Aula de bicicleta

SOCIAL: Arthur Simões e seu instrumento de ensaio

Por Piti Vieira

No dia 3 deste mês, o advogado e professor de ioga Arthur Simões, partiu de São Paulo rumo ao mundo numa viagem que vai atravessar 28 países e percorrer 35 mil quilômetros em aproximadamente dois anos e meio. Tudo isso sobre uma bicicleta. O projeto, batizado de “Pedal na Estrada – o mundo visto sobre duas rodas”, combina aventura, esporte e projeto social. “O maior objetivo do Pedal na Estrada é a gestão e disseminação do conhecimento, a fim de fortalecer as ações comunitárias e encorajar os alunos a reagirem aos desafios da sua própria realidade de forma pró-ativa e sustentável”, explica Arthur.

Paulista de São José dos Campos, Arthur desenvolveu parcerias com colégios, escolas, ONGs e outras instituições de ensino interessadas em fazer da viagem um objeto de estudo aplicado. Ao longo do percurso, o ciclista fará entrevistas e coletará experiências e histórias do local onde está naquele momento — registradas em texto, fotos e vídeo —, que serão enviados periodicamente, via Internet e em formato de newsletter, às instituições parceiras. Além disso, haverá comunicação entre os estudantes e o ciclista, criando um vínculo interativo para que os alunos possam extrair o máximo de cada experiência vivida durante a viagem.

Um dos diferenciais do Pedal na Estrada é a escolha do trajeto a ser seguido. Os países foram eleitos com ênfase em sua importância para a estratégia de ensino, incluindo regiões pouco exploradas nos roteiros convencionais como Líbia, Argélia e Mianmar (antiga Birmânia) e territórios que foram cenário de importantes acontecimentos históricos. O roteiro programado para a viagem atravessa a América do Sul, parte para a Oceania, cruza a Ásia, o Oriente Médio e a África, e termina na Europa. Alguns trechos deverão ser percorridos de navio ou avião.

Além de despertar nos estudantes a curiosidade pelo desconhecido e por culturas diferentes, eles serão incentivados a buscar soluções para os temas sociais que serão abordados ao longo do Projeto. “Usar a imaginação para superar desafios, ampliar os horizontes, o intelecto e o desejo de aprender. Mostrar como é possível vencer os obstáculos mais difíceis que são colocados em nossos caminhos. Esse é meu objetivo”, diz o ciclista.

Entusiasta do ciclismo — ele percorreu 400 quilômetros da Estrada Real (Rota dos Diamantes) e treinou com o antigo pelotão de ciclistas da USP —, Arthur escolheu a bicicleta como meio de transporte para que o projeto pudesse combinar harmoniosamente as duas propostas: o programa sócio-educativo e a aventura esportiva. Além disso, trata-se de um veículo ecologicamente correto e rápido, que permite ao ciclista um contato extremamente próximo ao coração das culturas visitadas, evitando que fique restrito aos locais turísticos ou às grandes cidades. Na bagagem, além dos equipamentos necessários para a aventura, Arthur levará material didático e todo um aparato tecnológico para garantir que a comunicação com os estudantes seja estabelecida sempre que possível.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2006)