Final infeliz: 19 aventuras ao ar livre em que o pior aconteceu

Por Redação

Final infeliz
MAR EM FÚRIA: Helicóptero resgata tripulantes de um dos 303 iates que naufragaram em 1979, quando uma tempestade atingiu o mar Celta, matando 15 pessoas.

NOVA ZELÂNDIA, 15 DE ABRIL de 2008. Um grupo de 12 pessoas – dez delas estudantes entre 14 e 16 anos, mais dois instrutores – parte para o Parque Nacional de Tongarico, na ilha Sul. Eles pretendiam passar o dia fazendo rafting pela garganta que o rio Mangatepopo esculpe em parte de seus 15 quilômetros de extensão, mas não chegaram nem à metade do passeio. Uma tromba d’água – fenômeno natural em que chuvas fortes na nascente elevam repentinamente o nível do rio – fez o volume do Mangatepopo aumentar 30 vezes e triplicou sua altura. Seis estudantes e uma instrutora foram arrastados e morreram. Neste mesmo ano, em terras brasileiras, um acidente parecido em Guapimirim (RJ) causou a morte de outras sete pessoas.

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Trombas d’água, avalanches, tempestades e até bactérias são os vilões das 19 tragédias que listamos a seguir, todas acontecidas no lugar que a gente mais gosta de estar: ao ar livre. Previsíveis? Talvez. Evitáveis? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: quando a Natureza e o destino assumem o comando, é bom estar preparado – e, para isso, nada melhor do que aprender com o que já passou.

2008 – Rio Soberbo (Guapimirim, RJ)

Um grupo de turistas se banha na cachoeira do rio Soberbo quando uma tromba d’água os pega de surpresa. Em segundos, a água sobe da altura dos joelhos para acima do pescoço. Sete pessoas são arrastadas e morrem.

2006 – Everest (Nepal)

Aos 36 anos, o alpinista brasileiro Vitor Negrete – que já escalara o Aconcágua pelas vias mais difíceis e completara a face noroeste da montanha em pleno inverno, em 2002 – decide enfrentar os 8.850 metros do Everest sem auxílio dos cilindros de oxigênio. Ele chega ao topo, mas a falta de oxigênio e o desgaste o matam na volta, no acampamento 3. Ele é enterrado na montanha.

Leitura adicional: Espírito Livre (a ser lançado este ano), de Marina Soler Jorge, editora Rocky Mountain.

2002 – Ilhas Fiji

Alexandre Freitas, o “pai” das corridas de aventura no Brasil, participava de uma prova nas ilhas Fiji quando começa a sentir fortes dores nas pernas. Três dias depois do fim da corrida, ele é internado, sem conseguir andar e sem um diagnóstico preciso. Quinze dias depois, quando já estava em coma, os médicos descobrem que ele havia ingerido uma bactéria, provavelmente ao comer peixe cru. Alexandre sai do coma, mas fica cego e paralítico por dois meses. Alexandre carregou sequelas para a vida e acabou falecendo no mês de julho de 2021.

2000 – Rio Storms (África do Sul)

Treze pessoas morrem quando uma tromba d’água atinge quatro guias e vinte clientes em minibotes que desciam o popular cânion do rio Storms. Os sobreviventes ficam agarrados às pedras por 36 horas até serem resgatados por helicópteros

1999 – Garganta Saxeten (Bern, Suíça)

A grande agência suíça de turismo de aventura Adventure World coloca 53 pessoas na garganta Saxeten, apesar das nuvens negras e da óbvia tempestade que se aproxima. O último cliente adentra a garganta por volta das 16 horas, muito tarde numa área de montanha propícia a tempestades. Uma enorme tromba d’água desce o cânion, matando 21 pessoas. Naquela época, a Adventure World já havia levado mais de 35 mil pessoas para este passeio.

1999 – Interlaken (Suíça)

Uma tromba d’água num cânion perto de Interlaken mata três guias e 18 clientes.

Leitura adicional: matéria “A Storm in the Distance”, de Mark Jenkins, publicada na Outside norte-americana em novembro do mesmo ano e disponível em outsideonline.com/interlaken.

1998 – Monte Aconcágua (Mendonza, Argentina)

Uma das maiores tragédias no Aconcágua: três brasileiros escalam pela face sul e estão a 800 metros do cume quando são surpreendidos por uma avalanche e soterrados pela neve. Mozart Catão, 35 anos, despenca no abismo. Os outros dois, Alexandre Oliveira, 24 anos, e Othon Leonardo, 23, morrem congelados. Os também brasileiros Dálio Zippin Neto e Ronaldo Frazen Júnior se salvam porque estavam no acampamento-base.

