Caminho das Pedras

O resultado foram 8 aventuras casca-grossa – com graus de dificuldade variados – em picos de tirar o fôlego, mas não só fisicamente, visualmente também, o que era nossa principal intenção. O ideal é que, antes de encarar essas aventuras, você retire a carta topográfica do local no site do IBGE (ibge.gov.br) para não se perder. Quem não estiver disposto para enfrentar os perrengues, normais para esse tipo de ação, pode recorrer ao plano B, com operadoras e guias que te levarão do começo ao fim de cada jornada.

Trekking na Ilha Grande

Nível: ****
Duração: 6 a 8 dias
(Alexandre Cappi)

Em minha opinião, a Ilha Grande representa com astúcia um dos melhores trekkings do Brasil. São mais de 130 quilômetros de trilhas que contornam boa parte de sua área protegida – algumas são cicatrizes abertas pelos presidiários que escapavam da Colônia Penal que existiu ali. Toda a ilha está contida na Área de Proteção Ambiental dos Tamoios (APA) e é subdividida em três áreas específicas: Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG), Parque Estadual Marinho do Aventureiro (PEMA) e Reserva Biológica da Praia do Sul (RBPS), totalizando 8.000 hectares, praticamente metade da Ilha.

Não adianta somente apetite para desafiar esse percurso longo e fantástico. O relevo montanhoso da Ilha Grande exige boa preparação física para suportar uma mochila pesada. A saga dos tombos ao longo das caminhadas é quase inevitável, ainda mais no período das chuvas. Essa estatística diminui na companhia de um cajado ou bastão, além de aliviar a sobrecarga nos joelhos. A maioria das trilhas não possui placas de sinalização, tornando obrigatório o uso de um mapa com as trilhas demarcadas, além de uma bússola para evitar contra-tempos. A mais preciosa de todas as dicas é a lábia. Sempre que passar por algum vilarejo compre dois litros d’água e peça informações precisas sobre as condições do trajeto e a exata localização das trilhas.

1° dia: Saindo do cais principal de Angra dos Reis procure um barco que faça a travessia de duas horas até a praia do Aventureiro. A jornada começa com uma ladeira brutal de 5 quilômetros, sentido praia de Provetá. Depois, a inclinação fica mais “light” passando pelas praias Vermelha e do Gaúcho, até chegar ao pernoite na praia de Araçatiba, um dos melhores locais para mergulho da ilha. (Total: 16 km em 6 horas)
2° dia: Partindo de Araçatiba, são 12 quilômetrosde percurso moderadoaté a praia de Sítio Forte, passando pelas praias Longa e Ubatuba. De lá, são mais três horas até a praia de Bananal, deixando para trás as belas praias de Manguaraquissaba e Matariz. Nesta parte da Ilha, concentram-se uma série de pequenos vilarejos caiçaras. Vale à pena refazer as energias com uma boa refeição caseira. (Total: 21 km em 7 horas)

3° dia: Distante 5 quilômetros da praia do Bananal encontra-se a Lagoa Azul, pausa obrigatória para um mergulho paradisíaco. A lagoa fica na região conhecida como Freguesia de Santana, outro antigo povoado pesqueiro da Ilha. De alma lavada, prepare-se para uma pernada longa até o Vilarejo do Abraão, o maior povoado da ilha. O trecho atravessa toda a enseada do Saco do Céu até chegar à Cachoeira da Feiticeira, já bem próxima do pernoite em Abraão. (Total: 23 km em 8 horas)
4° dia: Em Abrãão, procure se instalar em alguma pousada ou camping. A partir deste dia você não precisará mais carregar a pesada mochila, já que as caminhadas passam a ser de ida e volta. Como o dia anterior foi bastante puxado, escolha fazer o percurso moderado até a assombrada praia de Dois Rios, onde se encontram as ruínas do presídio Cândido Mendes (1903-1993). Fica fácil imaginar o lendário traficante Escadinha sendo resgatado por um helicóptero, há mais de 30 anos. (Total: 18 km em 5 horas)

5° dia: Novamente saindo de Abraão, siga por cerca de duas horas até a praia de Palmas. De lá, são apenas 2 quilômetros até a primorosa praia de Lopez Mendes, considerada uma das mais lindas do planeta, com altas ondas para o surf. Outra dica bacana é esticar mais meia hora até a pequena praia de Santo Antônio, um refúgio intocado e deserto. Com sorte, é possível escutar a algazarra dos macacos Bugios, verdadeiros senhores da região que disputam seus territórios no grito. (Total 20 km em 6 horas)
6° dia: Finalmente, depois de cinco dias perambulando pelas trilhas da região, eis o dia mais fascinante de todos: a subida ao Pico do Papagaio. São 11 quilômetros de uma escalada com 982 metros de altitude. Mesmo com o corpo reclamando, a mente agradece a grandeza do feito à alma. No topo de uma ilha mitológica é possível ter uma visão de 360° da maioria do trajeto percorrido. E assim, o fato de não ter que programar a próxima caminhada soa como algo estranho. Basta descer duas horinhas, embarcar na balsa e ir pra casa. Simples demais… (Total 22 km em 5 horas)

Dica: leve suprimentos para cinco dias, barraca, isolante, saco de dormir, protetor solar, roupas leves, capa de chuva, seis pares de meias, canivete, sacos de lixo, boné legionário, lanterna, tensores para joelhos e muita água.

