Fast foot


NAS NUVENS: Vista do alto da Serra da Mantiqueira

Por Fernanda Franco e Milton Marques
Foto por Alexandre Cappi

Tida como um dos melhores locais para trekking no Brasil, a Serra da Mantiqueira é formada por várias cadeias de montanhas. Uma delas é a Serra Negra, que interliga o Planalto das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, à cidade de Maromba, em Minas Gerais. A travessia que liga esses dois locais é conhecida como Alsene–Maromba e é tão tradicional quanto a Itaguaré-Marins ou a Serra Fina, picos que também ficam na Serra da Mantiqueira.

A Alsene–Maromba oferece todos os atrativos de um bom trekking: visuais que recompensam a “suadeira”, uma boa dose de endorfina – resultado de boas subidas – e aquele gostinho tão especial de dormir nas alturas. A grande diferença em relação às outras cadeias de montanhas vizinhas é que a Serra Negra abastece o trekkeiro com muita água pelo caminho. Outra coisa bacana é que a travessia é pouco usada por turistas. Pelo caminho você tem chance de encontrar os nativos da região carregando sua produção local de mel e queijo para vender nas cidades, mas raramente um grupo grande.

Há outra travessia entre o pico do Alsene (2.400 metros) e do Maromba (1.200 metros), cortando o Parque Nacional do Itatiaia, porém ela está proibida de ser realizada, além de não ser permitido acampar no Parque. Confira abaixo o roteiro permitido dessa aventura.

1º DIA

Saindo do Alsene (parte alta do Parque do Itatiaia), retorne aproximadamente 350 metros na estrada e entre numa trilha à direita que desce no sentido norte. Siga sempre pela trilha principal, bem marcada e cheia de erosões. Aproveite a montanha, já que as chances de se perder são bem pequenas. Ao final da trilha, há uma ponte caída. Cruze o rio e continue. Até aqui, você deve ter gasto por volta de três horas e meia de caminhada no passo de “cruzeiro” (sem forçar muito). O rio convida para um lanche e um ótimo banho.

Continue na trilha principal que o levou ao rio, até passar por uma pequena fazenda. A partir desse ponto, comece a prestar atenção ao local de início da subida. A referência é uma porteira de arame que fica logo após o cruzamento de um córrego – você irá passar por algumas porteiras desse tipo ao longo da trilha, lembre-se sempre de fechá-las. Aproximadamente cinco metros depois da primeira porteira está o início da trilha. Abasteça-se no córrego que acabou de cruzar, já que a subida é dura e não há água. Ao final da subida, existe uma clareira para montar acampamento. Do Alsene até ali, são sete horas de caminhada, em média. Para encontrar água, siga a trilha que te levará para a esquerda em uma pequena descida e logo verá o córrego. Para chegar até aqui no primeiro dia, é importante começar a travessia bem cedo, podendo assim montar seu acampamento e encontrar água ainda à luz do dia.

2º DIA

Saindo do acampamento, continue na trilha que o levou até o córrego (à esquerda). Siga por ela e haverá uma bifurcação. As duas trilhas te levam à parte de cima da serra, seu objetivo do dia. Porém, é recomendável que se use a da esquerda. Preste atenção ao cruzar um córrego, pois depois a trilha segue por uma crista bem definida até o topo sem outros pontos para matar a sede. Ao chegar ao cume, você estará numa montanha à esquerda da Serra Negra. Se você estiver com altímetro, ele deverá marcar 2.195 metros. E se São Pedro estiver do seu lado e o dia estiver claro, você verá uma bela vista deste local que é conhecido como o Morro Pelado. Depois de apreciar a Serra Negra, desça no sentido leste em direção a ponto de acampamento dessa noite. Você encontrará água na mata que está na base do morro.

3º DIA

Aproveite para relaxar no acampamento um pouco mais pela manhã, já que agora é só descida até Maromba. Antes de iniciar o dia de caminhada, abasteça o cantil no córrego da base da mata. Em aproximadamente quatro horas você já estará próximo à cidade. Quando começar a perceber a civilização novamente, pode optar entre seguir pela direita e dar no centro da cidade ou pegar à esquerda, ao lado de algumas casas, e entrar na estrada à direita para tomar um banho na cachoeira de Santa Clara.

Mochila: Leve suprimentos para três dias, barraca, isolante, saco de dormir, protetor solar, roupas leves para caminhar e quentes para dormir, capa de chuva, lanterna, pares extras de meia, canivete, sacos de lixo, boné legionário, tensores para joelho e muita água.

Dica: A melhor época para fazer essa travessia é nos meses de maio a outubro. Não faça suas necessidades perto da água – lembre-se que a água usada em cima da montanha é a mesma usada pelos que vivem no fundo do vale.

Como chegar: Para chegar a Visconde de Mauá, utilize a rodovia Presidente Dutra. Entre no acesso do km 311, entre as cidades de Itatiaia e Resende (RJ), e siga cinco quilômetros pela rodovia Tramujas Mader, onde haverá um trevo com indicações. A partir deste ponto, suba a serra por mais 29 quilômetros – primeiro no asfalto e depois em estrada de terra batida em boas condições.

Assim que chegar a Visconde de Mauá, você terá como opção de hospedagem as vilas de Visconde de Mauá, Maringá ou Maromba. Para contratar um transfer de Maromba até o início da caminhada, ou guia para o percurso, entre em contato com Rodrigo no (24) 9979-6354 ou ttadventures@ig.com.br

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de agosto de 2006)







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