Os primeiros dos últimos


CARREGADOS: Mochilas grandes e muita água nas costas fizeram parte da estratégia da equipe para aguentar o calor

Por Fernanda Franco

A PEQUENA JERICOACORA, isolada no litoral do Ceará, está mais que acostumada a receber estrangeiros em suas praias, pousadas e dunas. Mas suas ruas de areia nunca haviam visto aquela fauna babilônica e equipada, que invadiu o vilarejo nos primeiros dias de novembro. Era a comitiva do Ecomotion/Pro 2008, que nessa edição valeu também como o Campeonato Mundial de Corrida de Aventura (Adventure Race World Championship), e que reuniu 32 equipes internacionais e 28 times brasileiros, todas em suas melhores formações, para uma disputa de 520 quilômetros entre os estados do Ceará, Piauí e Maranhão.

O lugar, dominado tradicionalmente por wind e kitesurfistas, mudou de cara com o vai-e-vem dos aventureiros. Ao longo dos dias, era normal encontrar equipes dando uma volta de bike para sentir o efeito da areia nas pernas e no pneu, testando as polainas antiareia ou curtindo o pôr-do-sol de cima de uma duna famosa por lá para este fim. Até casamento, nesses dias, foi diferente: quatro dias antes da largada, a brasileira Eleonora Audrá e o neozelandês Ian Edmond, que se conheceram no Pro de 2005, casaram-se em cima da duna, com a presença dos familiares e de todos que já tinham chegado para a prova. Depois do “sim”, os dois escorregaram duna abaixo em cima de um caiaque de plástico, que arrastava latinhas amarradas.

A equipe Nike – favorita ao prêmio de R$ 35 mil depois de ter conquistado os títulos mundiais em 2007, na Escócia, e em 2006, na Suécia, além de ter conseguido bons resultados em clima semelhante, como o 2o lugar em Abu Dhabi, em 2007 – chegou concentrada e preferiu não participar do oba-oba. O time, que já foi capitaneado pelo Papa do esporte Ian Adamson, veio ao Brasil com uma formação multinacional: dois integrantes norte-americanos (Mike Kloser e Monique Merrill) e dois neozelandeses (Gordon Walker e Chris Forne). Mesmo com o temor confesso de Monique em relação ao calor úmido brasileiro, era evidente que os melhores do mundo estavam decididos a suar o que fosse preciso para defender o título mundial.

A prova trazia para a Nike o peso de uma estréia dupla: seria a primeira vez que os quatro atletas correriam juntos e a primeira corrida do quarteto em terras sul-americanas. Desconhecendo totalmente a região e a língua, eles preferiram fechar a guarda, e mal deram as caras na vila e nos eventos sociais da organização. Ficaram somente alguns minutos no almoço de confraternização e apenas um dos integrantes compareceu ao briefing na cidade de Parnaíba, um dia antes da largada. A pergunta que mais se ouvia da imprensa era: “Quem é a Nike? Onde estão os campeões mundiais?”

Nós já sabíamos. Com a intenção de acompanhá-los de perto durante a prova, estávamos em contato com a equipe desde que eles chegaram ao aeroporto de Fortaleza. Foram necessárias várias tentativas insistentes para que Mike, 48, o capitão, nos escutasse e enfim aceitasse que a reportagem da Go Outside embarcasse no carro de apoio durante a prova. “Duas condições”, ele impôs: a repórter (eu, no caso) teria que auxiliar efetivamente nas transições e, caso eles precisassem de espaço no carro, teria que saltar – onde quer que fosse. Feito.


DESERTO: O trecho inicial de trekking nas dunas dos Pequenos Lençóis Maranhenses manteve as equipes juntas

A ETAPA INICIAL de 28 quilômetros de trekking seguiu pelas dunas e praias do Maranhão com um pelotão coeso formado por cerca de 15 equipes até a praia de Tutóia, onde atletas pegaram os caiaques para uma canoagem de 72 quilômetros no delta do rio Parnaíba, interrompida somente por um trekking de 15 quilômetros perto do município de Araioses.

