O nerd do mato

Por Rafael Lamardo
Ilustração por Mr. Guache

Século 21. É tanta modernidade e tanta inovação que fica até difícil se manter “antenado”, como dizem por aí. Na tecnologia, principalmente, as novidades foram surgindo e ficando mais complexas tão rapidamente que criou-se, até que compreensivelmente, uma legião de tecnófobos – pessoas com verdadeira paúra de qualquer coisa que envolva chips, luzinhas, comandos, sistemas, enter. Para essa turma, a tecnologia nada mais é que um mal necessário, um inimigo que deve ser evitado ao máximo, principalmente nos momentos de lazer.

Mas, mesmo praqueles que buscam na natureza a fuga do mundo moderno, o uso inteligente da tecnologia pode potencializar a aventura, ampliando suas possibilidades, intensificando e repercutindo a experiência e perpetuando suas lembranças. Em vez de inimigo, a tecnologia vira aliada. E os benefícios começam muito antes de se colocar o pé na estrada.

Antes do surgimento da Internet, o acesso às informações era restrito, no mínimo complicado. Muitas vezes, a aventura já começava numa viagem com poucas informações sobre o destino. Hoje, acredito que não exista uma viagem não comece com uma pesquisa rápida num site de busca como o Google, por exemplo. Pelos resultados da busca, já dá para perceber o estilão do lugar: os muitos ou poucos hotéis e pousadas disponíveis, os relatos de quem já foi, as empresas que atuam na área. Quanto menos informação, mais “roots” e selvagem é o pico.

Mas não encerre aí a sua exploração virtual. Experimente dar uma passeada com o Google Earth sobre a região do seu destino. A visão proporcionada por este incrível software abre outras dimensões na percepção do local – e, a não ser que você pratique pára-quedismo, vôo-livre, balonismo ou outro esporte que te segure lá em cima, no ar, você dificilmente terá uma perspectiva como esta. Viciado confesso no Google Earth, de vez em quando costumo dar uma navegada sobre as regiões que mais me interessam.

Inclusive já descobri diversos secret spots com o uso do programa. No mês passado, pela primeira vez peguei meu jipe 4×4 e fui atrás de uma cachoeira encontrada pelo computador. Eu tinha visto, pelo Google Earth, a estradinha que chegava perto, a trilha que dali seguia e o rio que desaguava num poço. A experiência foi extraordinária e super bem-sucedida, apesar de eu ter me questionado durante toda a viagem sobre a insanidade daquilo que estava fazendo.

Sendo ainda mais prático, por que não dar uma olhada na previsão do tempo antes de sair de casa? Existem diversos sites sobre o assunto. O Climatempo, por exemplo, oferece informações bem inteligíveis, tanto para usuários leigos quanto para os mais experientes. Algumas vezes já decidi mudar o destino de uma viagem em função das informações e fotos de satélite, e não me arrependi. Simples, mas também eficientes, as condições das estradas estão disponíveis nos sites das concessionárias das principais rodovias privadas do Brasil. Em alguns cliques é possível obter imagens dos congestionamentos, filas dos pedágios e todas aquelas coisas que podem atrapalhar o início de qualquer balada.

Já na estrada, a tecnologia pode ir além do telefone celular ou da máquina fotográfica digital (aparelhos que, indiscutivelmente, tornaram tudo mais conveniente em nossa vida). É nesse momento que entra em ação meu gadget favorito, o GPS. Por já ter me salvo de grandes roubadas várias vezes, dificilmente entro numa trilha, seja a pé ou motorizado, sem ele. Alguns amigos até criticam o excesso de confiança que tenho na geringonça, mas é sem dúvida uma tecnologia essencial.

Entre suas inúmeras funcionalidades, o GPS permite ao navegador ter informações confiáveis sobre o deslocamento e o rendimento das viagens, além de permitir que, a qualquer momento, você volte ao ponto de origem sem grandes dificuldades – o que é ideal para, por exemplo, um trekking ou rolê de mountain bike num terreno ainda desconhecido. Alguns sites oferecem ainda rotas para serem baixadas no GPS, garantindo uma maior segurança e comodidade. Voltando para casa, as informações registradas pelo GPS podem ser descarregadas em alguns softwares que permitem a visualização do trajeto percorrido sobre a imagem tridimensional da região. O software Trackmaker oferece gratuitamente estas facilidades aos usuários.

Entre suas inúmeras funcionalidades, o GPS permite ao navegador ter informações confiáveis sobre o deslocamento e o rendimento das viagens, além de permitir que, a qualquer momento, você volte ao ponto de origem sem grandes dificuldades – o que é ideal para, por exemplo, um trekking ou rolê de mountain bike num terreno ainda desconhecido. Alguns sites oferecem ainda rotas para serem baixadas no GPS, garantindo uma maior segurança e comodidade. Voltando para casa, as informações registradas pelo GPS podem ser descarregadas em alguns softwares que permitem a visualização do trajeto percorrido sobre a imagem tridimensional da região. O software Trackmaker oferece gratuitamente estas facilidades aos usuários.

Mas não se empolgue demais: a tecnologia é sim uma forte aliada, mas não substitui a experiência, o preparo e a responsabilidade para se encarar uma aventura junto à mãe natureza, assim como a experiência verdadeira não se compara, em hipóteses alguma, a um passeio pela Internet. Mas insisto que a tecnologia, quando bem empregada, pode tornar sua aventura ainda mais inesquecível e te ajudar a conhecer melhor o planeta em que vivemos.

Este papo de tecnologia já está me cansando. Acho que preciso dar uma volta pelo mato, esfriar a cabeça e relaxar. Só não posso esquecer de comprar as pilhas para o meu GPS.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2006)







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