Capitães de areia

HORA DO RUSH: Caravana de marcadores com mais de mil camelos cruza o Saara rumo ao oásis de Fachi

Texto e fotos Henry Ajl / Baboon Filmes

17’’48’29.7N e 010’’59’06.2E são as coordenadas do sofrimento. Foi exatamente neste ponto, perdido em meio ao mar de dunas do deserto do Tenéré, que nosso drama começou. Eram dez horas da manhã quando veio a constatação fatal: o disco de embreagem estava quebrado e não havia nada no mundo que pudesse desatolar o carro daquele maldito colchão de areia fofa. O destino, invariavelmente, pune os imprudentes e a bola da vez era o responsável pelos carros da expedição, o senhor Bakri Haballa. Infelizmente, naquele fim de mundo, o destino deste senhor estava irremediavelmente conectado ao da nossa equipe.

O bom senso diz que nenhuma travessia do maior deserto do planeta deveria ser feita sem um planejamento cuidadoso e detalhado. No Saara não há lugar para principiantes ou amadores. Os motoristas devem ser experientes, tão conhecedores das nuances do deserto que sejam capazes de farejar os atalhos pelo sol, pelo vento ou pelas estrelas que abundam nas noites frias e silenciosas do Ténéré. Os carros merecem atenção especial. Se não estiverem preparados e equipados pra encarar o chumbo grosso, melhor nem começar. E como esquecer das peças de reposição? Impensável. Afinal, carros são feitos para quebrar, especialmente num terreno como o do Saara. Mas o senhor Haballa parece ter ignorado a cartilha básica do deserto e nos colocou numa tremenda fria.


MOEDA: Mulher inspeciona produto à venda em Fachi

ÀS DEZ DA MANHÃ O SAARA JÁ BEIRA O INSUPORTÁVEL. O sol despenca sobre as cabeças com fúria, a areia ferve e o vento abafado só piora tudo. E agora, com um dos dois carros da expedição fora do jogo, a aventura se transformava em pesadelo. Éramos três brasileiros e cinco nigerianos, mas nem todos poderiam prosseguir no carro que ainda funcionava. Decidir quem iria e quem ficaria envolve uma pressão psicológica terrível. Para os que permanecem, resta a confiança nos companheiros que partem com a missão de retornar dias depois com o resgate. Para os que prosseguem, não há garantia alguma de chegada e a possibilidade de uma nova pane mecânica eleva a angústia a níveis insuportáveis.

A isso tudo, somava-se o “fator Bakri Haballa”. Bakri encarnava com estilo o personagem “Raposa do Deserto” às avessas. Líder e motorista do carro-guia, antes da pane mecânica ele já havia se perdido inexplicavelmente após passarmos pela Árvore do Ténéré, um marco pra lá de manjado para aqueles que cruzam o deserto com freqüência. Na tentativa de retomar a direção rumo ao oásis de Fachi, Bakri foi parar no Erg de Bilma, verdadeiro cordão de dunas que desafia – e vence – os motoristas que insistem em penetrar a areia mole deste lendário “corredor” saariano. Foi ali que nosso carro quebrou. Recorremos, então, às marcações do GPS para descobrir o caminho dali para Fachi, só para verificar, com espanto, que o aparelho estava capenga, com fios expostos

desordenadamente. Não fosse o cinegrafista Markus Bruno, que deu um jeito de remontar o GPS e conectá-lo diretamente à bateria do carro, dependeríamos única e exclusivamente do faro descalibrado de nosso “líder”. Para completar o rol de bobagens, Bakri esqueceu as peças de reposição do automóvel, impossibilitando a troca do disco de embreagem e condenando parte do grupo a permanecer dias a fio no meio do deserto.


