Medo e delírio na Nova Zelândia

CARREGA-BIKE: Um dos trechos de "pedal"

Por Andréa Estevam

Fotos por Andréa Estevam/ Rafael Campos/ Rahoul Ghore

São seis da tarde de quarta-feira e o rádio na base da Southern Traverse – uma das corridas de aventura mais difíceis do planeta, escolhida este ano para servir de final do circuito mundial dessa modalidade – não pára. Equipes perdidas, famintas, cansadas e às vezes machucadas pedem ajuda entre chiados e ruídos. “Tem um rio na minha frente”, informa a voz sumida em algum ponto dos alpes neozelandeses. “Qual sua altitude?”, pergunta Marc Patton, responsável pelo monitoramento via rádio. “950 metros”, responde a voz. Patton olha o mapa colado na parede, passa a mão no cabelo de um jeito meio desesperado e pergunta alto: “Onde diabos esses caras se enfiaram?!”. É a tarde do terceiro dia de prova e somente 20 das 46 equipes que começaram a corrida na segunda-feira ainda estão no percurso. A expectativa é de que menos de dez cruzem a linha de chegada.

Minha equipe, a Try On Landscape (eu, Caco Alzugaray, Ramon Valls Martin e Vitor Negrete) é uma das 26 prematuramente fora da competição. Isso graças, principalmente, ao polêmico corte estabelecido pelo diretor de prova, Geoff Hunt, para o segundo dia de prova. Como nós, mais 17 equipes – inclusive as duas outras representantes brasileiras, Mitsubishi Quasar Lontra e Oskalunga Brasil Telecom – não conseguiram chegar ao rafting antes do horário determinado e tiveram que abandonar a corrida, sem ter a opção de percurso cortado, mais curto, geralmente oferecida nesse tipo de competição. Outras tantas chegaram ao rafting, mas abandonaram a prova nas horas e dias seguintes pelos mais diversos motivos, numa espécie de “resta um” de bolhas, fadiga e sono. Mas o que torna a Southern Traverse tão casca a ponto de eliminar até equipes favoritas como a neozelandesa Kathmandu, a canadense Subaru e espanhola/francesa/finlandesa Buff Nike ACG, campeã do Ecomotion Pro 2005?

A lógica do perrengue

Chegamos a Christchurch, principal cidade da ilha sul da Nova Zelândia, uma semana antes da largada e encaramos aquele que para mim é o terror das corridas de aventura: a parte logística e de equipamentos, que tem mais detalhes do que um jardim japonês. Identificação em cada peça de roupa. Caixas etiquetadas para os suplementos, panos de prato, sachês de gel e equipamentos de cozinha. Caixas identificadas para cada atleta. Um grande saco para todos os capacetes (três por atleta), outro para todos os tênis (quatro para cada), outro com os coletes salva-vidas e remos desmontados, já marcados com nome, ângulo das pás, tamanho do cabo. Compartimentos específicos para cada peça, cada ferramenta. No comando dessa operação estava José Pupo, amigo e experiente corredor de aventura, daquelas pessoas ultrameticulosas que gostam de ver até as escovas de dente enfileiradas por ordem de tamanho. A preocupação de Pupo era organizar tudo para que nossas transições fossem super agilizadas. Nossa estratégia, até então, era imprimir um ritmo constante, não assumir riscos na navegação, minimizar os erros e fazer transições rápidas para compensar a diferença de preparo físico e experiência entre nós e os gringos.

O braço direito de Pupo era o Dudu, Eduardo Pimentel, que trocou férias de pernas para o ar por duas semanas nos acompanhando numa roubada internacional. Para completar a equipe de apoio, veio Timothy Vincent, mountain biker profissional que vive seis meses na Suíça, onde compete em maratonas de mountain bike e provas de cross country, e seis meses em Nelson, no norte da Ilha Sul. O cara está em primeiro lugar no ranking suíço e em 6o no ranking neozelandês, e cuidava de nossas bikes.

