Escaladores estão propondo uma solução

Para quem quer escalar o Monte Everest, pensar em seus resíduos corporais provavelmente não é a maior prioridade. No entanto, os dejetos e o lixo são atualmente um problema ambiental no pico mais alto do mundo.

Nesta temporada, os carregadores que trabalham no Everest retiraram quase 13 toneladas de lixo humano – o peso equivalente a dois elefantes adultos – do acampamento base para um local de despejo próximo, de acordo com o Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha (SPCC).
Os resíduos são despejados em Gorak Shep, um leito de gelo congelado a 17.000 pés acima do nível do mar, onde eles murcham e desidratam. Mas existe o risco de vazar para um rio e contaminar o sistema de abastecimento de água.
O vilarejo de Gorak Shep
“É feio e anti-higiênico, é um problema de saúde e um pesadelo ambiental”, disse Garry Porter, montanhista aposentado e engenheiro do estado de Washington à CNN.
“Eu experimentei a emoção e a grandiosidade do Monte Everest, mas também vi o que acontece quando nós, o mundo ocidental, saímos, como se o nosso lixo não ficasse”, explica.
Mas Porter não culpa os escaladores, pois ele entende que principal preocupação é chegar ao topo e voltar para casa vivo. As autoridades nepalesas também não são culpadas, diz Porter, já que não há estações de tratamento de resíduos nas proximidades.

Solução

Porter, juntamente com seu companheiro de escalada Dan Mazur, estabeleceram o Projeto de Biogás do Monte Everest quase oito anos atrás para tentar se livrar desse “risco ambiental”.
A proposta é instalar um digestor de biogás em Gorak Shep para converter resíduos humanos em gás metano.
No entanto, digestores de biogás são difíceis de operar em altitude em temperaturas abaixo de zero. Isso ocorre porque o processo exige que as bactérias se alimentem de resíduos orgânicos, e esses microrganismos vivos precisam ser mantidos aquecidos, explica Porter.
Para ser possível, o Projeto de Biogás do Monte Everest planeja usar painéis solares para transmitir calor ao digestor. Haverá também uma bateria para armazenar energia durante a noite quando o sol se põe.
Os produtos finais serão o gás metano, que pode ser usado para cozinhar ou iluminar, e o efluente que pode ser usado como fertilizante para as culturas.
A equipe ainda precisa testar se o efluente estará livre de microrganismos perigosos e, portanto, seguro para uso como fertilizante. Porter diz que eles vão começar a testar o efluente este ano e se for perigoso, o plano é filtrar contaminantes em um sistema séptico subterrâneo.
Para Porter, trata-se de pagar uma dívida com o povo nepalês. “Eu era parte do problema, então espero que agora eu possa fazer parte da solução”, diz.






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