Vai nessa: Saindo do Rio de Janeiro, siga pela BR-101 (Rio-Santos) até os portos das cidades de Mangaratiba ou Angra dos Reis. Saindo de São Paulo, a melhor opção é seguir pela via Dutra durante a madrugada para chegar cedo em Angra. Siga até a entrada de Barra Mansa (saída 272) e pegue a rodovia Saturnino Braga. A antiga estrada passa por túneis escavados na rocha até chegar à BR-101. Siga em direção ao Rio de Janeiro até o km 443 (entrada de Angra). Chegando ao cais principal, pergunte pelo estacionamento Dois Irmãos, localizado bem na entrada do Porto. Aí, é só procurar por um barco com destino à praia do Aventureiro. Também existe a possibilidade de fazer o roteiro acima ao contrário saindo de Abraão. A balsa que sai para a capital da Ilha fica a 500 metros do cais principal.

Plano B: Caso não haja barco pra Aventureiro, siga para Provetá e inicie sua caminhada de lá. A Sudoeste SW (www.sudoestesw.com.br) pode providenciar o barco, reservar pousadas e disponibilizar guia para sua caminhada.

Trekking na Joatinga (SP)

Nível: **
Duração: 3 dias
(Christian Fuchs)


No meu conceito, uma praia perfeita é aquela de areias limpinhas e fofas, rodeada por montanhas verdes de mata atlântica, mar claro com aquelas ondas convidativas, um riachinho cristalino numa das pontas e uma cachoeira seguindo aquela trilhinha no canto da praia. Se você concorda, a Ponta da Joatinga, no litoral norte do Rio de Janeiro, está bem perto do seu paraíso. Mas se o seu conceito de perfeição prevê um botequinho com um pagodinho e cerveja, não passe nem perto de lá. Três dias é o tempo ideal que se gasta pra fazer essa caminhada, num ritmo tranqüilo, aproveitando as praias e cachoeiras, mas sem deixar de suar a camisa.

1º dia: Prefiro começar essa caminhada de Parati, que na verdade começa com uma navegada. Do cais de Parati, não é difícil encontrar um barco que esteja indo pro Pouso da Cajaíba. Depois de duas horas e meia de viagem, com um belo visual, chega-se à praia do Pouso, de onde sai a trilha bem marcada pra Martins de Sá, que é uma das praias mais especiais desse circuito. Basta pedir informação pra qualquer caiçara e eles te indicarão como pegar a trilha, que é um subidão e depois um decidão no meio da mata, que geralmente dura uma hora e meia. Do lado do mar aberto da Ponta da Joatinga, Martins de Sá tem boas ondas pro surf e é resguardada por um dos caiçaras mais legais e conscientes que eu conheço, o “seu” Maneco. Com sua família, ele mantém esse lugar preservado há anos, resistindo até a poderosos empreendimentos imobiliários, que queriam transformar o local em um megacondomínio de luxo. Ele mantém uma área de camping com banheiros sempre limpinhos, serve refeições e cuida para que sempre se tenha um clima de paz.


2º dia: É o dia mais puxado. Saindo de Martins de Sá, passa-se pela mini-praia de Cairuçú, onde começa uma bela subida no meio da mata, vencendo a serrinha da ponta Negra, para chegar à praia de mesmo nome, também muito bonita. Esse trecho até a praia de Ponta Negra leva geralmente umas sete horas. Abasteça o seu cantil antes da subida, hein? A praia de Ponta Negra é de tombo e fica recuada, entre costões de pedra. Hoje em dia existem campings e pequenos restaurantes que servem refeição, já que não é mais permitido acampar em nenhuma das praias.
3º dia: Passando o riozinho no canto da praia, pegue a trilha e siga até as praias de Antigos e Antiguinhos, que também são bem bonitas. Caminhando bem tranqüilo, não deve levar mais de duas horas. Achar a trilha geralmente não é difícil, mas, na dúvida, pergunte. Fique atento: existe um pocinho maravilhoso, seguindo o riozinho que corta a praia de Antigos, um pouco pra dentro do mato, com vista pra praia e tudo. Vale a pena a parada. Após mais um morrinho de no máximo vinte minutos, avista-se a praia do Sono, já com bem mais gente, campings e surfistas, pois o acesso já começa a ficar mais fácil. No final da praia do Sono, continuando por uma trilha bem batida e larga, chega-se finalmente ao povoado de Laranjeiras, vizinha de Trindade, de onde sai um ônibus, que volta para Parati. Não deixe pra voltar à noite, pra não correr o risco de perder o último ônibus.

Dica: não se esqueça de levar o repelente, pois como em todo lugar isolado, os borrachudos imperam. Apesar de dar pra contar com as refeições nos feriados, leve também guloseimas e coisas pra comer ao longo da trilha. Em geral, os campings do percurso cobram em torno de R$ 10 por pessoa para acampar. E o mais importante: respeite sempre a cultura local e não poupe esforços pra preservar esse lugar como ele é. Não se esqueça de levar sempre o seu lixo embora. Apesar da falta de apoio da prefeitura, seu Maneco leva todo o lixo de volta pra Parati, no seu barco, auxiliado pela contribuição financeira dos freqüentadores da praia. E olha que tem feriados, que são várias viagens.

Vai nessa: Quem tem como ponto de partida São Paulo há duas opções de caminho. Uma delas é seguir pela SP-055 (Rio-Santos) direto até Parati. Outra opção é seguir até Taubaté pela BR-116 (Rodovia Presidente Dutra) e de lá pegar a SP-125 até Ubatuba. Em Ubatuba segue-se pela SP-055 (Rio-Santos) até Parati. Para quem vem do Rio de Janeiro a melhor alternativa é pegar a BR-101 até Parati. De São Paulo a Parati são 306 quilômetros. Do Rio de Janeiro até lá são 263 quilômetros.