Ramon e Pupo formaram uma incrível dupla de professores pardais da aventura. Com a verba curta e a lista de equipamentos extensa, os dois deram um jeitinho brasileiro e conseguiram nos equipar com uma verdadeira linha de produtos “Tabajara”. Tinha a “Tabajacket”, um colete salva-vidas com bolsa de hidratação presa por lacres e silvertape. Tinha as “Tabamanholas”, garrafinhas com mangueira para serem presas à alça da mochila – as versões “comerciais” custavam mais de 20 reais, enquanto as nossas saíram de graça, feitas com as garrafas de isotônico distribuídas pela organização, pedaços de um camel back velho e, mais uma vez, silvertape. Nosso “Tabareboque” de bike foi até copiado pelos gringos: uma coleira retrátil de cachorro presa embaixo do banco de quem puxa e um mosquetão preso no guidão de quem vai ser rebocado. Aos poucos, nossa artilharia ia ficando pronta.


DUENDE: Caco desaparece na mata kiwi

De frente para o perigo

Westport, cidade-base da prova, é uma vila perdida de pouco mais de doze quarteirões, do lado oeste da ilha. Mesmo invadida pelo circo da aventura, o clima era de marasmo. O briefing mudou tudo. Em pouco mais de uma hora, Geoff Hunt deu uma geral no percurso e nos deixou de cabelos em pé. Seriam quatro trechos de trekking praticamente sem trilhas, subindo e descendo os alpes neozelandeses. O caiaque em mar aberto estava confirmado, apesar das morras que estouravam no litoral. A mountain bike teria um trecho de 89km que levaria 13 horas para ser percorrido pela primeira equipe, segundo estimativas da organização. Em alguns postos de controle (PCs), nem o próprio Geoff havia conseguido chegar. “Mas tenho certeza que vocês darão um jeito”, disse ele, com sarcasmo.

Para nós, o grande susto foi descobrir que a previsão de chegada para a primeira equipe era às 16h30 de sexta e o horário limite para completar a prova era às 18h00 de sábado. Isso significava que teríamos que nos manter pouco mais de 24 horas atrás dos líderes para não sermos cortados. Significava socar a bota desde o começo e deixar de lado a estratégia conservadora de tentar chegar inteiro, ainda que depois.

Descobrimos ali o primeiro motivo da média histórica de 20% das equipes terminarem a Southern Traverse: não só o percurso é difícil, mas o tempo dado aos atletas é ridiculamente curto. Olho ao redor e vejo o panteão da aventura – duas gerações de ídolos num auditório, alguns deles às vésperas de sua última prova antes de se aposentarem do perrengue, como os neozelandeses Nathan Fa’avae e Kristina Anglem, da equipe Balance Vector. Ele, três vezes campeão da Southern Traverse, quer passar mais tempo com os filhos. Ela, remadora olímpica, vai se dedicar somente aos treinos para Beijing. Ali também estavam o americano Ian Adamson (Nike Balance Bar, campeã mundial em 2004), a americana Rebecca Rush (sete Eco Challenges, 4 Raid Gauloises, 1 Southern Traverse), a neozelandesa Robyn Benincasa (7 Eco Challenge, 5 Raid Gauloises), o canadense Jim Mandelli (3 Eco Challenge, 2 Southern Traverse) – somando os “odômetros” de todos ali, dava para dar uma volta ao mundo. Havia naquela sala no mínimo dez equipes potencialmente campeãs e tudo poderia acontecer ao longo da semana.

Para os kiwis, vencer em casa era quase uma obrigação. “Espero que vocês cheguem em segundo”, disse para Ian Adamson um dos nativos maoris (os índios da Nova Zelândia) que participaram da abertura do briefing. Todos riram, mas não era brincadeira. E também não é à toa que as 14 edições da Southern Traverse tiveram campeões neozelandeses: numa ilha tão pequena e com tanta cultura outdoor, são muitos os atletas com tempo e disposição, e são relativamente poucos os picos para serem explorados. Os caras treinam muito e conhecem cada pedaço daquela terrinha abençoada.

Com mapas em mão, na véspera da prova, todos ficaram mais apressados, mais impacientes, mais tensos. Separo a roupa que usaremos na largada e coloco em cima da pilha o colete de prova, que me parece irreal. Vai mesmo começar?

A jurupoca vai piar!

Na manhã da largada, acordamos com chuva e com o grito de Dudu: “A jurupoca vai piar!”. Não quis saber o que é jurupoca e nem o que acontece quando ela pia – não devia ser nada de muito bom.

