Quatro formas de apoiar os entregadores de bike

Por Verônica Mambrini

entregadores de bike
Imagem: Edu

Entregadores de bike e moto que trabalham via aplicativo fazem uma paralisação hoje, 1° de julho. A greve nacional busca melhor remuneração por quilômetro rodado, melhores condições de trabalho para os entregadores de bike e garantias mínimas de segurança. Os entregadores trabalham para apps como iFood, Rappi, Uber Eats e Loggi, sem nenhum contrato ou vínculo trabalhista. 

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De acordo com um estudo realizado no Brasil, a maioria dos entregadores via app recebem menos de dois salários mínimos. Isso apesar de encarar jornadas de trabalho entre nove a 14 horas diárias, todos os dias da semana. 

Principalmente nos casos dos trabalhadores que fazem estas entregas de bicicleta, o desgaste físico e mental é massacrante – até porque o algoritmo que distribui o trabalho  para os entregadores privilegia os que ficam mais disponíveis. Em plena pandemia de coronavírus, com uma enorme crise de emprego, arrumar uma bicicleta e tentar garantir a renda do dia se tornou uma alternativa para uma massa enorme de pessoas. No caso de jovens que sequer têm ainda carteira de motorista, a bike é a única opção. 

O “breque dos apps”, como a greve está sendo chamada na internet, deve causar uma parada no sistema de delivery. Deixamos algumas ideias de como apoiar trabalhadores que usam a bicicleta para exercer sua função – não apenas no dia de greve, mas sempre. 

1 – Desconfie de descontos em apps

Não existe almoço grátis. Esta frase comum em economia tenta demostrar que alguém sempre vai pagar a conta. Quando aplicativos fazem promoções e prometem pratos entregues no conforto do seu lar por preços que mal cobrem os preços de custo dos ingredientes, quem está pagando certamente são os restaurantes (muitas vezes pequenas empresas familiares). Claro, além dos entregadores de bike, que podem estar recebendo valores bastante baixos pelas entregas. Será que vale a pena se aproveitar desse tipo de desconto sabendo que ele explora o trabalho de alguém desta maneira?

2 – Dê preferência ao comércio local

Você não precisa abrir mão do delivery para apoiar os entregadores. Até porque não foram as empresas de aplicativos que inventaram a comida entregue em casa, certo? Não são só as pizzarias que entregam em domicílio. Muitos restaurantes de bairros residenciais e comerciais fazem entregas com pessoal próprio, que recebe um valor fixo e ainda gorjetas. É muito mais fácil acompanhar de perto se o entregador tem alguma estabilidade e condições de trabalho aceitáveis nestes casos.

Com a pandemia, muitos restaurantes, padarias e lanchonetes precisarão adaptar seus serviços e dar mais importância ao delivery – como consumidor, podemos escolher alternativas mais justas para todos. Pode ser que você acabe abrindo mão de um determinado prato favorito de um restaurante que só entrega por aplicativo – é um pequeno preço a se pagar por mudanças que impactam positivamente a sociedade.

3 – Seja humano com os entregadores de bike

Consegue imaginar a tortura que é pedalar carregando comida nas costas estando com fome? Muitas vezes é a realidade dos entregadores. O trabalho por aplicativos não envolve nenhum tipo de benefício, como vale alimentação, vale transporte ou auxílio para a manutenção da bicicleta.

Não esqueça que aquela pessoa que levou sua comida tem um nome, uma história e pode estar num dia particularmente difícil. Não custa nada ser gentil, tratá-la com respeito e embutir uma gorjeta no pagamento do seu pedido. A lógica dos aplicativos desumaniza o serviço: você “pede um Uber” ou um iFood e as pessoas que fazem aquela comida chegar de uma cozinha à sua mesa ficam invisíveis, restringindo seu contato com opções na tela do seu celular. Se houver erros no pedido ou problemas, não desconte no entregador: reclame com o aplicativo e cobre uma resposta satisfatória dele.

4 – Cozinhe mais

A comodidade dos aplicativos é muito sedutora: basta dar dois ou três cliques na tela do smartphone e um problema está resolvido, seja comida, transporte, até a compra de supermercado do mês. Pedir comida significa não ter que pensar em um cardápio, comprar ingredientes, saber prepará-los e lavar louça suja depois (isso sem falar nas embalagens descartáveis geradas). Mas quem paga por essa comodidade?

Embora seja um setor econômico importante e que gera empregos, é bem útil não se alienar totalmente deste aspecto da vida. Primeiro, por autonomia: todo mundo precisa se alimentar para viver, e saber fazer sua própria comida é uma habilidade essencial. Se os preços da comida pedida por delivery remunerassem de forma justa todos os envolvidos na sua produção e entrega, será que seria uma opção tão popular e financeiramente acessível como é hoje? Aprender o básico de cozinha e ter algumas receitinhas rápidas na manga pode ser uma ótima solução para vários problemas. 

 







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