TURBANTE: Homem tuareg sobre o camelo

OS DOIS ESCOLHIDOS PARA PERMANECER NO DESERTO foram Hussain e Abdullah, motorista e ajudante, respectivamente. O GPS marcava 17’’48’29.7N e 10’’59’06.2E. Tratamos de anotar as coordenadas em diversas folhas de papel e guardá-las em diferentes lugares para que não houvesse risco de perdê-las. A vida daqueles homens dependia destes números. Transferimos parte da reserva de água que estava em nosso carro para o carro avariado, mas a quantidade tinha de ser limitada a apenas alguns galões – afinal, nosso grupo ainda enfrentaria as dunas até alcançarmos Fachi e uma reserva considerável de água era imprescindível para os riscos que correríamos. Nos despedimos da dupla que ficava com palavras de apoio e partimos. À medida que avançávamos, a figura de ambos diminuía até desaparecer completamente no horizonte ondulado e monótono do deserto. Lançados à realidade dos fatos, só nos restava uma opção: vencer os obstáculos do Saara e alcançar o oásis de Fachi.

O silêncio pesado que pairava sobre os seis que continuavam a viagem revelava uma angústia dissimulada e uma desconfiança danada na capacidade do nosso motorista em nos levar ao oásis. O GPS apontava a direção e a distância até lá: noroeste, 120 quilômetros. Numa rodovia em boas condições, essa é uma distância relativamente curta; no Saara, é areia que não acaba mais. O trajeto envolve a travessia de inúmeros cordões de dunas. Para vencer estes obstáculos, é necessário que o carro acelere loucamente para não atolar nos pontos onde a tração seja insuficiente para deslocar o peso do automóvel. O problema é que podem existir enormes baixadas do outro lado da duna e corre-se o risco de aterrissar no vazio, capotar ou se chocar violentamente contra uma “barriga” de areia.

Os atolamentos eram freqüentes e a seqüência era sempre igual: ao nos aproximarmos dos cordões, o carro vinha acelerado até perder tração, patinar de lado e parar. Descíamos do carro, pegávamos pás e placas de metal no bagageiro. Uns cavavam, outros empurravam. Quanto mais se cavava sob os pneus, mais areia escorria pelas laterais. A placa de metal era colocada sob a roda, o motorista acelerava. O carro ameaçava avançar, travava, rodava no vazio. Nova tentativa, até que, enfim, pudéssemos nos livrar das garras da areia. E assim seguíamos, num ritmo desanimador. As perspectivas de alcançarmos o oásis eram sombrias.

Em determinado momento, chamei de lado nossa equipe e tomamos uma decisão: o objetivo a partir daquele momento era levar o automóvel o mais perto possível de Fachi – 40 km de distância era a meta e qualquer ganho adicional seria “lucro”. Era uma idéia simples e aterrorizante. Simples porque, se o carro quebrasse a menos de quarenta quilômetros de Fachi, ainda poderíamos alcançá-lo numa longa caminhada noturna pelo deserto, guiados pelo GPS e pela lua cheia. Aterrorizante, pois se não encontrássemos o vilarejo pela manhã ou se o GPS “morresse” no meio da jornada, não haveria nada nem ninguém que pudesse nos salvar.

O Saara está repleto de histórias trágicas de pessoas que desafiaram o deserto e se deram mal. A mais famosa é a de um casal francês e seu bebê, que atravessavam de carro o Ténéré entre a Argélia e o Niger. A areia, o calor e as dificuldades encontradas estavam além da resistência do veículo e da capacidade do jovem casal de contornar os problemas. Sem comida e água suficientes, o pai faleceu primeiro. A mãe, em desespero, cortou as próprias veias e serviu o sangue que escorria à filha, tentando reanimá-la. Não conseguiu. Enquanto resistia à morte certa, a moça relatou numa folha de papel os fatos que haviam vitimado sua família. Encontrados meses depois por viajantes que cruzavam aquela rota isolada, a tragédia da família ficou conhecida e se tornou um clássico entre os aventureiros do deserto. Como nenhum de nós estava disposto a se transformar numa lenda do Saara, era bom que o senhor Bakri Haballa se mexesse e nos levasse até Fachi – ou 40 km de lá.


