Ligeirinhas


A DUPLA: Géssica e Tâmila no topo do Cerro Blanco

Por Piti Vieira
Fotos por Divulgação

Acostumadas a desafiar dunas de centenas de metros a bordo de suas pequenas pranchas, as sandboarders Géssica Veras, 20 anos, e Tâmila Dalila, 21 – respectivamente, campeã e vice-campeã mundial de sandboard em 2005 –, resolveram entrar para o Guiness Book, o livro dos recordes. Sem patrocínio, as duas viajaram na raça para a cidade de Nazca, no Peru, na intenção de encarar a “Maior Duna do Mundo”, o Cerro Blanco, com inacreditáveis 1.200 metros de altura. Até então, nunca uma mulher tinha conseguido realizar o feito.

A idéia de realizar a descida surgiu no ano passado, quando as duas estiveram pela primeira vez no Peru, considerado o “Paraíso do Sandboard” pela baixa pluviosidade da região. Na ocasião, as duas droparam a maior duna de suas vidas, com aproximadamente 300 metros de altura. Para obter o recorde, Géssica e Tâmila intensificaram os treinamentos na parte física e se certificaram de estar em dia com as determinações do livro Guiness – ter a descida toda gravada e acompanhada por três técnicos especializados, entre outras normas.


PREPARAÇÃO: As meninas se preparam para descer a duna

Existem duas maneiras de se chegar até o topo do Cerro Blanco: ou caminha-se cinco horas pela parede de areia da duna embaixo de um sol escaldante ou caminha-se três horas por trilhas na montanha, também embaixo de um sol escaldante. Detalhe: Nazca está a 2.800 metros de altitude. Elas preferiram a trilha. “Quando vi o Cerro pela primeira vez, lá de baixo, achei que não era tão alto. Começamos a subida às 4 horas da manhã e às 7h30 estávamos lá em cima”, conta Tâmila. “Achava que ia ser bem mais fácil, mas a areia dura do meio pro final da duna atrapalhou muito”, emenda Géssica.

Dos 1.200 metros de altura do Cerro Blanco, “apenas” 800 metros são possíveis de serem descidos com uma prancha de sandboard, porque, além da cera usada na parte de baixo da prancha não dar para todo o percurso (os praticantes passam uma cera grafitada para deslizar mais na areia e pegar mais velocidade), começa a haver pedras e mato, e a areia fica muito grossa, o que desestabiliza a prancha.


GUIAS: As meninas sobem a duna com os guias

As duas sandboarders desceram o Cerro Blanco duas vezes. No primeiro dia, tiveram dificuldade em controlar as pranchas e combinaram de voltar no outro dia e descer em zigue-zague (slalon), para conseguir terminar a façanha. “Até 1/3 da duna eu estava tranqüila, depois falei uns trinta ‘ai meu Deus’. Não tinha tempo pra pensar”, diz Tâmila, que despencou a uma velocidade de 60 km/h e desceu a duna em 1 minuto e 28 segundos, num drop em linha reta. Géssica, que fez o slalon, terminou o percurso em 2min50s. Para se ter uma idéia, o paulista Digiácomo Dias, 23, tri-campeão mundial de sandboard, fez o tempo de 3min30s quando desceu o Cerro Blanco.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2006)







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