Disneylândia de marmanjo

Ótimos para quem quer se divertir ou aperfeiçoar a técnica, os bike parks contam com desafiadores singletracks e boa infraestrutura para receber o ciclista – e já existem versões brasileiras que valem a visita


Por Mario Mele


Tignes Bike Park
(Foto: Mônica Dalmasso)


O CONCEITO DE BIKE PARK é relativamente novo, pelo menos no Brasil. E, apesar de o nome já dizer quase tudo – um lugar de diversão para quem pedala –, há certas características essenciais que fazem uma área especialmente voltada para as magrelas ganhar esse título. Não basta oferecer trilhas técnicas; é preciso dar ao ciclista toda a infraestrutura para curtir o pedal com os amigos.

Em países da Europa e nos Estados Unidos, muitos bike parks existem apenas sazonalmente: durante o verão, com a falta de neve, estações de esqui abrem as portas para quem sonha em descer de bicicleta suas íngremes montanhas. Nessas estações, os lifts (teleféricos) – que no inverno levam os esquiadores até o topo das ribanceiras – transportam ciclistas que querem apenas a diversão das descidas. É o caso do bike park de Whistler, no Canadá, onde quilômetros de lifts fazem a festa dos downhilleiros. Já no Revolution Bike Park, na Inglaterra, veículos 4×4 substituem os teleféricos na hora de poupar o fôlego do ciclista morro acima.

Mas os serviços de um bike park vão além do lift (especialmente no Brasil, onde não temos montanhas tão íngremes). Quem pedala de aro 20’’, por exemplo, está interessado em uma pista com rampas – e já existem bike parks específicos para essa modalidade. Opções de hospedagem (no local ou nas vizinhanças), água corrente para tirar o barro da bicicleta e apoios emergenciais também são serviços que alguns bike parks pelo mundo passaram a oferecer para atrair o público. No Brasil, apesar de o conceito ainda engatinhar, já há lugares com infraestrutura disponível para bikers de todos os níveis e estilos se divertirem, ao mesmo tempo em que dão um gás no pedal. Selecionamos alguns bem legais, dentro e fora do país.


>> NO BRASIL

Terra na Veia Adventure Park, Maracanaú (CE)


(Foto: Ernani Matos)

A 20 quilômetros de Fortaleza, numa antiga fazenda de cachaça, funciona o Terra na Veia Adventure Park. A área dispõe de 18 quilômetros sinalizados de singletracks, além de estradões de terra batida. Há também uma pista de dirt jump, com curvas sobre estrados de madeira, passarelas e rampas que jogam alto. Lanchonete, vestiário e “redário” para armar uma rede (perfeito para botar as pernas cansadas pra cima depois do pedal) compõem a estrutura desse parque cearense, que também aluga bicicletas Scott Aspect 50 por R$ 15 a hora. Um ponto forte é a variedade de trechos técnicos: as trilhas são pensadas para que um biker que pilota bem consiga acompanhar outro mais forte, mas menos safo em singletracks. Funciona aos sábados e domingos, das 7h às 17h30. R$ 10 o ingresso. terranaveia.com.br


Zoom Bike Park, Campos do Jordão (SP)

Com infraestrutura de um bike park gringo, o Zoom atualmente tem 20 quilômetros de trilhas sinalizadas – aproximadamente 15 quilômetros são de singletrack –, divididos em quatro níveis de dificuldade. Adeptos do cross-country e do all mountain têm muito que curtir por lá: há passagens por pontes, passarelas de madeira e sessões com rampas perfeitas para quem quer arriscar os primeiros pulos. As trilhas foram construídas para serem didáticas, portanto, o lugar é ideal para aprender e se desafiar. Acompanhantes que não pedalam não ficarão entediados: o Zoom tem uma tirolesa de quase meio quilômetro de comprimento e oferece atividades fora da bike, como cavalgada e trilhas a pé, que colocam o visitante em contato direto com a natureza verde e convidativa. É possível alugar bikes Scott Aspect para se jogar em trilhas mais fáceis e contemplativas do Horto Florestal de Campos do Jordão. Abre aos sábados domingos e feriados (das 9h às 17h) e cobra R$ 5,50 de entrada. zoomaventura.com.br


