Esta é uma história de cura e perdão. Tudo começou com um acidente de trânsito em 2015. O norte-americano Mark Joseph Peredo estava dirigindo até um cliente importante para seu novo negócio de marketing, quando foi surpreendido por um carro em alta velocidade vindo na direção oposta da rodovia batendo de frente em seu veículo. Por causa do grave acidente, Mark teve que fazer oito cirurgias. Além disso, ele ficou com sequelas que fizeram com que ele não conseguisse andar normalmente por um ano.

Revoltado e triste, Mark ainda não sabia a razão pela qual o acidente havia acontecido. O outro motorista era Luke Hutchins. Ele perdeu o controle da direção porque havia sofrido uma convulsão. Depois de ser levado para o hospital e passar por testes, Luke foi informado que ele tinha epilepsia.

Logo após o acidente, o pai de Mark faleceu por causa de um câncer. Abalado emocionalmente, ele decidiu fazer algo drástico para se ‘reconstruir’.

Depois que o pé de Mark se curou, ele decidiu no ano seguinte do acidente percorrer o famoso Caminho de Santiago, de 800 quilômetros, que começa na França, continua pelos Montes Pireneus e termina na Espanha. Como milhares de peregrinações lançadas nesta trilha sagrada, ele esperava encontrar cura para sua alma.

Primeira jornada do perdão

Depois de voltar da Espanha em novembro de 2016, ele não estava mais com raiva do motorista que causou o acidente. Mas percebeu que precisava fazer mais uma coisa para completar sua jornada de cura: conhecer Luke.

“Depois do meu retorno do Camino, tive a necessidade de procurá-lo, de entender, para ver se ele estava bem”, disse Mark em um relato para o portal da Arquidiocese de Indianápolis, nos Estados Unidos. “Ainda havia todo esse perdão que eu estava retendo de Luke. Eu ainda estava com raiva. Eu sabia que precisava de outro caminho a percorrer. Eu estava tentando fazer uma descoberta de perdão.”

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Durante sua busca por Luke, Mark se deparou com uma reportagem que afirmava que o acidente não era resultado de drogas ou álcool, mas uma crise epiléptica. Pela primeira vez, ele percebeu que Luke também sofrera e provavelmente ainda estava sofrendo.

Então, quando ele finalmente ficou cara a cara com o outro motorista no início de 2017, Mark fez algo que surpreendeu Luke.

“Meu pensamento inicial foi o medo”, lembra Luke sobre o primeiro encontro, que incluiu seu pai e um irmão ao seu lado. “Eu não sabia se ele ia começar a gritar comigo.”

Em vez disso, Peredo disse que ele só queria conhecê-lo, conversar com ele. E, por meio de conversas descobriu que, desde o acidente, Luke não conseguia trabalhar, se divorciara e ainda estava lutando contra os efeitos da epilepsia.

Mark então perguntou a Luke se ele queria percorrer o Caminho de Santiago.

“Por culpa de ninguém, nós dois quase morremos no acidente. Eu queria fazer isso para mim e para ele – andar como irmãos, para criar algo positivo para o nosso futuro”, conta Mark.

Quando Mark mencionou seu plano, Luke nunca tinha ouvido falar do Caminho de Santiago. Mas ele ficou envolvido no pensamento de viajar para um país estrangeiro, de estar em um avião pela primeira vez em sua vida. As preocupações de como a epilepsia poderia afetá-lo enquanto caminhava pelo Camino desapareceram em meio aos planos da aventura.

Mark e Luke no Camino

Nos meses que se seguiram, os dois captaram recursos para a viagem. Durante esse período, Luke também leu artigos sobre pessoas com epilepsia que fizeram no Caminho. Querendo ajudar a proteger Luke se ele caísse na trilha, Mark comprou joelheiras, cotoveleiras e um bastão para Luke usasse na caminhada.

Em 2017, Mark e Luke embarcaram em sua viagem. A jornada foi difícil para Luke no começo estava tomando medicamentos que o impediriam de comer. No primeiro dia, uma subida íngreme até as montanhas, Mark teve que carregar a mochila de Luke para ajudá-lo a suportar.

Depois de 40 dias e 740 km de caminhada, Peredo e Hutchins chegaram ao santuário de Santiago em Santiago de Compostela. Os dois tiveram muitas conversas sinceras sobre suas vidas e o que aconteceu no dia do acidente. No final da jornada, Luke sofreu apenas uma convulsão no caminho.

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“Foi incrível que consegui andar”, diz ele. “Mark continuou me incentivando. Quando chegamos a Santiago de Compostela, eu estava tão feliz. Foi finalmente missão completa. Eu posso finalmente ir para casa agora. Eu estava sentindo muita falta dos meus filhos. Foi uma ótima experiência. Se eu tivesse a chance de fazer isso de novo, eu faria.”

Mark disse que a jornada o ajudou a seguir adiante em seu caminho para a cura também.

“Para mim, passar por esse processo de curar e deixar ir e não odiar é algo que eu precisava fazer para provar a mim mesmo, para provar aos meus filhos que você tem que manter o rumo, e que algo de bom virá disso. ” ele disse.

Agora Mark, que é cineasta, está criando um documentário “Road To Muxia”, sobre a paz que encontrou em sua primeira experiência no Caminho de Caminho. Ele está arrecadando dinheiro para o filme, que contará com uma entrevista com Luke







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