“Graças a Deus começou! Chega de logística! Chega de arrumar equipamentos”, gritou um competidor ao meu lado quando a buzina berrou pontualmente às 9h30 da manhã. Ri. Percorremos correndo os poucos quarteirões de Westport, passando pelas crianças em uniformes escolares que se espalhavam pela calçada para aplaudir os atletas. Chegamos na praia, sentamos nos caiaques – eu e Caco em um, Vitor e Ramon no outro – e saímos remando antes de realmente ver o tamanho delas. Para varar a arrebentação, é preciso ir de frente para a onda, perpendicular à arrebentação. Eu, que tenho um certo trauma de água, gritava e remava ao mesmo tempo, tomando uma porrada atrás da outra na cara, sentindo o bico do caiaque subir no ar, voar no vazio e então voltar com tudo, espalmando na água. Recuperávamos o equilíbrio, voltávamos a remar e lá vinha outra porrada de quase dois metros de altura. Desse jeito, entre o desespero e a força bruta, varamos a arrebentação. Ramon e Vitor haviam virado lá perto da areia, mas se ajeitaram rapidamente e logo nos encontraram no outside.

Os 26 quilômetros de remo que se seguiram foram até que tranqüilos, considerando que estávamos no mar da Tasmânia, o swell tinha dois metros e o Ramon e o Caco viram algo que parecia um tubarão. Eu focava só na ponta do caiaque, sem olhar o alto-mar para não entrar em pânico. As ondas vinham gigantes, mas passavam por baixo de nós sem estourar – até que chegamos à praia onde ficava a área de transição. Mesmo lá do fundão eu via que a situação estava crítica. Apoios agitando os braços na areia, pedaços de caiaque na beira do mar, jet skis zunindo em círculos. “Não tem como sair daqui sem virar”, gritei para Caco. “Vamos encarar”, ele me respondeu.

Na real, não tínhamos mesmo outra opção. Remamos com força em direção à areia, tentando aproveitar uma calmaria. Mas quando estávamos bem na zona de impacto, a série entrou. Nos livramos da primeira, da segunda, da terceira onda. Na quarta, um buraco imenso abriu embaixo de mim conforme a rainha da série se formou sob o caiaque. Só a popa do caiaque se mantinha na água – o resto estava no ar e depois caindo, embicando, virando. Eu e Caco éramos náufragos agora sem barco. Os coletes salva-vidas não nos deixavam afundar e estávamos bem no quebra-coco. Fomos resgatados pelos jet skis depois de uns 10 minutos de caldos e sacudidas. Lembro claramente da força que tive que fazer para me segurar no jet, dos músculos se esticando com a velocidade, do motor embaixo de mim e da onda gigante que tentava nos alcançar, lambendo meus pés. Pensei em Laird Hamilton e nos big riders de tow in. Os caras são loucos.

Na areia, um cenário surreal feito de pedaços de caiaque, pés de tênis, fragmentos de remo, roupas e competidores desnorteados à procura dos companheiros de equipe ou equipamentos. “Nunca passei tanto medo na minha vida”, me disse Monclair Cammarota, da Oskalunga Brasil Telecom. Eles haviam ficado quase meia hora na água, tentando sair. Nosso caiaque foi rasgado ao meio e tivemos dois remos quebrados. O saco estanque em que estavam as roupas do Caco também rasgou, deixando ele sem uma muda de preciosas roupas secas e quentes. Mesmo assim, estávamos aliviados.


TITANIC: Andréa Estevam no caiaque da equipe japonesa. O da equipe ficou quase assim

Na bucha

Os 50 km de mountain bike que vieram em seguida foram fisicamente duros e exigiram técnica, mas foram bons para acalmar nossos ânimos e cansar nossas pernas. A organização havia divulgado suas estimativas de tempo para as equipes mais rápidas e mais lentas, trecho a trecho, e eu fazia contas mentais. Apesar do perrengue, havíamos completado o remo dentro do tempo previsto. Tínhamos no máximo seis horas para fazer aquela bike e parecia que ia rolar, apesar dos três pneus furados. Se nosso trekking fosse bom, passaríamos no primeiro ponto-chave da prova, o corte. Às 18hs de segunda, terminamos a bike e fizemos uma transição rápida para o trekking. A organização previa de 15 a 22 horas dali (PC 5) até o PC 8, onde tínhamos que chegar antes das 19:30 de terça. Eu estava confiante. O trekking é nossa modalidade mais forte e estávamos com dois ótimos navegadores, Caco e Ramon.