Bike Park São Silvano, Morungaba (SP)

A apenas 100 quilômetros da cidade de São Paulo, o Bike Park São Silvano foi idealizado pelo experiente mountain biker paulista Bob Nogueira. O lugar é excelente para os adeptos do cross-country, com quatro trilhas sinalizadas e um astral tranqüilo e sofisticado, de fazenda. A trilha azul é curta e chega numa cachoeira. As intermediárias têm em torno de seis quilômetros de extensão e passam por dentro de um bosque. A volta mais longa tem 12 quilômetros, com uma subida técnica e um downhill com lombadas que deixam a descida mais divertida. Há ainda uma pista de BMX, com rampas democráticas – que atendem a todos os níveis – e curvas emparedadas de terra. É possível alugar bicicleta (R$ 20) e se hospedar na Fazenda São Silvano (a partir de R$ 362 a diária/casal), junto ao parque. A taxa de ingresso é de R$ 20. fazendasaosilvano.com.br


Bike Park Cancioneiro, São Paulo (SP)

É incrível pensar que, no meio do caos urbano de São Paulo, há um centro esportivo e educacional de sete mil metros quadrados voltado para ciclistas de BMX e dirt jump. O Cancioneiro Bike Park fica no bairro da Vila Olímpia, entre um viaduto e uma avenida movimentada. Apesar de estar cercado pela selva de concreto, é um oásis para os bikers da capital, com pistas de BMX e MTB, rampas iluminadas e “gates” de largada iguais aos de competição. Ali também funciona uma escolinha para crianças que querem se iniciar ou radicalizar o pedal. Funciona das 8h às 22h, e basta pagar uma taxa de R$ 5 para andar o dia inteiro. spxbikes.esp.br


Bike Park Chapada Aventura, Chapada dos Guimarães (MT)

A três quilômetros do centro da cidade de Chapada dos Guimarães, os irmãos Enymar e Brasílio Athaíde fundaram o Espaço Chapada Aventura, com foco em atividades na natureza. A boa nova para os bikers é que, em fevereiro de 2013, o local inaugura um bike park com pistas técnicas de cross-country, onde inclusive já rolaram campeonatos mato-grossenses e brasileiros de mountain bike. O toque de mestre do traçado foi dado pelos atletas locais e campeões brasileiros Jane Maria de Jesus e Fabiano Gutjahr. Uma das trilhas, de nível avançado, rasga seis quilômetros de mata nativa por um singletrack no qual, em alguns pontos, é possível observar a imensa planície pantaneira. O bike park contará também com uma trilha de freeride de um quilômetro e saltos duplos que jogam o ciclista a mais de cinco metros de distância. R$ XX o valor estimado do ingresso. chapadaaventura.com.br


No Sol Bike Park, Curitiba (PR)

É possível acampar nesse bike park, onde há boas pistas de downhill e freeride para aprender e evoluir nas modalidades. A de DH une duas linhas: a primeira sessão com curvas emparedadas e alguns saltos, e a segunda numa parte técnica, estreita, sobre raízes. O tempo total aproximado de descida é de 1min30s. As áreas de freeride e dirt jump têm drops entre um e três metros de altura e mesas de quatros metros de extensão. A trilha de cross-country possui somente dois quilômetros e meio, mas conta com trechos bem técnicos que servem de excelente treino para os mais avançados. A diária custa R$ 15 em dias de semana e R$ 20 em finais de semana. nosol.com.br


Brigadeiro Bike Park, Carangola (MG)

A cerca de 300 quilômetros de Belo Horizonte, a serra do Brigadeiro é uma área de conservação que se estende por montanhas, vales e chapadões cobertos por Mata Atlântica. O bike park contempla esse cenário com uma pista de downhill com pontes, curvas em wall ride e rampas. Um singletrack técnico e cheio de obstáculos está à espera dos bikers cross-country. O espaço tem restaurante, camping e alojamentos. (27) 9254 8124