Uma confusão tomou conta da praia, já que as equipes chegaram todas muito próximas e na escuridão da noite. Com uma transição de 20 minutos, a Nike partiu para o trecho de canoagem em 2o lugar, levando consigo cerca de 20 litros de água, uma bússola grande, típica de embarcações, amarrada no pé do navegador Chris, e uma bolha no dedo do meio do pé de Monique. Ali surgiu o primeiro sinal de que os processos na equipe não estavam bem azeitados: Mike voltou cerca de 10 minutos depois para pegar o race-book que ele havia esquecido na mochila que ficara para trás.

A perna de canoagem tinha a primeira decisão estratégica da prova: com um tempo mínimo de sono de 8 horas estipulado pela organização, a equipe que fizesse uma alça no rio, remando 9 quilômetros a mais, reduzia pela metade o tempo obrigatório de parada. Equipes consideradas favoritas, como a Sole (EUA/NZ/Brasil), a Wilsa Hellyhansen (França) e a Orion Health (NZ), optaram por buscar o posto de controle bônus.

Araioses, transição da canoagem para o trekking, era o primeiro ponto onde as equipes poderiam dormir algumas dessas horas obrigatórias. A Nike, que já havia reservado uma pousada por telefone antes da largada, descansou por 4 horas em camas macias, colocando até as roupas para secar no varal durante a manhã ensolarada. “Aprendi com Ian Adamson que o sono é importante em provas desse tamanho e optamos por dormir ao invés de nos desgastar remando. Aposto na nossa velocidade e navegação”, justificou Mike Kloser.

Depois de cerca de 30 horas de prova, eles chegaram remando a cidade de Parnaíba para finalmente abandonarem os caiaques. Éramos, eu e eles, estranhos uns para os outros, e eu buscava pistas de como eram, por trás dos equipamentos e da dura determinação, as personalidades daqueles quatro atletas. Foi o hábito comum dos gringos de trocar de roupa durante as transições que me deu as primeiras pistas: enquanto Mike nem pensou na platéia antes de arrancar a bermuda, Chris despiu-se com um sorriso sem graça, e Gordon, 36, o mais tímido e calado, tentou, em vão, se esconder atrás da porta do carro enquanto guardava no canto da boca uma garfada do macarrão frio que mastigava. Mona já sentia o ritmo forte dos companheiros e me confessou: “Com eles descansados, depois de dormir, sofro muito para acompanhá-los”.

Antes de seguirem de mountain bike por 100 quilômetros no chamado Caldeirão Ecomotion – um labirinto de caminhos de areia no meio de carnaúbas e vegetação de caatinga, onde a temperatura passou dos 42o C – Mike foi checar com a organização a diferença em relação às quatro equipes que já haviam saído de bike, entre elas a brasileira Motorola SOS Mata Atlântica, líder até então na prova. A espanhola Buff, a Wilsa e a neozelandesa Power by Velvet eram as outras três que haviam partido antes deles, com diferença de menos de uma hora entre elas. A Orion Health e a Sole partiram em 8o e 9o lugares, respectivamente, cerca de 1 hora e meia depois do time norte-americano-neozelandês.

Fortes no pedal e contando com um navegador campeão em orientação em mountain bike na Nova Zelândia, a Nike ultrapassou as quatro equipes (mesmo tendo um pneu furado) e bateu no PC 10 liderando a competição. Com as outras equipes na cola, a transição foi frenética – e caótica. Enquanto punham os tênis para subir uma serra de 31 quilômetros de trekking, eles devoraram uma espécie de tortilla com frango preparada por Emily, a apoio oficial e namorada de Chris. Mike reclamou do pouco recheio e pediu mais mostarda Dijon. Gordon não pediu nada (nem que enchessem seu reservatório de água) e revirou a mala lotada de roupas de inverno até achar uma latinha de um composto chamado Ensurance Plus.