Plano B: A Pisa Trekking (www.pisa.tur.br) tem saídas freqüentes para a travessia da Joatinga. Leve apenas seu saco de dormir. Guias, barrracas, transporte e alimentação é por conta deles.


Trekking nos Lençois Maranhenses
Nível: ***
Duração: 4 dias
(Christian Fuchs)

Vi umas fotos das dunas dos Lençóis Maranhenses, com lagos transparentes, mangues e uma paisagem do outro mundo – onde mais no mundo se encontra um deserto com lagoas entre as dunas? – e pensei: por que não atravessar esse deserto a pé? Foram três meses de planejamento, indo atrás de mapas, informações, equipamentos e lá fui eu com uns amigos para o Maranhão. Os Lençóis Maranhenses estão num parque nacional de mesmo nome e são aproximadamente 70 quilômetros de dunas de até 40 metros de altura, ao longo da praia, por 30 quilômetros de largura, sendo que entre quase todas as dunas existe uma lagoa, variando entre as cores azul, verde e transparente.

O melhor período de visitação é de junho a setembro, quando acaba o “inverno maranhense” (ou estação das chuvas) e começa o “verão” (estação seca). Antes disso, você corre o risco de pegar chuva todos os dias e depois de setembro, as lagoas secam, perdendo parte do encanto local. Como o lugar está praticamente sobre a linha do Equador, as temperaturas não saem muito dos 25 ºC a 35 °C (mesmo à noite), sempre com muito vento, o que torna a caminhada bem mais fresquinha.

1º dia: As areias ficam a uma hora de Toyota pelo mangue, saindo de Barreirinhas, que é para onde a maioria dos turistas vão: Lagoa Azul, Lagoa Bonita, etc. Dalí que nós começamos a caminhar, quando os turistas se foram e a paz total voltou a reinar. A caminhada deve ser feita sempre no sentido leste para oeste, pois as dunas ficam sempre viradas para a direção do vento, que vem sempre de nordeste. O lado leste é menos acentuado e de areia firme, enquanto o lado oeste da duna é bem abrupto e de areia solta, geralmente terminando numa lagoa. Dá até pra descer rolando. Acampamos na primeira noite um pouco pra dentro das dunas e o visual do pôr-do-sol no meio das dunas foi algo inesquecível.
2º dia: Aqui eu já estava até andando descalço nas dunas. Andamos até os “oáses” de Baixa Grande, Queimada dos Lira e Queimada dos Britos, que são três mini-vilarejos, às margens do rio Verde, onde vivem algumas famílias nômades, totalmente isoladas do mundo. Quando o rio Verde seca, eles se mudam pro litoral e depois retornam com as chuvas. Eles são muito simples, mas foram extremamente atenciosos conosco. Se for passar por lá, leve alguma roupa ou utensílio a mais, para deixar com eles, que a venda

mais próxima fica a dois dias de caminhada.

3º dia: Caminhamos fugindo de pancadas de chuva de verão, que passavam ao nosso lado, mas nenhuma nos atingiu. Como não existe montanha nenhuma no raio de visão, é muito interessante a sensação de estar “navegando” no meio das dunas, com visual total do que acontece ao seu redor. Paramos para acampar um pouco antes do vilarejo de Santo Amaro, já na extremidade oeste dos Lençóis Maranhenses.
4º dia: De Santo Amaro pegamos um trator com uma caçamba enorme, que serve de ônibus local, já que as estradas são geralmente alagadas na época e passam por dentro de mangues. Esse trator nos levou até Alegre, outro povoadinho, de onde sai uma barca enorme, que depois de 14 horas de navegação, chega a São José do Ribamar, já na ilha de São Luiz, a uma hora de ônibus até a capital.

Dica: Como não existe ponto de apoio nenhum no meio do deserto, você precisa estar com tudo o que necessite durante a caminhada (comida, fogareiro e combustível, barraca, etc.). A água das lagoas teoricamente é potável, mas é sempre bom levar um filtro ou esses purificadores de água químicos. Apesar de não ser frio e um moletom só já ser o suficiente, a areia carregada pelo vento cobre tudo o que se larga no chão, em alguns minutos. Portanto, se você resolver passar a noite fora da barraca, corre o risco de virar uma duna. A exposição ao sol é constante e sem trégua, portanto não esqueça do chapéu, camiseta de mangas compridas, filtro solar e óculos de sol, que o reflexo na areia branca é muito forte. Para a navegação, só o mapa e a bússula não são suficientes, pois como não há referências no horizonte, fica difícil de manter o rumo. O GPS com a carta topográfica (e a habilidade pra tratar com eles) é essencial.

Vai nessa: Existem duas opções para se chegar ao deserto: por Atins ou Barreirinhas, que fica a umas oito horas de ônibus da capital São Luiz do Maranhão – hoje em dia a estrada já está asfaltada e a viagem é bem mais confortável. Atins é uma vilazinha, ao lado de Mandacaru e Caburé, que fica na margem esquerda da foz do rio Preguiças, beirando o deserto e o mar. Existem pousadinhas simples, passeio de barco, visitação ao farol de Mandacaru e até dá para encontrar guias para se fazer uma caminhada nos Lençóis. Atins fica uns 15 quilômetros rio abaixo de Barreirinhas. Chega-se lá por gaiolas (aqueles barcos de dois andares típicos do local) ou voadeiras (lanchas de alumínio, bem mais rápidas). Barreirinhas é uma cidade que já vive do turismo, tem pousadas até sofisticadas, supermercado e operadoras de turismo.

