns minutos –, ele passou a se incomodar com a situação crítica em que se encontrava. Pesando 147 kg em 2013, o paulista de Campinas viu o incentivo dos amigos como a chance para um recomeço. A princípio, João e cinco colegas saíam para caminhadas e corridas curtas. “Eu sempre chegava por último, e o pessoal até voltava para me buscar”, conta o designer. “Com o tempo, fui pegando gosto e vendo resultados.” Perdeu 30 kg e procurou a ajuda de uma nutricionista, que o auxiliou a unir o treinamento com fortalecimento muscular e alimentação saudável. “Hoje apenas dois amigos ainda me acompanham nas provas, e sou o mais magro da turma”, diz João. Este ano, o corredor de 38 anos completou sua primeira meia maratona e nem pensa em parar. “Para celebrar e marcar toda essa mudança, fiz a tatuagem de um corredor cruzando a linha de chegada, simbolizando quebra de limites, vitória e realização”, fala.

VINICIUS SECCO, 27 anos

É no próprio sangue que uma pessoa pode encontrar suas raízes, motivações, vícios e virtudes. Nas veias do empresário Vinicius Secco corre o sangue de seu avô, que foi atleta do Palmeiras há seis décadas e completou a São Silvestre de 1963. Também corre o sangue do pai, falecido em 2008 por conta de problemas cardiovasculares. Não por acaso, um ano depois da perda do pai, Vinicius mergulhou no universo da corrida, e seu sangue passou a ferver pelo esporte. “Fiquei viciado!”, conta. Desde então, o paulistano de 27 anos tem uma rotina pesada de treinos e chegou a completar uma ultramaratona e duas maratonas – além de uma São Silvestre exatamente 60 anos depois da disputada pelo avô. O empresário encontrou na tatuagem uma maneira de representar tudo isso, mas nem esse processo foi fácil: procurou na Internet, entre centenas de tatuadores, aquele que tivesse o traço ideal. Até que encontrou um que representasse de maneira perfeita, por extenso, os 42,195 km tão importantes em sua trajetória recente. E na “aquarela que mais parece sangue”, como o próprio Vinicius diz, o toque final. “Sou completamente louco pela minha tattoo.”

GABRIEL SILVA E LARISSA KOSOBA, 30 e 28 anos

A união de duas pessoas por um objetivo comum pode dar a força necessária para que ambos alcancem a meta e cheguem ainda mais longe. Esse é o caso de Gabriel Silva e Larissa Kosoba: desde 2015, o casal começou a praticar corrida como uma forma de perder peso. “Esse exercício salvou minha vida, porque eu estava caminhando para a necessidade de uma cirurgia bariátrica“, diz Gabriel, que chegou a pesar 129 kg e hoje, com 30 anos, está na casa dos 86 kg. O caso da psicóloga Larissa, de 28 anos, é menos extremo – passou de 72 kg para 60 kg. Mas a prática esportiva em casal foi muito além da necessidade física. “Transformamos os horários de treino em nosso momento de lazer juntos. Nós nos divertimos, damos risadas e nos desafiamos a melhorar sempre”, explica Gabriel, que é engenheiro de produção. Desde 2015, o casal treina entre cinco e seis vezes por semana, já passou pelos 5 km e pelos 10 km e agora foca na meia maratona. O objetivo é correr dez provas de 21 km ao longo deste ano (até agora, metade da meta foi cumprida). Para celebrar as conquistas como dupla, Gabriel e Larissa decidiram marcar a corrida na pele. “Simboliza nossa evolução, o amor pelo esporte e minha luta contra o peso”, conta o engenheiro.

*Reportagem publicada na ed. 143 da Go Outside, de agosto de 2017.







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