Na saída da transição, os olhos azuis de Mike já estavam tão estalados de adrenalina quanto um ovo, que poderia ter sido frito no trecho da caatinga que eles acabaram de vencer. As recomendações de Mike para a próxima transição foram muitas e ditadas no ritmo das passadas, conforme os acompanhávamos nos primeiros metros de caminhada: limpar as bikes, achar seus óculos escuros, recarregar as baterias para o próximo trecho noturno de pedal. Ele pediu sua viseira com proteção na nuca, conferiu a quantidade de água por pessoa e partiu comendo de garfo, mesmo querendo uma colher, uma torta de maçã liofilizada. O navegador teve dúvidas sobre de onde chegaram e deram uma pequena volta na cidade até seguirem na direção correta para a serra de Ubatuba, rumo a Ibuaçu.

A prova, que já entrava na sua segunda noite, começava a mudar a partir desse trecho de trekking. Chris, 31, que já saíra meio desnorteado da cidade, continuou errando o caminho na serra e a equipe perdeu cerca de 2 horas e meia da vantagem que tinha aberto em relação às outras equipes. Os quatro chegaram do trekking com as pernas arrebentadas e com marcas de um vara-mato no rosto e nos braços. Mas, a principal lesão era na confiança da equipe, visivelmente arranhada. Mike não reclamou, mas era evidente seu desapontamento. Chris, o navegador, não se conformava com o erro. Tendo que dormir 4 horas a mais que as outras adversárias próximas, ele sabia que rapidez e navegação certeira eram os trunfos com que a equipe contava.


NOVIDADE: Pela primeira vez a organização do Ecomotion inseriu um trecho de escalada na prova

NO INÍCIO DO TERCEIRO DIA de prova, com pouco mais da metade do percurso vencido, as cinco primeiras equipes – Nike, Sole, Orion Health, Wilsa e Power by Velvet – tinham neozelandeses em sua formação. Geoff Hunt, idealizador do mundial e ele próprio um kiwi (como são apelidados os nascidos nas duas pequenas ilhas que formam a Nova Zelândia) explicava o motivo. “O esporte de aventura passa de geração para geração no meu país, e nessas modalidades a experiência conta muito. No ano passado eu ganhei a Coast to Coast, a mais respeitada prova multiesporte do mundo, na minha categoria, fazendo um tempo duas horas mais rápido que 25 anos atrás”, contou Geoff.

Na Sole, além do experiente quarteto formado pelos casais Paul Romero e Karen Lundgren e pelos recém-casados Nora e Ian (lua-de-mel nada convencional!), um reforço de peso fazia parte do apoio: Steve Gurney, neozelandês nove vezes campeão da Coast to Coast e ícone do esporte no país, era o estrategista da equipe, que funcionava muito integrada, principalmente nas transições. Foi de Gurney a idéia de colar um check-list na lataria do carro para não deixar nada para trás, de tirar o freio dianteiro das bikes para eliminar peso nos trechos em que não havia descidas íngremes e, mais à frente, de construir uma espécie de carreto com cordas que ajudou a Sole a carregar os caiaques por 60 penosos quilômetros e diminuir ainda mais a distância para as primeiras colocadas.

O trekking que levava os atletas à sessão de técnicas verticais, onde seriam cumpridas as últimas horas de sono, foi realizado pelas seis primeiras equipes no forte calor da manhã. A Nike chegou à base do rapel, próxima à cidade de Viçosa do Ceará, depois de mais de 6 horas de subida num morro de pedras que refletia o calor do sol e os assava em fogo médio. Com exceção do “ciborgue” Mike – que não sentia o peso de três dias inteiros de esforço sempre com a mochila muito pesada –, Chris, Gordon e Mona não sabiam o que fazer para aliviar o cansaço e resfriar o corpo. O nariz de Gordon estava sangrando. Monique, 39, sem forças para abrir o zíper da mochila, vagava o olhar no horizonte, sem saber se dormia ou se comia um sanduíche primeiro. Chris, sorridente como sempre, se refrescou no filete de água da cachoeira antes de pacientemente dar entrevistas e encostar para pagar as horas de sono devidas pela equipe.

Com a proximidade da Orion Health, do capitão Wayne Oxford, amigo e parceiro de treinos de Gordon, a decisão estratégica sobre as horas de sono feita no início da prova passou a fazer diferença. Depois de todas as técnicas verticais, e das horas paradas obrigatórias, a liderança passou para a Orion Health e nunca mais foi retomada pela Nike.