Mas na mata neozelandesa nada é confiável: árvores que se soltam do solo quando nos seguramos nelas, deslizamentos de pedras, buracos embaixo da espessa camada de folhas e um limo escorregadio que recobre tudo. Nenhum animal, nenhum cheiro, só umidade, musgos e uma terra que parecia desmanchar sob os pés. Em outros trechos, havia os temidos “bushs” ou arbustos – um mato espinhento, duro e agressivo, difícil de atravessar. E, claro, nenhuma trilha à vista. Nesse cenário, nossa progressão foi muito mais lenta do que esperávamos. Após 12 horas de trekking, varando uma noite gelada, não havíamos chegado nem ao PC 6. Quando amanheceu, Ramon nos mostrou onde estavam os PCs 7 e 8, no alto de montanhas do outro lado de um grande vale. Longe, muito longe. Encontramos os neozelandeses da House Of Travel. “É impossível chegar a tempo. Decidimos voltar ao PC5”, um deles nos disse. “Que frustração”, completou, sem esconder os olhos cheios de lágrimas.

Mais adiante, demos de cara com a equipe de resgate, que tinha vindo socorrer um competidor americano que escorregara ao saltar um tronco-armadilha e agora estava com um braço quebrado, na beira de um rio, no fundo de um vale na Nova Zelândia. “Eu aconselho vocês a voltarem. Os próximos PCs estão muito longe e a navegação piora bastante a partir daqui”, disse a médica que chefiava a equipe. Sentamos, olhamos o mapa, fizemos mais contas. Sem errar nada, levaríamos mais 20 horas para chegar ao PC8 – e não errar nada, naquele terreno sem trilhas, era uma utopia. Seria mais uma noite na mata, só que desta vez sem comida suficiente e só com duas lanternas para nós quatro (como a pior das previsões da organização era de 22 horas, não levamos pilhas extras para todos). Com tristeza, mas sem nenhuma dúvida de que essa era a única coisa a fazer, decidimos voltar. Avisamos a organização pelo rádio e começamos as 12 horas de trekking que nos separavam da nossa equipe de apoio, da nossa linha de chegada na Southern Traverse 2005.

No PC 8, soubemos que as outras equipes brasileiras também estavam em maus lençóis. A Oskalunga Brasil Telecom já haviam informado que voltariam, mas estavam demorando muito, provavelmente perdidos e certamente com fome e sem energia. A Mitsubishi Quasar Lontra tinha conseguido passar pelo PC 7, mas não chegara no PC 8 até a hora do corte.

A corrida continua

Nos dias seguintes, mais e mais equipes foram abandonando a prova. A Balance Vector de Nathan e Kristina era a única que parecia conseguir ficar dentro das estimativas de Geoff Hunt, sendo os mais rápidos em praticamente todas as etapas e abrindo mais e mais sua vantagem. A transição deles também era pró: em cinco minutos eles comiam, se trocavam e estavam prontos para seguir adiante ou para dormir, dependendo da estratégia do momento. Com o resto dos times cada vez mais para trás, Hunt teve que fazer cortes drásticos no percurso, eliminando etapas inteiras para que outras equipes terminassem a prova dentro do horário limite. Mesmo com os cortes, somente seis equipes terminaram a corrida até as 18:00 hs de sábado. A sétima, a sueca Cross Sportswear, chegou 47 minutos depois, mas foi rankeada normalmente. Outras seis terminaram o percurso com cortes ainda maiores, totalizando 13 equipes sobreviventes. Mais uma vez, as estatísticas de Geoff Hunt se confirmaram.

A Balance Vector emplacou uma vitória histórica, chegando quase 13 horas à frente da segunda colocada, a Nike ACG, à praia de Tauranga Bay. Sim, eles são locais, conhecem o terreno e treinaram na região – mas ainda assim, para conseguir essa liderança sobre as melhores equipes do mundo, é preciso fazer muita força e ser muito bom em todas as modalidades, e não há como não reconhecer isso.

Quanto a mim, a sensação era de uma dura consciência de nossos próprios limites, um cara-a-cara com a realidade que poda um pouco as asas, mas ao mesmo tempo torna mais firme o chão sob meus pés. Nos preparamos para o mundial durante todo o ano, desde que recebemos aquele inacreditável email dizendo que uma das vagas era nossa. Acreditamos que seria possível uma equipe brasileira finalmente terminar a Southern Traverse, mas tomamos um chacoalhão de humildade. Para estar entre os 20% de equipes que historicamente chegam ao fim da Southern, teríamos de ser muito mais rápidos, muito mais técnicos, muito mais acostumados com o terreno. Não basta força, determinação e resistência psicológica – é preciso fazer tudo isso e ainda andar forte num terreno íngreme e selvagem, rasgando a mata com o corpo numa natureza que pode ser tão implacável quanto linda.