Plano B: A Maranhão Turismo (www.maranhaoturismo.com) oferece vários tipos de passeios, como vôos panorâmicos, passeios de jipe, apoio e logística pra sua caminhada.

No Jalapão (TO)
Nível: ****
Duração: 7 dias
(Tídio Sampaio)



Já tinha ouvido falar de várias histórias a respeito do Jalapão. Além disso, essa região do Brasil sempre me fascinou pelo relevo, clima, vegetação e, sobretudo, pelas pessoas. Um lugar que é conhecido como “Deserto do Jalapão”, não pelo fato de ser árido, mas sim porque muito pouca gente vive por lá. Dependendo do trecho percorrido e da época do ano, você pode passar o dia sem encontrar ninguém, só algumas poucas cabeças de gado que pastam livremente na vegetação do cerrado. Meu plano inicial não era pedalar solitário, mas aconteceu e foi uma experiência ótima.


Existe uma estrada cascalhada que faz todo o contorno do Jalapão em forma de uma ferradura. O início é em Ponte Alta do Tocantins, uma pequena cidade em torno de 10 mil habitantes conhecida como a porta de entrada do Jalapão. Depois essa estrada passa por duas outras pequenas cidades: Mateiros e São Félix do Jalapão, finalizando em Novo Acordo.Quem quiser fazer a volta do Jalapão de bike tem que estar preparado para tudo, principalmente quanto a água, comida e dormir em qualquer lugar. As distâncias são grandes e para quem pensa que se trata de uma planície, pode ter certeza que existem infindáveis subidas e descidas o que atrasa bastante o pedal, ainda mais com uma bike com dois alforjes de 15 a 20 quilos cada um, mais a barraca no bagageiro.

1º Dia: Saindo pela manhã bem cedo de Ponte Alta, vale a pena pegar a estrada do sentido contrário a Mateiros para conhecer a Pedra Furada, uma formação rochosa que é um cartão postal do Jalapão. Como é um trecho de ida e volta, deixe todo o peso da bagagem na pousada em Ponte Alta, mas não esqueça de levar água e mantimento para um pedal de 70 quilômetros. Voltando a Ponte Alta, monte os alforjes e toda a bagagem na bike, e pegue a estrada em direção a Mateiros. 17 quilômetros depois, chega-se à Gruta de Sussuapara. Se ainda tiver forças, pedale mais 23 quilômetros e passe a noite na Cachoeira Lajeado, onde dá para acampar no estacionamento. Importante: esse primeiro trecho tem muitas subidas e descidas e pode ser que você tenha que acampar em qualquer lugar ao lado da estrada, antes de chegar ao objetivo final. Foi o que fiz.
2º Dia: Saindo bem cedo da Cachoeira do Lajeado, seu próximo objetivo é chegar à Pousada do Jalapão (65 km de pedal). Cruze o rio Vermelho e a pequena Serra da Muriçoca, passando por algumas subidas e descidas. Logo depois da serra, existe uma bifurcação com uma placa indicando a Pousada do Jalapão. Pegue a esquerda e 21 quilômetros depois se chega à pousada.
3º Dia: Acorde cedo, pegue somente a bike, água e a máquina fotográfica para visitar a Cachoeira da Velha, num pedal de 18 quilômetros, ida e volta. Lá você encontrará uma prainha de areia bem branca e com água cristalina do rio Novo. É um dos pontos altos do Jalapão. Volte para a pousada, monte a bike e siga em direção à bifurcação. Dessa vez, pegue a direita em direção a Mateiros. Seu próximo objetivo é a ponte de concreto do rio Novo, onde tem algumas áreas de acampamento, mas sem nenhuma estrutura. Quem não tiver perna para chegar irá ter que passar a noite em algum campo ao largo da estrada. Foi o que tive que fazer.


4º Dia: Dois objetivos principais: visitar as Dunas e chegar a Mateiros. A entrada para as Dunas fica 12 quilômetros depois do rio Novo. Lá tem que se pagar não mais do que R$ 5 a um fiscal para visitar as Dunas. Vale a pena gastar alguns minutos caminhando, se refrescando nos rios e lagos e contemplando a paisagem. Passeio acabado, siga para Mateiros, contornando a Serra do Espírito Santo, um outro cartão postal do Jalapão. São 55 quilômetros até lá. Procure a Pousada do Cardoso para passar a noite e jante no Restaurante da Dona Rosa.
5º Dia: Em direção a São Félix do Jalapão, visite o Fervedouro (25 km de Mateiros), uma fonte de água que brota de um poço e não deixa a pessoa afundar. Voltando para a estrada e ainda em direção a São Félix, visite a Cachoeira da Formiga (30 km de Mateiros, mais 8 km de areião a partir da estrada), uma cachoeira com água supercristalina, onde dá para descansar e se refrescar. Dali, são mais 49 quilômetros (a partir da estrada) até São Félix. Vale a pena apertar no pedal e chegar na cidade para se hospedar na Pousada do Capim Dourado, com uma excelente estrutura (quartos com ar e TV), restaurante simples, mas com um preço um pouco salgado para a região.
6º e 7º Dias: Saindo de São Félix em direção a Novo Acordo, o último trecho do Jalapão, com uma paisagem exuberante. Muito provável que você não encontre ou cruze com alguém até bem perto de Novo Acordo. Serão dois dias de pedal para percorrer os 170 quilômetros de distância. Passe a noite perto da ponte sobre o rio Novo, mas, se conseguir, siga um pouco mais para não deixar um trecho maior (mais 100 km para o último dia), até a chegada em Novo Acordo. Pronto! Você conseguiu fazer a volta completa do Jalapão de bike. Passe a noite em algum hotel e no dia seguinte siga de ônibus para Palmas.