MTB Park, Porto Alegre (RS)

O MTB Park é um projeto recém-iniciado que pretende implantar pistas de mountain bike em propriedades particulares na região dos Caminhos Rurais e, dessa forma, divulgar o serviço para os interessados no esporte. Por enquanto, o grupo conseguiu inaugurar trilhas no Ronco do Bugio, no morro da Extrema, um parque no meio da mata, a menos de 30 quilômetros da capital gaúcha. Além do fácil acesso, com estacionamento, restaurante e vestiário, o MTB Park tem como foco a criação de pistas para crianças e iniciantes em outros lugares, semelhante ao que já acontece no Ronco do Bugio. mtbpark.com.br


>> LÁ FORA

Revolution Bike Park, Reino Unido

Localizado em um sítio no nordeste do País de Gales, o Revolution fica numa das melhores áreas do Reino Unido para pedalar mountain bike, com bosques e montanhas. Outro ponto a favor: os administradores são aficionados por pedal, e sempre estão abrindo novas trilhas e pensando em futuros obstáculos. A partir de duas descidas principais, há trilhas secundárias que permitem a ciclistas freeride de qualquer nível se testarem e melhorarem a técnica. É excelente para você trabalhar a confiança de pilotagem em descidas velozes. Há instrutores altamente qualificados para te ajudar na leitura das trilhas e ajustar sua postura na bike em diversas situações. Para que os frequentadores possam passar um fim de semana explorando o lugar, o Revolution está investindo na construção de chalés, uma bicicletaria e um lava-rápido de bicicleta. Por enquanto, o parque abre às sextas, sábados e domingos, e o ingresso (que dá direito a “caronas” em veículos 4×4), custa £25. revolutionbikepark.co.uk


Whistler Mountain Bike Park, Canadá

A Disneylândia do mountain bike é o Canadá, mais especificamente o Whistler Mountain Bike Park, a oeste do país. No verão, uma das estações mais famosas de esqui se transforma em pistas e rampas para ciclistas de todos os níveis. São mais de 1.500 metros de desnível, com teleféricos que levam ao início das sessões de downhill. Para os pilotos de cross-country, o Whistler reserva estradas e singletracks que rasgam florestas, beiram penhascos íngremes e, no nível mais avançado, possibilita saltos em torno de um metro e sessões de descida sobre raízes expostas. Iniciantes não precisam se preocupar: há mais de 30 quilômetros de trilhas belas e pouco técnicas rodeando o parque. O lugar funciona entre junho e outubro, das 9h às 17h. Há restaurante e bike shop, e também é possível alugar bikes, equipamentos e agendar aulas. Quanto ao ingresso, você pode optar por comprar um pacote no começo da temporada – que dá o direito de usar as dependências do Whistler Mountain Bike Park durante os cinco meses de funcionamento (US$ 550), ou então adquirir o ingresso diário por US$ 50. whistlerbike.com

Tignes Bike Park, França

Caçadores de adrenalina ou pedaladores de fim de semana têm razões de sobra para se jogar de cabeça no Tignes Bike Park, no leste da França. Localizado entre as montanhas de Palafour e Tovière, próximo à divisa com a Itália, esse fascinante polo do mountain bike europeu é um parque que se apropria de toda a infraestrutura da estação de esqui durante o verão. São 150 quilômetros de descidas e subidas, leves e pesadas: 21 trilhas de downhill, sete circuitos de enduro e dois de cross-country. Se você já tem alguma experiência no mountain bike, siga para o setor de Palafour. Os mais atirados vão gostar de Tovière, um setor cujos saltos deixam os pneus fora do chão por longos segundos. Para os que querem se arriscar pela primeira vez no downhill, há uma minipista perfeita para testar reflexos e habilidades sobre a bike antes de por para baixo nas descidas maiores. O acesso ao Tignes Bike Park e os serviços oferecidos são grátis no verão. tignes.net

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de janeiro de 2013)







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