PROCESSO: A fabricação do sal é árdua e delicada. A água das minas deve ser trocada todos os dias, o que confere maior pureza ao produto

O SAARA É O DESERTO DOS DESERTOS e o Ténéré é seu clímax. Em nenhum outro lugar da África do Norte a essência do deserto está tão bem representada quanto nestes rincões remotos do continente. É a areia e o céu, num horizonte repartido em duas metades. Terra velha, erodida, gasta. Vida antiga transformada em grãos. Universo disposto numa ordem única, obediente às leis do tempo, do vento e do espaço. Dirigir neste ambiente é como penetrar um labirinto. Por vezes, as dunas mostram a direção, por outras, o descaminho. A viagem era angustiante, mas bela.

Felizmente, seguíamos no sentido certo e as montanhas que apontavam no horizonte confirmavam isso. As elevações de não mais de mil metros quebravam a monotonia do panorama e propiciavam a sombra e a água fresca que deram fama e vida a Fachi. Para nós, as montanhas eram o fim da angústia e a certeza da chegada. Não que a areia tivesse arrefecido no seu ardor vampiresco – ela nos sugava para dentro de suas entranhas moles.

Mas nunca um vilarejo esteve tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. Avançávamos a passos de tartaruga. Foi então, um dia de viagem depois, que os contornos mágicos das tamareiras se tornaram mais nítidos na paisagem trêmula do deserto. Eram os primeiros indícios do oásis. Os sinais de um assentamento humano começaram a aparecer. Cabritos vagavam soltos. Trilhas serpenteavam entre as tamareiras. Lá na frente, era possível ver a geometria dos muros de barro e das ruas de areia.

Enfim, avistamos a gente de Fachi, que nos observava com olhares curiosos. No ambiente monocromático do Saara, as cores vivas das vestimentas das mulheres são verdadeiras aquarelas. As mulheres eram altas, negras e belas. Estacionamos junto à casa do líder para comunicar a nossa chegada. Ele saiu de casa, caminhou até o carro e, enfiando a cabeça pelo vidro aberto, nos recebeu com a saudação mais tradicional do lugar: “min ee twixeh!” (“cuidado com o calor!”).


SAL SECANDO: O produto é comercializado em pesos e formas diferentes

NÃO HÁ TETO NAS CERCA DE 300 CASAS DE BARRO DE FACHI. Seus 1.200 habitantes dormem sob um manto glorioso de estrelas e corpos celestes. O problema ocorre nas noites de lua cheia – o brilho é demasiado, atrapalha o sono. Não é motivo suficiente para colocar telhados nas residências. Em Fachi não chove. Faz tempo.

Mas há água na região e é por isso que o lugar é um oásis. A presença do elemento vital se deve à existência de um enorme lençol freático sob as areias escaldantes do Ténéré. No lugar onde o vilarejo se situa, a água encontrou uma brecha nas rochas para subir à superfície e jorrar. Mas a quantidade do líquido e a qualidade do solo não permitiram o desenvolvimento de uma agricultura diversificada. Apenas as tamareiras frutificam com vontade. A areia do oásis, contudo, é composta por um outro elemento que já valeu mais do que ouro ao redor do Saara: o sal.

Minado em galerias ao ar livre que relembram uma Serra Pelada, o sal é moeda de troca nos mercados de toda a região. Graças a ele e ao movimento comercial que ainda provoca em pleno século 21 é que nossa equipe tinha viajado por dias a fio até os confins do Niger. Nossa missão era fascinante: acompanhar e filmar uma caravana de mercadores de sal pelo deserto, registrando a vida, os costumes e as tradições dessa gente envolvida numa atividade ancestral. O oásis de Fachi, com sua dezena de alamedas de areia, era o ponto de partida ideal para o documentário, já que as caravanas chegavam ao vilarejo para adquirir o produto junto aos mineradores do lugar. Além disso, poderíamos documentar todo o processo de fabricação do sal nas minas. O lugar permitia também que Bakri planejasse o resgate dos dois integrantes que ainda estavam no deserto. Através do telefone via satélite, ele organizava o grupo que seguiria pelo Ténéré até o ponto de resgate. Enquanto isso, a equipe participava do dia-a-dia do oásis.