Dica: Duas mudas de roupa para pedalar são suficientes (faz um pouco de frio a noite, por isso tenha uma outra muda de roupa mais quente). Não leve nenhuma mochila nas costas, no máximo o camel back – use um bom par de alforjes. Na bike, além de luz frontal, lanterna traseira, ciclo computer, dois suportes de caramanholas, espátula, bomba, chaves, gancheira, dois raios, alguns gomos a mais de corrente, pneu extra, quatro câmaras e mais um kit remendo, leve para a manutenção, um pano, escova de dente e óleo de bike. Kit de primeiros socorros, filtro solar, repelente, uma boa capa de chuva e um saco de dormir – não levei isolante térmico por ocupar muito espaço – são imprescindíveis também. Se for pedalar sozinho e por regiões desertas, leve um telefone via satélite. Aluguei um, por um mês, por R$ 250. Vale muito a pena pela segurança que proporciona. Lembre-se que você somente o usará em caso de emergência. Leve comida quente de trilha (sopão, macarrão instantâneo, queijo, leite em pó etc.), barras energéticas, salgados, frutas secas, castanhas. No mais, panela, fogareiro e combustível, barraca pequena, cadeado de bike, papel higiênico e uma pá de jardinagem para enterrar suas fezes e o papel. Utilize um tappleware como prato e um copo plástico para as bebidas. É importante levar pastilhas de cloro ou hidrosteril para purificar toda a água que for beber.

Vai nessa: Para se chegar a Palmas, o avião é a melhor solução devido às distâncias, porém o preço da passagem é uma das mais caras. A partir de São Paulo não sai por menos de R$ l.000. Para chegar a Ponte Alta do Tocantins, a partir de Palmas, o táxi cobra em torno de R$ 250. Para quem não tem pressa, pode optar por uma van que sai todos os dias pela manhã de Palmas.

Plano B: Para contar com um guia experiente em bike no Jalapão mande um e-mail para tursimojalapao@yahoo.com.br. Sua expedição poderá contar com carro de apoio, logística de hospedagem e alimentação e traslados.

Travessia de bike pela Serra da Capivara e Serra das Confusões (PI)
Nível: *****
Duração: 7 a 9 dias
(Rodrigo Telles)

O sul do Piauí abriga uma região que é um verdadeiro tesouro nacional. Além das ricas formações geológicas e da natureza intocada e exuberante, existem dois parques nacionais que possuem uma quantidade incrível de registros da nossa pré-história: a Serra da Capivara e a Serra das Confusões. Lá são encontrados pelos pesquisadores desde ossos de dinossauros, tigres dente de sabre, preguiças gigantes até pinturas rupestres dos povos primitivos, preservadas até hoje nos paredões de pedra.

A proximidade entre os dois parques dá margem para um excelente roteiro de pedalada. Mas não é uma viagem nem um pouco fácil. A caatinga é um ambiente cheio de adversidades, o sol é escaldante, a vegetação é hostil e existem os insetos. Mutucas, abelhas e vespas obrigam o aventureiro a estar sempre de calças e mangas compridas (os repelentes não servem). As estradas cheias de areão exigem muita experiência e preparo físico.


A Serra da Capivara possui uma boa estrutura para o visitante. Dentro do parque é obrigatório o acompanhamento de um guia, o que é fundamental, pois as tocas, onde se encontram as pinturas rupestres estão espalhadas por um emaranhado de trilhas. Antes de viajar entre em contato com a Fumdham que administra o parque em parceria com o Ibama e pegue o maior número de informações possível, inclusive a necessidade de autorizações. Procure também se informar sobre guias que possam lhe acompanhar de bicicleta. Já a Serra das Confusões, não possui praticamente nenhum apoio para turistas. A sua travessia é talvez uma das pedaladas mais difíceis do país.

1° dia: Chegando em São Raimundo Nonato, vale a pena uma visita ao Museu da Fundação do Homem Americano, que fica a cerca de 3 quilômetros da cidade. É um museu de primeiro mundo, há muito material arqueológico e muita informação. Também é interessante conversar com o pessoal da Fundação, do Ibama e da Central de Guias para pegar mais dicas sobre a região. Para ficar mais próximo da entrada do parque, ao invés de dormir na cidade, o melhor é já aquecer as pernas e fazer os 28 quilômetros até o Sítio do Mocó, pequeno povoado onde se encontra um camping.
2° dia: Deixe a carga no acampamento e leve somente o que for precisar para o dia. As pedaladas serão curtas, seguidas de caminhadas por trilhas estreitas que levam até os sítios arqueológicos. Dentre as atrações imperdíveis estão a Gruta, onde foram encontrados os ossos do Tigre Dentre de Sabre, o Caldeirão dos Rodrigues com uma vista incrível do alto e a Pedra Furada, imagem símbolo de toda a região.
3° dia: Saindo do camping, agora com os alforjes na bicicleta, pegue a estradinha em direção a Coronel José Dias. No caminho para lá, dê uma parada no Barreirinho para conhecer a fábrica de cerâmicas artesanais com motivos arqueológicos. As caminhadas de hoje começam a partir da guarita de cima (a mais ao norte), de onde desce a estrada do desfiladeiro. Alguns sítios valem a visita como, a Toca do Pajaú, Toca do Neguinho Só, Toca do Baixão da Vaca, toca do Veadinho Azul e Toca do Paraguaio. A estrada sai novamente perto do Barreirinho onde você pode ficar no albergue ou então retornar para a guarita de cima e acampar por lá, se tiver conseguido uma autorização antecipada.
4° dia: A travessia do parque de leste para oeste já é bem mais isolada. Prepare-se para pedalar bastante e pegar terreno mais difícil. De uma guarita a outra são cerca de 35 quilômetros provavelmente sem encontrar ninguém e nem água. A estrada conhecida como Estrada do Zabelê ainda dá acesso a mais dois sítios arqueológicos, que ficam na trilha chamada de Baixão da Perna. Já quase no final da travessia, chegando à outra guarita, existe o Baixão das Andorinhas, formação rochosa onde se entocam na hora do pôr-do-sol milhares de andorinhas. Menos de 25 quilômetros depois da guarita e você já está novamente em São Raimundo, onde pode se despedir do guia, porque daqui pra frente é por sua conta.


