Brasil na neve


VAI BRASIL: Mirlene Picin durante campeonato sul-americano no Chile
(FOTO: Nato Canto)

A 15ª edição do Campeonato Sul-Americano de Biathlon aconteceu em Portillo, no Chile, entre os dias 8 e 10 de agosto. Quem marcou presença na competição foi a brasileira Mirlene Picin. Nascida em Mogi-Mirim, em São Paulo, a atleta fez bonito ao conquistar duas medalhas (prata e bronze) na modalidade, que mistura esqui cross-country e tiro com rifle.

Mirlene, a única civil que participou da prova (as outras atletas eram ex-militares), trouxe para o Brasil a medalha de bronze na categoria individual (15 quilômetros de esqui com quatro paradas para tiro) e outra medalha de prata no sprint (percurso mais curto de 7,5 quilômetros e duas paradas para tiro).

A atleta começou com o esqui cross-country em 2007 e com o biathlon em agosto do ano seguinte. Depois desse primeiro contato, realizado na Argentina, ela não parou mais. Quando está no Brasil, treina a parte física com bike, corrida, natação, musculação e roller ski (um esqui com rodinhas), mas também passa a maior parte do ano treinando e competindo em países de inverno com neve da América do sul e Europa.

Nos últimos anos, ela também somou participações importantes nas ultramaratonas de corrida de montanha mundo afora e figurou a lista do "Top 100" na Two Oceans Ultra Marathon, uma prova dura de 56 quilômetros, na África do Sul (leia mais aqui).

Em entrevista para a Go Outside online, Mirlene contou como foi receber as medalhas e revelo


(FOTO: Nato Canto)

GO OUTSIDE:Como foi ganhar as duas medalhas?

MIRLENE PICIN: Confesso que não esperava. Eu estava sem treino, sem ritmo de competição, longe da neve há 18 meses. Durante este ano, passei mais tempo trabalhando com corrida de montanha, então, para mim, foi mesmo uma surpresa.

Como você avalia a competição deste ano?

O biathlon é um esporte pequeno aqui na América do sul, enquanto na Europa é uma sensação. Com pouca neve, os chilenos se empenharam para preparar a pista e conseguir realizar um Sul-Americano de qualidade. De modo geral, o nível competitivo foi alto, com disputas equilibradas. Na prova de sprint, por exemplo, o ouro me escapou por dois segundos apenas. No individual, que é a prova com mais tiros, os tempos de esqui foram bem parecidos, e a decisão das medalhas ficou nas mãos de quem se mostrou mais preciso com o rifle.

O que é mais difícil no biathlon?

Biathlon é um esporte que dá margem para muita coisa sair errado. Quedas no esqui são comuns e podem danificar o rifle e impossibilitar a continuidade da prova. O vento na hora de atirar pode atrapalhar, a munição pode falhar, o bastão do esqui pode quebrar… Nas provas deste ano, não tive grandes problemas, tudo correu superbem.

Qual a maior dificuldade de praticar essa modalidade, morando no Brasil?

A ausência de neve sempre vai ser a maior barreira. Treinos adaptados com o roller ski (esqui com rodinhas) fazem parte da rotina de esquiadores do mundo todo, já que neve de qualidade não existe em todos os países durante o verão. As grandes equipes européias também fazem uso desse equipamento com rodas para o asfalto. Especificamente aqui no Brasil faltam locais adequados de treino para roller com segurança, longe do trânsito. Faltam também lugares para a prática de tiro esportivo, modalidade cada vez mais abandonada por toda a burocracia da documentação de uma arma em nosso país.

Quais os planos para o fim do ano?

Sigo competindo em algumas provas de montanha e de rua como parte do treinamento para a Ultramaratona do Aconcágua, que acontecerá no final de novembro. É a primeira edição da prova, mas vai ser bem legal correr 50 quilômetros por lá. Com certeza será um desafio por causa da altitude e da variação climática. Estou ansiosa!







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