O processo de fabricação do sal é rudimentar e desgastante. Os mineradores passam horas com os pés imersos numa pasta viscosa e salina, para lá de insalubre. As minas de onde o sal é extraído devem ser purificadas com água limpa todos os dias e a sujeira tem que ser recolhida em bacias de metal. É um trabalho pesado, mas que confere pureza ao produto final. O esforço compensa: o sal puro é mais valorizado e os mineradores que capricham na limpeza do produto faturam mais nas transações que realizam junto às caravanas. O processo completo de mineração e secagem do produto leva mais de um mês. Depois disso, o sal é armazenado em silos de barro, à espera da chegada dos mercadores. O sal é negociado em duas medidas: a primeira, de meio quilo, tem o formato de um prato fundo de sopa; a outra, de dez quilos, parece um cone.


ISLÃ: Líder religiosos de Fachi estuda o Alcorão

OS MESES DE NOVEMBRO E DEZEMBRO, INVERNO NO SAARA, SÃO O PERÍODO DAS CARAVANAS. Antes disso, o calor impede que qualquer ser humano encare o deserto. A partir de janeiro, o vento forte e seco que varre o Saara, conhecido como Harmattan, provoca tempestades de areia que dificultam o controle das fileiras de camelos que compõem as caravanas.

Numa manhã de novembro, caminhando pelas ruelas estreitas de Fachi, notamos um movimento de pessoas e coisas na direção do mercado. Mulheres puxavam carrinhos de madeira abarrotados de peças de sal. Outras levavam cestas feitas de palha de tamareira e outras, ainda, carregavam uns poucos produtos industrializados adquiridos junto aos caminhões líbios que esporadicamente atravessam o Ténéré. Ao longe, o horizonte parecia em movimento. O reflexo da luz solar na areia escaldante dificulta a visão e não se pode confiar no que os olhos vêem. O excitamento no mercado aumentava – gente correndo pra um lado, pro outro, conversando, gritando, ajustando os últimos detalhes. Olhos fixos na movimentação que vinha ao longe. Tudo indicava que os compradores estavam chegando.

A cidade nigeriana de Kano fica a mil quilômetros de Fachi – uma distância monumental se considerarmos que boa parte dela está dentro do deserto. Apesar disso, o contato comercial entre as duas localidades data de tempos imemoriais. A caravana de mercadores de Kano prestes a desembarcar em Fachi era apenas mais uma de tantas que cruzaram o deserto nos últimos milênios.

Aos poucos, a imagem ficava mais nítida. Camelos – tantos que nem se podia contar – avançavam em fileiras intermináveis. O movimento quase sincronizado das patas de tantos animais lembrava a marcha de um pequeno exército. No avanço da tropa, uma nuvem de poeira subia e manchava o céu. Nas laterais dos bichos, presas junto ao lombo, estavam as cestas de palha de tamareira que traziam os produtos que seriam trocados pelo sal. Sobre os camelos mais robustos, à frente das fileiras, homens em turbantes pretos e azuis lideravam a caravana, impávidos e silenciosos. Eram os lendários marcadores Tuaregs, povo cuja existência está intimamente relacionada com o Saara.

Depois de três semanas expostos à desolação do Ténéré, os mercadores Tuareg finalmente poderiam descansar. A primeira parte da missão estava cumprida: haviam chegado em Fachi são e salvos; as perdas da longa jornada haviam sido pequenas – apenas dois camelos não resistiram ao esforço da travessia – e os mercadores já estavam de posse do sal. Nada mais justo do que um descanso antes de empreenderem a viagem de regresso. Os camelos também precisavam de um tempo e, principalmente, de água. Como se pode deduzir, a viagem em pleno deserto oferecia raríssimas oportunidades de abastecimento de água potável. Nas poucas que existiam, eram só os homens que bebiam. Afinal, era impossível satisfazer as necessidades de mil e cem camelos com tão pouca água disponível. Agora, em Fachi, os animais poderiam beber o quanto fosse necessário para que pudessem suportar a viagem de volta.