5° dia: De São Raimundo até Caracol você vai rodar por estradas típicas do sertão nordestino. De vez em quando aparece um pequeno povoado para uma parada e para reabastecer os cantis. Aproveite para conversar e conhecer as pessoas. O povo é muito amistoso, cheio de histórias e também de curiosidades, uma ótima oportunidade para uma troca cultural. Em caracol há opções de hospedagem bem simples. Lá fica a sede do Parque da Serra das Confusões e é onde você deve procurar o máximo de informações para a próxima travessia.
6° dia: Aqui começa uma aventura radical. A partir de agora se abasteça sempre de água para pelo menos dois dias, pois você nunca sabe quando conseguirá de novo. Um pouco depois de cruzar a guarita do parque você chegará ao topo da serra que oferece um visual maravilhoso de quase toda a região. Agora vem um longo trecho de estrada escavada por picaretas na rocha avermelhada. Um grande platô à esquerda indica o acesso para a gruta, um lugar paradisíaco. Para se chegar lá é necessário procurar um pouco. A dica é seguir o vale com árvores. O Capim é o último povoado que possui um poço, por isso recarregue os cantis. O próximo povoado, o Barreiro, não é um ponto de apoio muito seguro, pois é um lugar extremamente pobre e não possui água boa. Logo seguem-se cerca de 20 quilômetros de um tremendo areão, onde é inevitável o famoso empurra-bike em grande parte dos trechos. Agora provavelmente já esteja na hora de procurar um lugar para acampar. Fique atento, pois é muito difícil, uma vez que a vegetação é muito densa.
7° dia: Agora a estrada melhora um pouco, mas caso tenha chovido há pouco tempo você vai ter que atravessar longas piscinas. A mata se fecha sobre o caminho, por vezes formando um túnel de vegetação espinhosa. Não é raro se deparar com uma árvore tombada impedindo a passagem. O retorno à civilização acontece no povoado do Japecanga, onde há água, luz e telefone. Siga em frente e quando alcançar o asfalto tome a esquerda para Cristino Castro. Lá você vai ver tudo o que nunca imaginou no meio do sertão na caatinga: água jorrando do solo a mais de 20 metros de altura.

Dica: Não aconselho que ninguém vá para lá sem ter muita experiência com mecânica de bicicletas, sobrevivência, acampamento, orientação, além de muito preparo físico e psicológico. Não existem pontos de apoio, nem chance de resgate. Por isso o aventureiro deve levar tudo o que possa precisar e água, muita água (recipientes para pelo menos 10 litros). De resto, traga alimentos energéticos (castanhas, frutas secas, biscoitos e barras de cereais) para vários dias, barraca, isolante, saco de dormir, kit de primeiros socorros, protetor solar, papel higiênico, roupas resistentes (calças e camisas longas), capa de chuva, canivete, ferramentas, câmeras de ar, kit de remendo, farol, hidrosteril (cloro para água).

Vai nessa: Saindo de São Paulo pode-se pegar o ônibus convencional da Viação Itapemirim (carro para Floriano aos domingos, quintas, sábados), tel.: 0800 7232121. De Brasília, informe-se na Viação Transpiauí São Raimundense com antecedência sobre as condições para se levar a bicicleta no bagageiro do ônibus.

Plano B: Consulte o site www.clubedecicloturismo.com.br para ver mais detalhes do roteiro. Ligue para o IBAMA (89 3589 1208) que é quem faz a ligação com a Associação de Guias local nas Confusões. Certamente você arrumará um parceiro nativo para seu pedal. Não esqueça que a entrada no Parque da Capivara exige acompanhamento de guia, consulte a Fundham (89 3582 1294).

De Cananéia à Ilha do Mel (SP)
Nível: ****
Duração: 3 dias
(Christian Fuchs)

O extremo sul do litoral paulista, apesar de não ser muito badalado, esconde uma riqueza de natureza, de cultura e de história do Brasil bastante grande. É lá que ficam reservas ecológicas que abrigam grande parte da mata atlântica do estado de São Paulo. No canal do Mar Pequeno, 50 quilômetros ao sul de Iguape, está a cidade de Cananéia. A cidade tem casarões coloniais, fortes e canhões, é o ponto de partida da nossa remada até o estado do Paraná, mais precisamente na Ilha do Mel, na baía de Guaraqueçaba.

