Zona de exclusão de Chernobyl se tornou um refúgio de animais

Por Redação

Em 26 de abril de 1986, um dos reatores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu, e cerca de 350 mil pessoas foram evacuadas da região. Até hoje, ninguém retornou. Mas 33 anos após o acidente, a Zona de Exclusão que ainda existe em torno de Chernobyl se tornou um refúgio de animais selvagens.

Após 33 anos da explosão, pesquisadores começaram a se interessar por como a área está se desenvolvendo. Acreditava-se que nada seria capaz de sobreviver aos altos níveis de radiação, mas esse não parece ser o caso.

Em março de 2019, a maioria dos principais grupos de pesquisa que trabalham com a fauna de Chernobyl se reuniram em Portsmouth, na Inglaterra. Cerca de 30 pesquisadores do Reino Unido, Irlanda, França, Bélgica, Noruega, Espanha e Ucrânia apresentaram os resultados mais recentes do nosso trabalho. Estes estudos incluíram trabalhos em grandes mamíferos, nidificação de aves, anfíbios, peixes, abelhas, minhocas, bactérias e decomposição de serapilheira.

Esses estudos mostraram que atualmente a área abriga grande biodiversidade. Além disso, eles confirmaram a falta geral de grandes efeitos negativos dos níveis atuais de radiação nas populações de animais e plantas que vivem em Chernobyl. Todos os grupos estudados mantêm populações estáveis e viáveis dentro da zona de exclusão.

Animais fotografados dentro da Zona de Exclusão de Chernobyl. Foto: Projeto TREE/Sergey Gaschack

Recentemente o projeto TREE (TRansfer-Exposure-Effects), liderado por Nick Beresford, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, instalou 42 câmeras com movimento na zona de exclusão. O projeto monitora animais no meio ambiente há anos e capturou evidências de grandes mamíferos como ursos marrons, bisontes, lobos, linces e cavalos na área.

Adaptação à radiação

Outro pesquisador, Germán Orizaola, que estuda anfíbios na zona de exclusão, diz que parece haver um efeito relativamente pequeno dos níveis atuais de radiação nos animais e plantas ao redor de Chernobyl. “Nosso próprio trabalho com os anfíbios de Chernobyl também detectou populações abundantes em toda a zona de exclusão, mesmo nas áreas mais contaminadas”, escreveu ele no The Conversation.

Além disso, também encontramos sinais que podem representar respostas adaptativas à vida com radiação. Por exemplo, os sapos dentro da zona de exclusão são mais escuros do que os sapos que vivem fora dela, o que é uma possível defesa contra a radiação.

Hoje, turistas humanos podem visitar Chernobyl e a cidade vizinha Pripyat, desde que eles tenham um guia turístico e sigam os procedimentos de autorização apropriados. No entanto, a radiação ainda é uma ameaça real – o acidente vazou 400 vezes mais radiação do que a explosão de Hiroshima na área.

“Ao longo dos últimos 33 anos, Chernobyl deixou de ser considerada um potencial deserto para a vida, sendo uma área de grande interesse para a conservação da biodiversidade”, escreveu Orizaola. “Pode parecer estranho, mas agora precisamos trabalhar para manter a integridade da zona de exclusão como uma reserva natural, se quisermos garantir que, no futuro, Chernobyl permaneça um refúgio para a vida selvagem.”







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