DEPOIS DE SOBREVIVEREM ÀS 14 HORAS de canoagem por um rio de 60 quilômetros praticamente seco, tendo como fonte de energia apenas barras energéticas – a equipe havia esquecido o saco com toda comida na transição –, a Nike chegou à cidade de Granja disposta a buscar os adversários no último trecho de bike. Com uma ferida em carne viva no meio das costas por causa do atrito com o assento do caiaque, Mike não hesitou ao abaixar a bermuda mais, mesmo sem necessidade, e me pedir que colocasse um naco de fita Silver Tape para proteger o machucado, direto na pele. Foi uma espécie de grito de guerra antes de saírem em busca do time que partira 45 minutos antes.

Não adiantou. Um novo erro de navegação aumentou a vantagem da Orion Health de 1 para 3 horas. Na chegada a Camocim, à meia-noite, Mike jogou a toalha, reconhecendo que não havia mais tempo de buscar a vitória.

Com uma relargada marcada para as 5 da manhã em uma etapa de vela em canoas locais, houve tempo para a equipe se alimentar e descansar algumas horas. O primeiro a tomar banho e o único a lavar o colete de prova foi Mike. Disposto, comendo e falando sem parar, ele só reclamava de dor no braço, enquanto Gordon lhe dava dicas de como melhor empunhar o remo, usando mais a força dos ombros e das costas, ao invés do bíceps.

Mona era de longe a mais judiada. Com as pernas em brasa depois de passar o dia no rio debaixo de sol, ela precisou ser tratada com pasta d’água com toalha molhada para diminuir o ardor e evitar febres e queimaduras mais sérias. Seu olho direito praticamente não abria por causa de uma galhada que levou durante a canoagem e ela reclamava da falta de unidade no time. “Não precisamos ser os mais rápidos durante toda a prova. Mas ter um melhor trabalho de equipe teria evitado erros, como esquecer a comida ou vacilar com relação à proteção solar”, lamentava a norte-americana.

Por morar em países distintos, a equipe não costuma treinar junto. Eles se encontraram apenas em Jeri, e reconheceram que o planejamento das transições e de detalhes como a separação das comidas, que vieram dos Estados Unidos e da Nova Zelândia, foram falhos. Enquanto se preparavam para dormir, eles conversavam calmamente sobre os erros de navegação cometidos na prova. Mike, líder natural do grupo, questionava-se em que momento ele deveria ter intervisto nas decisões de Chris durante o trekking em que perderam 2 horas e meia.

De tão focado que é, Mike despertou sozinho para a relargada, já que toda a equipe de apoio, há quatro noites sem dormir, não escutou os três despertadores que foram programados. A velejada em canoas locais por 32 quilômetros entre Camocim e Guriú, distante apenas 10 quilômetros da chegada, trouxe novas surpresas. Com os barcos totalmente sob controle dos pescadores, a Sole, que já diminuíra a vantagem da Nike para menos de 1 hora nos dois últimos trechos, deu sorte com seu conjunto canoa/marinheiro e saiu da água cerca de 40 minutos antes da rival, cruzando o pórtico em Jeri na frente de Mike e seu time.

Depois da comemoração efusiva e contagiante do quarteto formado pelos dois casais, e com Nora comemorandoo fato de ser a primeira brasileira a terminar a prova, foi a vez da Nike chegar. Mike foi direto até Paul Romero perguntar sobre a diferença real de tempo líquido antes do trecho da velejada, preocupado com a possibilidade de ter perdido a 2a colocação. Gordon não achava o chip de cronômetro para marcar o tempo de chegada. Mona, se sentindo muito mal por causa do efeito do calor sobre as queimaduras do dia anterior, e com o olho totalmente fechado, foi rapidamente encaminhada à sombra. Não há registros dela no pódio.

