Ouro inédito

Esta terça-feira, a atleta brasileira do salto com vara Fabiana Murer fez história ao conquistar a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Atletismo em Daegu, Coreia do Sul. Depois de saltar 4,85 metros, Fabiana garantiu a medalha até então inédita ao Brasil (veja no vídeo acima a sequência dos saltos decisivos). O Brasil possuía cinco medalhas de prata e cinco de bronze nesse tipo de evento — mundial em pista descoberta — e, no ano passado, Fabiana tinha conquistado o ouro num mundial indoor, em Doha, no Qatar.

No começo deste ano, Fabiana também foi uma das Outsiders — a premiação anual promovida pela revista Go Outside desde 2006, que elege atletas que foram destaque em suas modalidades. Em 2010, Fabiana havia sido eleita a "melhor atleta do Brasil pelo Comitê Olímpico Brasileiro". Quando a entrevistamos, no começo de 2011, ela havia dito que "o mundial na Coreia do Sul seria o verdadeiro auge de sua carreira." Leia a seguir a matéria na íntegra.

FABIANA MURER

(Por MARIA CLARA VERGUEIRO)

O QUE FAZ: Salto com vara
DE ONDE É: Campinas (SP)
POR QUE ESTÁ É OUTSIDER: Foi eleita a melhor atleta do Brasil pelo Comitê Olímpico Brasileiro em 2010, depois de se tornar
campeã mundial de salto com vara

FABIANA MURER CHEGOU à Olímpiada de 2008, na China, sentindo que estava no auge da carreira. Desembarcou em Pequim como uma das favoritas para o ouro, porém um imprevisto surreal frustrou as expectativas da atleta, que voltou para casa sem nenhuma medalha. “Quando soube que uma das minhas dez varas havia desaparecido, fiquei completamente desestruturada e não consegui saltar como deveria”, recorda Fabiana. O equipamento seria localizado, semanas depois, junto com a bagagem das atletas desclassificadas nas eliminatórias. Mas aí já era tarde: Fabiana não conseguiu passar para as finais e jurou que nunca mais voltaria à China.

Sua revolta com o episódio foi habilmente canalizada para uma volta por cima em grande estilo. Com o apoio do técnico brasileiro Élson Miranda, os treinos se intensificaram ainda mais, com o objetivo de afinar sua técnica. “Percebi que eu poderia lidar melhor imprevistos como o que vivi em Pequim se estivesse mais segura tecnicamente”, conta a atleta, que também aprendeu muito com os russos Vitaly Petrov e Yelena Isinbayeva, treinador e atleta olímpica recordista mundial, respectivamente.

Com Yelena, de quem se tornou amiga, Fabiana sacou que é preciso controlar o calor latino e enfrentar o estresse de uma competição com mais cabeça e menos coração. “Sou emotiva. Fico chateada, sinto falta de casa, preciso das minhas raízes. A Yelena lida melhor com isso”, compara. Vitaly é um dos preparadores mais importantes do mundo e orienta os treinos de Fabiana desde 2001. É ele um dos responsáveis, ao lado de Élson, pelas alterações técnicas que fizeram toda a diferença na performance de Fabiana nos últimos anos. A começar pelas passadas: antes de saltar, o atleta desse esporte tem de percorrer com grande velocidade um trecho curto, até pegar impulso. É preciso contar os passos durante essa corrida explosiva – há um pouco mais de um ano, Fabiana dava 16; hoje são 18. “Parece pouco, mas levei muito tempo para me acostumar”, conta.

Como resultado desse aperfeiçoamento, conquistou a quarta melhor marca da história do esporte (4,85 metros) no Mundial de Atletismo de Doha 2010, onde se consagrou campeã. Em dezembro, recebeu o Prêmio Brasil Olímpico de melhor atleta, promovido pelo Comitê Olímpico Brasileiro. O mundial deste ano, que acontece em agosto na Coréia do Sul, será um treino de luxo para a saltadora, que quer estar com tudo em cima para os Jogos de 2012. “Esse, sim, deverá ser o verdadeiro auge da minha carreira”, profetiza ela, mais confiante do que nunca.

PAPO RÁPIDO
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