Volta por baixo

A canoísta alemã Freya Hoffmeister publicou em seu blog as últimas novidades sobre sua expedição, que começou em 2011. Durante a viagem, ela pretende remar toda a costa do continente sul-americano.

No post, publicado no dia 1 de abril, Freya comenta sobre o cansaço e a dificuldade de remar com os fortes ventos da costa chilena, que alcançam até 14 nós. Ela também comentou sobre o costume que adquiriu de comer aveia e da beleza dos golfinhos que nadam junto a seu caiaque. Segundo esse mesmo post, ela navegava a caminho de Punta Puga, no Chile.

Na edição de fevereiro da revista Go Outside, você conferiu uma reportagem sobre o maior desafio da carreira de Freya. Leia a seguir o texto na íntegra.

A canoísta alemã Freya Hoffmeister consegue atravessar com sucesso o cabo Horn e se aproxima cada vez mais de completar o maior desafio de sua carreira: remar toda a costa do continente sul-americano

Por Adam Roy


LIÇÃO DE CASA: A canoísta treina em sua terra
natal, em Husum, na Alemanha

LEVANDO EM CONTA o que Freya Hoffmeister planejava fazer quando deixou, remando, a cidade de Buenos Aires em agosto de 2011, não é difícil tirar logo o chapéu diante da perseverança e da coragem dessa alemã de 47 anos. Nascida em Husum, a canoísta então se preparava para percorrer, a bordo de um caiaque, os 24 mil quilômetros que compõem a costa sul-americana – tudo isso antes de seu aniversário de 50 anos, em maio de 2014. No total, ela remará por 12 países diferentes e irá cruzar a linha do Equador duas vezes. Ex-paraquedista e halterofilista profissional, Freya traz no currículo feitos igualmente marcantes: em 2009, navegou os 25.750 quilômetros da costa australiana, tornando-se a primeira canoísta a dar a volta naquele país. “Pelo menos agora não terei crocodilos por perto”, escreveu ela em seu blog antes de sair da capital argentina.

No final de dezembro, ela se viu de cara com o maior obstáculo de sua atual expedição: contornar o Cabo Horn, área rochosa que marca o extremo sul do continente sul-americano. Localizado no encontro de três oceanos, o Horn é palco constante de tempestades com swells (ondulações) de nove metros de altura e ondas poderosas que podem facilmente partir um caiaque.

“O encanto de um desafio desse tipo é estar nas maiores ondas oceânicas do mundo, a bordo da menor embarcação imaginável”, diz o canoísta norte-americano Jon Turk, que teve seu caiaque destruído na sua primeira tentativa de contornar o Cabo, em 1979.

Para não ser pega de surpresa pelo imprevisível clima da Patagônia, Freya contou com a ajuda do meteorologista holandês Karel Vissel, que enviou para ela duas vezes ao dia, por meio de telefonemas via satélite, previsões sobre as condições na região. Mas é muito provável que nem mesmo uma ameaça de mau tempo seria capaz de manter a moça fora da água, já que a alemã, para cumprir os prazos e manter a velocidade, costuma correr riscos com certa freqüência. Em sua jornada épica pela Austrália, ela passou sete noites seguidas dormindo no deque do caiaque, uma estratégia que permitiu que atingisse o fim da viagem em 332 dias, batendo o recorde de 360 dias estabelecido em 1982 por Paul Caffyn, canoísta da Nova Zelândia.


FORTONA: A ex-fisiculturista Freya Hoffmeister é conhecida pela
coragem e perseverança

No dia 3 de janeiro, a boa notícia foi postada em seu blog: Freya conseguiu atravessar o Cabo Horn com sucesso. “Ela já está com a ponta de seu caiaque apontada para o norte, usando o máximo possível da força dos ventos. Boa, querida!”, escreveu um assistente no site freyahoffmeister.com.

Com essa vitória, ela pode agora percorrer os 18.500 quilômetros restantes em duas etapas de três meses, com direito a uma pequena pausa para voltar à Alemanha e curtir o filho de 15 anos e administrar suas duas sorveterias e uma loja de artigos natalinos. Poucas pessoas duvidam de sua capacidade, e Freya definitivamente não está entre os céticos. “Você só tem que confiar na sua habilidade, potência, resistência e força – qualidades que sei que tenho. E, quando preciso, elas aparecem em quantidades impressionantes”, diz ela.

>> Freya Hoffmeister está remando um caiaque de carbono e kevlar de 18 pés (6 metros) de comprimento. A emabrcação pesa pouco mais de 21 quilos quando vazia e 170 quilos quando leva Freya e todo seus equipamentos. Ela irá remar numa velocidade média de 4,8 quilômetros por hora, o que dá um total de 5 mil horas para a expedição inteira.

(
Reportagem publicada originalmente na Go Outside de fevereiro de 2012)







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