Essa região abriga as reservas ecológicas da Ilha do Cardoso, o Parque Nacional do Superagüi, a Ilha das Peças e a Ilha do Mel. Também é um lugar de difícil acesso terrestre, com estradas de terra em mau estado, o que acaba conservando um pouco a região. O percurso é todo feito pelos canais, em condições totalmente abrigadas. Mas não confunda isso com fácil.

1º dia: De cara são 45 quilômetros de remada – o que dá umas 8 horas, em média –, mas com uma bela vista das montanhas da Ilha do Cardoso, sempre pelo canal do mar de dentro, passando por algumas ilhas e mangue dos dois lados. O primeiro pernoite é no Marujá, uma vilazinha no fim da ilha do Cardoso, com algumas pousadinhas, campings e restaurantes. É uma faixa de restinga com menos de 1 quilômetro de largura, com o canal de Ararapira de um lado e o mar do outro.
2º dia: Pegamos o canal para Ariri, uma outra vilazinha no meio do mangue, contornando a ilha de Superagüi. O canal vai se estreitando, passa-se pelo povoado de Fátima, até que se abre na baía dos Pinheiros, onde geralmente rola um vento forte, pra dar uma emoção na remada. Como Superagüi e a ilha das Peças são praticamente mangue, existem poucas áreas não alagadas para aportar. Às vezes, a solução é fazer uma parada boiando mesmo. Contornamos a ilha das Peças pelo norte, a parte mais abrigada, e pernoitamos acampados no povoado de Tibicanca, no lado oeste da ilha, já com vista pra ilha do Mel. Essa remada é mais tranqüila, mas demora umas seis horas até chegar ao destino.

3º dia: Lançamos os caiaques na água cedo, contornamos o resto da ilha das Peças e cruzamos o canal, aportando direto na praia da Fortaleza, na Ilha do Mel. Depois continuamos beirando as praias até um istmo perto de Nova Brasília, que une as duas metades da ilha apenas por uma faixa de areia de alguns metros de largura. Arrastamos os caiaques para o outro lado e evitamos ter que dar a volta na outra metade da ilha, exposta ao mar aberto, e fomos encontrar o nosso apoio, que já estava nos esperando. Ficamos o resto do dia visitando o Farol das Conchas e as praias de onda, do lado leste da ilha.

Dica: Consulte a tábua das marés no site do DHN (www.mar.mil.br/dhn) antes de ir. Remar contra a correnteza nas luas Nova e Cheia, com as maiores diferenças de maré, é praticamente suicídio. Em Cananéia, ficamos na Pousada Por do Sol (http://hotelpousadapordosol.com.br), que foram bem atenciosos com a gente e deram todo o apoio de levar caiaque, guardar carro e preparativos em geral. No Marujá dá pra fazer algumas caminhadas muito bonitas para a praia de Morretinhos e Lajes, alugar umas bicicletas e ir na direção sul, pela praia e caminhos no meio da restinga até a ponta da baleia, na barra do Ararapira, onde existe uma comunidade de pescadores, com um restaurante montado pela associação do lugar. Pra quem gosta de balada, à noite ainda rola um forrozinho, que na época de férias e feriados, pega fogo.

Vai nessa: Seguindo pela rodovia Régis Bittencourt (BR-116), vindo de São Paulo, passe por Registro, entre no primeiro acesso à direita para a cidade de Pariquera-Açú – você vai passar sobre o viaduto. Atravesse a cidade e continue pela estrada que vai até Cananéia. Para chegar lá, você pode optar por balsa ou ponte, localizada ao norte da ilha. Para acessar a ponte, é bem simples. Na SP-226 você encontrará a sinalização numa rotatória. Pegando o acesso à esquerda, você irá pela ponte. Seguindo em frente, chegará à balsa, que funciona o dia todo, com intervalos que variam de uma hora e quinze minutos a duas horas e meia. A Viação Intersul faz o trajeto de São Paulo até Cananéia (www.intersul-transporte.com.br).

Plano B: A Aroeira Outdoor (www.aroeiraoutdoor.com.br) oferece tudo que é necessário para o roteiro, incluindo transporte saindo de São Paulo, além de caiaques, logística de alimentação e hospedagem e guias especializados.


Remo na Península do Maraú (BA)
Nível: ****
Duração: 3 dias
(Christian Fuchs)


Na última viagem que fiz, me chamou a atenção quanta gente me perguntou sobre a Bahia, quando falavam sobre o Brasil. E também, não é pra menos, não? O que a maioria dos europeus procura avidamente é o sol, principalmente depois de um ano com inverno tão rigoroso. E na Bahia, o que não falta é sol e praia. Aí pensei que também sou filho de Deus e fui pra lá. Só o meu meio de locomoção é que foi diferente da maioria dos turistas: fomos fazer o passeio de caiaque oceânico. Sem ficar se espremendo em shows de axé, fila de gente no elevador Lacerda, garotos tentando te vender fitinhas do Senhor do Bonfim, pegamos o caiaque e fomos para a Península de Maraú, próximo a Itacaré, ao sul de Salvador.