Às dúzias, os camelos eram conduzidos até uma área de descanso, local do desembarque da carga. Cebola, gengibre, raízes e tubérculos, produtos típicos de regiões mais úmidas, eram retirados das cestas. Os habitantes de Fachi tinham olhos gordos para a fartura de cores e perfumes trazidos de tão longe. De outra parte, os Tuaregs cobiçavam as peças do sal puro amontoadas sobre o chão. Era hora dos negócios começarem. Homens, mulheres, crianças, mercadores, todos participaram freneticamente da compra, venda e troca que se estabeleceu no mercado. As donas de casa de Fachi, felizes da vida por contarem com ingredientes tão raros em suas sacolas de feira, deixavam a confusão diretamente para as cozinhas sem teto de suas casas. O cheiro da comida fresca e quente invadia as ruas do lugar. Era dia de almoço farto no Oásis.

UM TUAREG JAMAIS SERIA UM TUAREG se o Saara não existisse. A identidade desse povo de tradição nômade, acostumado às intempéries deste ambiente hostil, confunde-se com a própria existência do deserto. É bem verdade que, nos últimos tempos, muitos foram obrigados a se estabelecer em cidades em razão das mudanças climáticas que reduziram os pastos que alimentam os camelos. Mesmo assim, o nomadismo está no sangue dessa etnia de origem berbere. Como diz Ali, o sábio cozinheiro da nossa expedição, “um Tuareg só se sente em casa quando está acampado no meio do deserto, dormindo sob as estrelas”.

Nossa equipe também foi alvo da cobiça dos Tuaregs. O produto que possuíamos e que tanto atraía o desejo desses homens era branco como o sal, mas vinha em pastilhas: aspirinas. Em poucos minutos, distribuímos todas as que tínhamos. Os jovens mercadores da caravana – setenta, oitenta, talvez – nos rodeavam, ávidos para receber uma pastilha que fosse. Explicavam que, mesmo acostumados ao clima do deserto, havia dias em que a cabeça doía muito e tudo que desejavam na vida era uma daquelas pílulas mágicas que amenizavam o sofrimento.

A cabeça dos Tuaregs não resistiria ao sol inclemente do Saara não fossem os taguelmous. O famoso turbante é a vestimenta essencial, a prova irrefutável da origem, da raça e do ser de um Tuareg. Muito mais do que uma simples proteção contra o sol, o vento e a areia, o taguelmous é prova de status dentro de uma sociedade de regras rígidas. Vivem num sistema de castas, no qual os mais abastados têm preponderância sobre os mais humildes. Um Tuareg jamais tira o seu taguelmous na frente de outro, nem mesmo para se alimentar. O rosto descoberto de um homem de casta mais baixa perante outro de casta superior é um ato humilhante e inaceitável para os costumes locais.

O DESCANSO DUROU POUCO, apenas dois ou três dias e, logo, a caravana estava de pé, enfileirada, pronta para partir rumo ao sul, às terras frescas do Sahel. Os Tuaregs dizem que os confortos do oásis são essenciais, mas traiçoeiros quando em demasia. O corpo acostuma, perde o ritmo do deserto e o Homem amolece. Dividida em dez grandes colunas com mais de cem camelos cada, a caravana inicia a marcha. Logo depois, uma pausa. Rany, o líder dos mercadores, abandona brevemente a dianteira de uma das colunas e vem até nós para se despedir e agradecer as aspirinas distribuídas. Apertos de mão, votos de boa sorte. “Inshalla!” (“que seja a vontade de Alá!”), ele diz. Um ajuste no taguelmous, um último aceno. A caravana segue viagem, de encontro marcado com o horizonte.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de fevereiro de 2006)







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