ACAMPAMENTO: Robert Scott, que chegou ao polo Sul a pé e morreu depois do feito

1997 – Cânion Antelope (Arizona, EUA)

Um grupo de onze turistas fotógrafos morre quando uma tromba d’água se forma 65 quilômetros acima do cânion, próximo ao lago Powell – famoso por ser largo o suficiente apenas para a passagem de uma pessoa. Eles haviam passado pelo cânion antes e saído devido aos avisos de tempestades, mas voltam a entrar no cânion para terminar seus filmes. A tromba d’água os atinge em poucos segundos e apenas um sobrevive.

1996 – Everest

Oito montanhistas de uma escalada comercial ao Everest morrem durante uma tempestade na descida do cume.

Leitura adicional: No Ar Rarefeito (1997), de Jon Krakauer, editora Companhia de Bolso.

1993 – Vulcão Galeras (Colômbia)

O professor Stanley Williams guia uma equipe internacional de 12 pesquisadores até a boca do vulcão colombiano Galeras, de 4.276 metros, que entra em erupção matando seis cientistas e três turistas.

Leitura adicional: A 600 Graus Celsius (2002), de Stanley Williams, editora Objetiva.

1991 – Wakayama (Japão)

Pedro Paulo Carneiro Lopes, o Pepê, tornou-se o primeiro campeão mundial de vôo livre em 1981, quando tinha 23 anos. Dez anos mais tarde, quando disputava o mundial de asa-delta na cidade japonesa de Wakayama, ele sofre um acidente fatal. Provavelmente por causa do mau tempo, a asa-delta de Pepê perdeu altitude logo no início do vôo e ele colidiu com uma pedra.

PROCURA-SE: O Coronel Percy Fawcett, que sumiu na Amazônia com mais dois homens em 1925, quando procuravam uma cidade perdida na selva

1990 – Pico Lênin (entre Tadjiquistão e Quirguistão)

Um desabamento no Lênin – de 7.133 metros, na fronteira do Tadjiquistão com o Quirguistão – mata pelo menos 40 montanhistas.

Leitura adicional: Mountain Disasters (2003), editado por Hamish MacInnes, sem edição em português.

1981 – Monte Rainier (EUA)

Dez clientes e um guia da agência RMI morrem em consequência de uma avalanche no glaciar Ingraham, no monte Rainier.

Leitura adicional: The Measure of a Mountain (1997), de Bruce Barcott, sem edição em português.

1979 – Mar Celta (costa sul da Irlanda)

Os 303 iates da regata britânica Fastnet, de 600 milhas, são atingidos por uma poderosa tempestade no mar Celta. Cinco naufragam, 24 tripulações abandonam suas embarcações, 136 marinheiros são resgatados e 15 pessoas morrem.

Leitura adicional: Fastnet, Força 10: A Tempestade Mortífera na História Moderna da Vela (1980), de John Rousmaniere, sem edição em português.

1925 – Amazônia

O coronel Percy Harrison Fawcett e dois homens desaparecem na floresta Amazônica quando procuravam uma cidade perdida na selva. Cem pessoas morrem ao longo de décadas de esforços de resgate.

Leitura adicional: O Enigma do Coronel Fawcett, O Verdadeiro Indiana Jones (2007), de Hermes Leal, editora Geração Editorial.

1911 – Antártica

Numa corrida para alcançar o pólo Sul, o capitão Robert Falcon Scott atravessa a Antártica a pé com quatro homens. Ao atingir seu objetivo, descobre que outra equipe havia chegado ao destino um mês antes. Scott e dois companheiros até então sobreviventes morrem a 18 quilômetros do acampamento-base.

Leitura adicional: A Pior Viagem do Mundo (1922), de Apsley Cherry-Garrard, editora Companhia das Letras.

1845 – Círculo Polar Ártico (Canadá)

Sir John Franklin e 128 homens partem em busca da Passagem Noroeste. Presos no mar congelado por 18 meses, a tripulação inteira sucumbe.

Leitura adicional: A Passagem Noroeste (2002), de Scott Cookman, editora Marítimas.

1818 – Deserto do Saara (África)

O capitão James Riley encalha na costa norte da África, onde ele e sua tripulação de 11 homens são escravizados pela tribo sahrawi. Eles caminham 1.300 quilômetros pelo deserto do Saara. Sete sobrevivem.

Leitura adicional: Esqueletos no Saara (2005), de Dean King, editora Companhia das Letras.

1556 – Alagoas

O primeiro bispo do Brasil, dom Pero Fernandes Sardinha, teve um desentendimento com dom Álvaro da Costa, governador-geral do país na época. Logo em seguida o rei o chamou de volta a Portugal. A embarcação na qual viajava naufragou ainda no litoral alagoano, com ele e mais 90 tripulantes a bordo. Todos conseguiram retornar à terra, mas posteriormente foram devorados por índios, que alguns historiadores acreditam serem caetés, outros tupinambás.







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