Não houve celebração por parte da Nike. A dúvida que ficou dessa atitude era se o desapontamento havia sido causado pela incerteza com relação ao 2o lugar, ou pelo fato de não terem mantido o título de campeões do mundo. Quando perguntado se estava satisfeito com o resultado, Mike respondeu: “Eu gosto de ganhar. Não costumamos cometer os tipos de erros que fizemos nessa prova. Só existe um campeão do mundo de corrida de aventura, e esse time é a Orion Health”. O 2o lugar realmente não serviu. Mike quer revanche. E vai ser em terras onde também se fala português: em Portugal, no ano que vem.


QUARTETO: Da esq. para a direita, Lico, Bárbara, Gui e Camila

A COROAÇÃO DO CERRADO

Unindo força e estratégia, a equipe Oskalunga Sundown firma-se como a mais forte equipe brasileira no mundial

SE A CORRIDA DE AVENTURA NO BRASIL completou seus 10 anos em 2008 e é quase uma pré-adolescente, a equipe brasiliense Sundown Osklaunga pode dizer que já alcançou sua maturidade em grande estilo. Nascida praticamente junto com a modalidade no país, eles foram a melhor equipe brasileira no Ecomotion PRO 2008, deixando para trás outros 56 times e grandes nomes mundiais do esporte. “Funcionou tudo dessa vez”, celebra o navegador Guilherme Pahl, sobre o excelente quarto lugar conquistado.

Mantendo a garra da juventude, mas substituindo a impulsividade de correr usando a força pelo planejamento baseado nas características da equipe, o time encontrou em uma formação mista e experiente o equilíbrio que precisava. “Correr com duas mulheres nos ajudou a dosar mais o ritmo e a nos cuidar durante a prova. Além disso, combinamos de não olhar nossa colocação quando passávamos pelos postos de controle para não sermos influenciado pelo ritmo das outras equipes, e assim nos mantermos fiéis à estratégia que desenhamos anteriormente”, conta Gui.

Nesse planejamento, Gui, Frederico “Lico” Gall, Bárbara Bomfim e Camila Nicolau dividiram a prova em quatro grandes blocos, intercalados pelos pontos de parada obrigatória onde as horas de sono foram distribuídas com equilíbrio. Mesmo com pouquíssimo tempo de prova, cerca de três horas e meia, eles pararam no primeiro local para descansar por duas horas, conforme o planejado. E com isso, tiveram ajuda da maré quando voltaram para a canoagem. “Desde esse trecho já buscamos algumas equipes, mesmo tendo parado para dormir. Isso nos dava uma confiança muito grande e uma visão sempre positiva da prova”, explica Gui.

Mantendo a regularidade e cumprindo rigorosamente a estratégia de se poupar dormindo nos locais estipulados, a Oskalunga chegou inteiraça para a pior perna da prova: o arrasta-caiaques de 60 quilômetros. “Tentamos um esquema com chapas de aço para arrastar os caiaques, mas deu errado. Perdemos uma hora tentando dar um jeito nisso e assistimos à Lontra e à Dart entrarem no rio com essa vantagem. Foi difícil manter o ânimo do time quando decidimos colocar os caiaques na água”, revela Gui.

Bem treinados e preservados, eles não só buscaram as duas equipes, como também ultrapassaram a francesa Quéchua, que havia entrado no rio longe da vista dos brasilienses. “Avistar cada equipe só nos dava mais gás e fazia o ritmo aumentar. Depois que passamos a Lontra, anoiteceu e nossa leitura do rio ficou ainda melhor, mérito todo da Camila que remava na frente. Quando tinha que arrastar os caiaques, fazíamos isso correndo”, conta, empolgado. Depois dessa etapa, o resultado da prova já estava praticamente definido.

Subir a última duna em Jeri e avistar o circo do Ecomotion foi um dos momentos mais especiais na vida da equipe. “Eu nunca tinha chorado por uma conquista esportiva e dessa vez chorei como criança. Era um sentimento do fundo da alma de ter conseguido alcançar um objetivo, mesmo sem ser o campeão da prova”, se emociona o brasiliense. Para ele, mais que a consagração da equipe, fica a sensação de vitória do Brasil. “Um dia ainda seremos campeões mundiais”, profetiza.

(Reportagem publicada orginalmente na Go Outside de dezembro de 2008)







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