O corte precoce só adiantou algo que muito provavelmente aconteceria mais tarde. Eu só gostaria que houvesse um percurso B para as equipes cortadas, como acontece geralmente nas corridas de aventura, para que fazer valer mais a pena todo o tempo e dinheiro que investimos nessa competição. Queria ter ficado mais tempo na ralação da prova, mesmo que sem esperanças de classificação, para ganhar uma experiência que seria tão preciosa quanto os sete mil dólares que pagamos pela inscrição.

Apesar da frustração de ter saído tão cedo da Southern Traverse, voltei com um tesão renovado pela corrida de aventura. O esporte ganhou mais brilho, a vontade de melhorar como atleta ficou maior. Principalmente, a admiração por quem vence um percurso como o dessa prova cresceu ainda mais, tornando os ídolos mais ídolos. Todos precisamos de heróis, e eu reencontrei os meus nos vales, rios e cristas da “Terra da longa nuvem branca”, como os maoris descrevem essas duas ilhas chamadas Nova Zelândia.


TABAJACKET: Pupo e Vitor testam o jeitinho brasuca

17 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A NOVA ZELÂNDIA

– Como tudo tem seu lado positivo, nossa saída da prova nos deu tempo para dar um rolê por alguns picos incríveis da ilha sul. Mas antes de embarcar para lá, é bom você saber que:

– O inglês deles é macarrônico, uma mistura de sotaque australiano com britânico. Em vez de “e”, eles pronunciam “i” (“seven” vira “siven”, por exemplo). Em vez de “u”, sai “o” (“focking” difficult to understand!).

– Com exceção dos poucos restaurantes bacanas, a comida é bem ruim, à base de frituras. A melhor pedida é ficar hospedado em quartos tipo studio (que têm cozinha completa) e fazer o próprio rango.

– A natureza é linda, mas a mulherada é feia. Outro resquício da colonização inglesa…

– Em todo canto há lugares incríveis para remar, pedalar e correr, inclusive bem pertinho das cidades. Aproveite os mapas locais, que podem ser comprados em qualquer loja. Eles são topográficos e indicam várias trilhas.

– A região mais bonita – aquela que aparece nos cartões postais do país – fica no sul da ilha. Vale a pena conhecer Queenstown, os lagos Wanaka e Tekapo, a região de Milford Sounds e de Canterbury. Os “passes” (passos que cruzam a cordilheira que divide a ilha sul ao meio) também têm um super visual. A estrada para Milford Sounds é um show à parte, faça ela de dia!

– Os adolescentes enchem a cara na balada. Cuidado para não arrumar encrenca nos bares locais.

– É um lugar caro para se hospedar. A opção urbana mais barata, em quartos coletivos, sai por NZ 25 (um dólar neozelandês custa R$1,70). Aproveite a infra-estrutura que eles têm de turismo de aventura, acampando e dormindo nas cabanas instaladas nas principais trilhas.

– Preste atenção ao horário de check-out – eles ficam furiosos com quem se atrasa. E não deixe o quarto muito bagunçado ou eles podem cobrar uma taxa extra pela arrumação “pesada”.

– Os neozelandeses têm aquela estranha mania de dirigir do lado esquerdo, como os ingleses. Na dúvida vá para o lado esquerdo!

– O clima é patagônico e, mesmo no verão, pode nevar. Leve roupas de frio e chuva.

– Um esporte nativo é o atropelamento de marsupiais – você verá vários possuns (um bichinho esquisito que é uma praga no país) esmagados no asfalto.

– A cerveja é cara – NZ 4 por um canecão. O vinho, em compensação, é uma delícia e reconhecidos mundialmente, principalmente os Pinot Noir.

– Se você vacilar, fica sem janta: mesmo em Christchurch, a maior cidade da ilha e terceira maior do país, os restaurantes fecham às 22:00hs. Nas cidades menores, então, é difícil comer fora depois das 21:00hs. Ainda sobre horários: o comércio fecha às 17:30. É porque os neozelandeses têm muito mais o que fazer além de trabalhar: remar, pedalar, correr… e quem é que vai dizer que eles estão errados?


(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de dezembro de 2005)







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