1º dia: Começamos a remar já à tarde, de Camamu, e fomos até a ilha Grande, que na verdade não era tão grande assim, e pernoitamos acampados no terreno de uma senhora muito simpática, que até nos convidou, na outra manhã, pra tomar um típico café da manhã baiano, com banana terra frita no óleo de dendê, farinha de tapioca temperada, mingau de tapioca e suco de manga. Inigualável. Não tem preço.
2º dia: Passamos na ilha da Pedra Furada, uma formação rochosa interessante e remamos sentido à cidadezinha de Maraú. No meio do caminho ainda resolvemos visitar o farol de Maraú. Encostamos o caiaque num barzinho e fomos a pé até o farol. Acabou dando uma hora de caminhada ao farol e já aproveitamos a maré enchendo na volta, pra nos empurrar pra Maraú. Lá pernoitamos numa pousadinha e mandamos ver no bobó de camarão! A cidade tem um formato interessante, com um longo porto ao longo do canal, que fica muito raso na maré baixa. Tinha até alguns veleiros estrangeiros atracados, com quem fomos trocar umas figurinhas de histórias do mundo todo.
3º dia: Aproveitando sempre a maré, remamos mais umas 3 horas até a cachoeira de Tremembé, no fundo da baía de Maraú, já próximo de Itacaré, mas infelizmente sem ligação fluvial. Já imaginou remar durante horas por canais em mangue e de repente ouvir um barulho de cachoeira, virar a última esquina e dar de cara com uma cachoeira de uns 6 metros, caindo na proa do seu caiaque? Se eu não tivesse visto, não teria acreditado! Depois de uma hora curtindo a cachoeira e seus poços, começaram a chegar os primeiros turistas de lancha. Existe também o acesso por terra, mas com a estrada em péssimo estado. Voltamos a Maraú para pernoitar e no outro dia seguimos de volta para Camamu, para mandar mais uma moqueca de badejo, que me dá água na boca, só de pensar!

Dica: Além da beleza natural do lugar, a receptividade do povo baiano, as comidas típicas e o clima do lugar fazem dessa região, algo muito especial. Principalmente quando se tem tempo pra desfrutar a paisagem sem pressa, remando calmamente a bordo de um caiaque oceânico. Como as águas lá geralmente são abrigadas (por uma barreira de corais e pela própria pensínsula), ventos amenos no verão, tornam a remada ainda mais prazerosa e tranquila.

Vai nessa: Existem duas maneiras de se chegar a Barra Grande: ou de carro, por uma estradinha arenosa horrível, ou de barco, a partir da cidade de Camamu (pouco mais 60 quilômetros da BR-101, a partir de Ubaitaba), que foi de onde lançamos o caiaque ao mar, mais precisamente da Marina São Jorge, onde deixamos o carro estacionado e até comemos um belo catado de siri, antes de embarcar. A marina possui também uma estrutura boa de apoio ao navegador.

Plano B: Na Ativa rafting (www.ativarafting.com.br) você pode contratar um guia especializado e a logística de hospedagem necessária. Porém, não há caiaques oceânicos para serem alugados na região. Leve os seus!

Trekking no Marumbi (PR)
Nível: ****
Duração: 2 dias
(Alexandre Cappi)



O estado do Paraná, berço do montanhismo nacional, abriga o Parque Estadual do Pico do Marumbi, um complexo de rochas acima dos mil metros de altitude, cercado por uma das áreas de mata atlântica mais preservadas do Brasil. O Parque está localizado no município de Morretes, a 65 quilômetros ao leste de Curitiba, e o percurso de duas horas até lá é feito por trem.


Encarar qualquer uma das trilhas do Marumbi é na verdade uma escalada. A subida íngreme passa por uma grande variedade de terrenos, seguindo por paredões expostos e cobertos por uma densa vegetação. Na maior parte do tempo ficávamos suspensos pelas mãos, agarrados a troncos e raízes escorregadias. Alguns trechos verticais estão equipados com correntes e degraus de aço que exigem atenção redobrada, principalmente de quem estiver escalando pela primeira vez. Outro fato que me causou surpresa é a minuciosa demarcação das trilhas com fitas plásticas amarradas nas árvores e setas de aço fixadas na rocha, indicando a direção exata nas bifurcações

1º dia: Após duas horas equilibrando-se sobre os abismos chegamos ao cume do Abrolhos (1.200 metros). A elevada altitude não permitiu enxergar nada além das nuvens. Depois de um almoço de primeira e de um chimarrão que queimava a boca de tão quente, assinei o livro de cume e liguei para a redação da Go Outside. Salve galera do windows…
2º dia: Acompanhei meu guia numa incursão à montanha do Facãozinho (1.100 metros), trilha fechada há 9 anos devido às péssimas condições de sustentação das encostas. Seguimos pela mata estreita e fechada por samambaias e bambuzais. As suspeitas de Kiko se confirmaram ao constatar que determinadas áreas degradadas não haviam se recuperado. Para reabrir novamente o percurso aos visitantes será necessário um longo trabalho de contensão das erosões e reflorestamento dessas áreas.

Dicas: Leve mochila de ataque, barras de cereais, protetor solar, roupas leves e de frio, capa de chuva, meias, canivete, sacos de lixo, lanterna, tensores para joelhos e cammel back ou cantil. O parque oferece camping gratuito. Não adianta chegar à base do Pico do Marumbi sem ter contratado um guia de montanha, pois não existem serviços comerciais instalados no Parque.

Vai nessa: Para quem vem de outros estados, o acesso mais simples é seguir de ônibus até a rodoviária de Curitiba, de onde sai o trem da América Latina Logística, sentido Paranaguá. É melhor programar a viagem para chegar à capital antes da saída do trem, às 8 da manhã. Avise o maquinista ou o monitor que você irá descer no Parque. Ao descer do trem preencha ocadastro de visitação na administração do Parque. Aproveite para se informar a respeito das condições das trilhas, escaladas e de áreas interditadas para recuperação ambiental.

Plano B: As operadoras Pisa Trekking (www.pisa.tur.br) e Calango Expedições (www.calangoexpedicoes.com.br







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