Jericoacoara venta muito: sorte para o wind e kitesurf

Por Cassio Waki com foto de Fábio de Maria

Jericoacoara venta muito

Jericoacoara venta muito. Jeri é, literalmente, um lugar onde o vento não faz a curva. Área de Proteção Ambiental desde 1984, a região recebe ventos de todas as direções – do mar, da terra e tangente ao continente, os ventos alísios, que sopram da África –, já que sua costa é paralela à linha do Equador. Sem nenhum obstáculo natural para diminuir sua força, os ventos alísios atingem Jeri em cheio, tornando a vila de pescadores um dos lugares mais procurados para a prática de esportes de vento.

Primeiro foram os windsurfistas que descobriram o lugar. Agora o windsurf divide espaço com o kitesurf, modalidade em que os praticantes usam uma prancha e uma pipa para decolar vôo e fazer manobras sobre as ondas. “A região tem todas as condições para a prática: vento constante, água quente e ondas”, afirma Marcelo Cunha, bicampeão brasileiro de kite e instrutor pela International Kiteboard Association (IKO).

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A primeira aparição do kitesurf em Jeri foi em 1998, com uma expedição de Luis Roberto Formiga (que já foi campeão brasileiro de skate, de acrobacia em asa-delta e pioneiro na prática de snowboard, skysurf e kitesurf no Brasil) e seu amigo Marcelo Cunha. “Encontramos uma certa resistência dos windsurfistas, mas depois mostramos como o kite é bacana. Hoje se pode dizer que Jeri é mais kite do que wind”, conta Marcelo.

“A procura dos kitesurfistas por Jeri cresceu muito de dois anos para cá. Em 2004, muitos alunos iniciantes freqüentaram as aulas”, conta Fábio de Maria, proprietário da pousada e escola de kite Rancho do Peixe. Atualmente, a região possui cinco centros de kitesurf. “O esporte aqui vai crescer ainda mais”, assegura Alexandre Vasconcelos, o Sacha, presidente da Associação de Kitesurf de Jericoacoara (AKJ).

Jericoacoara venta muito, e a favor

Jericoacoara é a praia mais famosa. Mas a praia do Preá, a 15 minutos de lá, oferece ventos ainda mais fortes que os de sua vizinha. “Ali, o vento chega a 75km/h, o que assusta um pouco os iniciantes”, diz Sacha. “Mas qualquer pessoa pode praticar o kite, mesmo nessas condições, desde que tenha responsabilidade e orientação de profissionais”, completa.

Outro pico pouco conhecido é a Barra do Guriú, a 45 minutos da praia de Jeri. “Você entra por um canal e veleja de kite até cair no mar”, conta Formiga. Ele e Marcelo Cunha sobrevoaram a região de helicóptero até encontrar um local perfeito para praticar kite. Esse lugar era Guriú.

Para as primeiras aulas, a Lagoa do Paraíso também é uma boa opção.

DIVERSÃO PARA TODOS

Nos meses de novembro e dezembro, os ares de Jeri ficam pontilhados de pipas coloridas se revirando em manobras radicais. São os atletas profissionais que disputam o Super Kite, campeonato mundial disputado em novembro em Fortaleza, e que depois esticam a viagem até Jeri para uma temporada de treinos e curtição com os amigos. É a época em que os ventos sopram mais forte na região.

Para quem ainda está começando, é melhor marcar passagem para os meses de julho a outubro, quando o vento já é forte o suficiente para os praticantes sentirem o frio na barriga de voar e saltar sobre as águas. De janeiro a junho, os ventos dão uma folga e deixam as aulas mais fáceis (mas um pouco menos emocionantes).

ONDE PRATICAR: a AKJ possui dez instrutores de kitesurf. O curso com 8 horas de duração, com equipamento e transporte, sai por R$ 600, (85) 8857 2151, www.akj.com.br; Rancho do Peixe, na praia do Preá, (88) 3660 3118, www.ranchodopeixe.com.br; Kite Clube Preá, na praia do Preá, (88) 3669 2359, www.kiteclubprea.com.br; Clube dos Ventos, tradicional pelos cursos de windsurf, agora, também investe no kite, (88) 3669 2288, www.clubedosventos.com.br.

ONDE FICAR: Pousada Vila Kalango, em Jericoacoara. Fica de cara para o mar, ao lado da duna mais famosa, a do pôr-do-sol. Oferece cursos de Wind e kitesurf. Diária para casal entre R$ 170 e R$ 335. Tel. (88) 3669 2290 e www.vilakalango.com.br; Rancho do Peixe, 16 bangalôs dentro de uma fazenda com coqueiros com piscina e restaurante. De R$ 160 a R$ 190 por casal.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de junho de 2005)

 







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