Inovar para sobreviver

Como a Thule, marca referência em racks automotivos, tem enfrentado o concorrido mercado de mochilas técnicas

Por Mario Mele

MARCAS QUE SE REINVENTARAM, ampliando seu ramo de atuação ou mudando completamente o foco, sempre existiram ao longo da história. O mercado é competitivo, o futuro é incerto para todos e, portanto, empresas como a IBM e a Nokia, que foram da água para o vinho (ou a Peugeot, que foi da bike para o carro) podem ser consideradas no mínimo ousadas.

No mundo outdoor, a marca sueca Thule passa por este momento. Fundada em 1942 e atualmente presente em 140 países, a Thule é conhecida no segmento de racks automotivos, fabricando modelos para atletas e viajantes carregarem suas bikes, pranchas, caiaques, equipamentos ou qualquer bagagem extra no carro. Nos últimos anos, porém, decidiu ampliar o catálogo com a fabricação de mochilas técnicas para esportes como trekking, escalada e mountain bike.

Em 2015, em sua estreia no Guia de Equipamentos Go Outside, a Thule venceu como o Equipamento do Ano em duas categorias de mochilas: Cargueira e Ataque. No ano seguinte, nosso júri especializado elegeu a mochila semi-cargueira (além da cargueira) como a melhor dentre as testadas.

Para Ty Wivell, gerente de produtos da Thule, uma frase que define bem o trabalho deles nesse segmento foi publicada pela revista Outside norte-americana em 2015: “Se a Apple fizesse mochilas, é assim que elas se pareceriam”, disseram em referência à cargueira Guidepost, modelo criado para longas travessias na montanha e que têm sido reformulado nos últimos dois anos.

Quanto a se tornar agora concorrente direta de marcas tradicionais do segmento, como a Osprey e a Deuter, que praticamente dominam os mercados norte-americano e europeu, Ty é direto. “Nós não queremos brigar com ninguém, mas ser uma opção às pessoas que entram nas lojas em busca de uma boa mochila para praticar seu esporte ou andar pela cidade”, afirmou.

A Thule tem chacoalhado o mercado e se mantido no ramo com sacadas interessantes. Neste mês, a apresentação da nova coleção a jornalistas e lojistas no Refúgio Serra Fina, em Passa Quatro (MG), revelou algumas novidades. Além de trazer as mochilas cargueiras (Guidepost e Versant) e semi-cargueiras (Capstone) com uma aparência mais “clean” e novos ajustes “fit”, a marca reapresentou o versátil modelo Stir, disponível nos tamanhos 20 e 35 litros – a menor, pensada para viagens do tipo bike packing, tem alças e costado ventiláveis, acesso rápido ao interior e uma barrigueira minimalista que pode ser guardada facilmente em um compartimento especial. Outra invenção interessante são os cases estanques na barrigueira (Versa Click), ideias para o smartphone, que podem ser substituídos por outros acessórios como um suporte de câmera.

As mochilas foram à “luta” em uma escalaminhada até o cume do Capim Amarelo, a primeira montanha da clássica travessia da Serra Fina (MG). O pivô circular da barrigueira está mantido na nova Guidepost de 65 litros, assim como os ajustes de largura dos ombros e de tamanho do torso. Outra inovação desta cargueira, que na verdade foi mantida nesta edição, é que o topo da mochila é destacável e se transforma em uma mochila de ataque.

Fiel à ideia de “inovar para sobreviver”, a Thule já tem novos modelos engatilhados. A marca pretende, já nos próximos anos, aumentar a fatia de mochilas em seus negócios (que hoje corresponde a 27%, contra 60% dos racks). “No começo, era uma incerteza e um peso enormes querer entrar nesse mercado para concorrer com aquelas marcas que já têm nome e tradição, mas percebemos que estamos fazendo a coisa certa”, acredita Ty.

* Em novembro, na edição especial do Guia de Equipamentos Go Outside você confere as resenhas detalhadas de mochilas de diversas marcas e categorias  







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