Monte Roraima de perto

Em agosto de 2012, a Go Outside, em parceria com a agência Pisa Trekking, presenteou um de nossos leitores com o trekking no monte Roraima, um dos picos mais míticos da América do Sul. A seguir, republicamos o relato dele 

TRÍPLICE FRONTEIRA: O Monte Roraima, entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana
TRÍPLICE FRONTEIRA: O Monte Roraima, entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana

Por Glauco Rhuan Manske

Na semana em que iria comprar as passagens para a Amazônia, recebi a notícia de ter sido o ganhador da promoção Trekking dos Deuses, promovida pela revista Go Outside e a agência de turismo Pisa Trekking. Dei pulos de alegria e já comecei a me preparar psicologicamente para subir o monte Roraima.

Em Boa Vista (RR), conheci as pessoas que seriam meus companheiros nos próximos sete dias. Todos tipicamente amantes da natureza, vestindo roupas outdoor. As expectativas em relação ao trekking só aumentaram.

Começamos o trekking em Paraitepuy, um vilarejo indígena já no lado venezuelano do monte Roraima. Decidi que faria o trekking levando todos os meus equipamentos em minha mochila. Ou seja, não faria o uso de porteadores, que nesse trekking são os índios locais.

O sol forte castigou os menos acostumados com o calor nesses primeiros dois dias de caminhada. No primeiro dia, é preciso enfrentar uma caminhada mais plana e, no segundo, ganha-se quase 900 metros de altitude. Os dois tepuis – nome dado a montanhas de paredes verticais e cume plano -, Roraima e Kukenan, estão sempre como pano de fundo, muito convidativos. No terceiro dia, chegamos ao topo do monte Roraima, depois de uma cansativa escalaminhada! Diferentemente de outras montanhas, no Roraima, chegar ao ponto mais alto não é nem a metade do caminho, mas apenas um terço! Isso porque a melhor parte começa quando chegamos ao topo. Descobrimos um ecossistema estagnado há milhares de anos. Insetos, plantas e pequenos animais que congelaram sua evolução.

Passamos três dias conhecendo a parte superior da montanha. Que mostra ser enigmática, mística e sedutora. Caminhamos por horas e, a cada curva, nos surpreendíamos com o que víamos. São vales de cristais, fossos de água transparente e gelada, interessantes formações rochosas, flores e plantas que formam um verdadeiro jardim suspenso nas bordas do tepui.

O Roraima abriu os braços para nós e nos proporcionou incríveis dias de sol, sem chuva alguma! Exploramos o máximo que pudemos até o momento de dizer tchau à montanha. Pássaros cantavam enquanto eu descia o passo de lágrimas, um desfiladeiro rochoso em que gotas de uma cachoeira caem nos montanhistas que por ali estão passando — é considerada a benção da montanha.

Nesse dia, cheguei  ao acampamento do rio Tekdia cansado. Foram quase 1.600 metros de descida em um só dia. Mas enquanto armava a barraca, eu não podia deixar de olhar o Roraima, ali brilhando à minha frente. O por do sol o deixou num tom laranja que, por alguns minutos, fez todos do ali no acampamento pararem para admirar.

No dia seguinte, retornamos para a comunidade de Paraitepuy, onde tínhamos iniciado o trekking. Durante a caminhada, era difícil não olhar para trás, já sentindo saudades do Roraima.

Esse foi um trekking de sete dias, em que tive um contato muito intenso com as pessoas e com a montanha. Senti-me privilegiado por estar numa das regiões mais antigas do mundo, e tão rica em vida! A beleza no Roraima nos contagia constantemente. Durante o dia, com as lindas paisagens e curiosidades que encontramos, à noite com um céu estreladíssimo que nos faz refletir.

Sou grato ao pessoal da Go Outside e da Pisa Trekking por terem me proporcionado uma experiência tão intensa e inesquecível como essa. O monte Roraima foi, com certeza, um dos lugares mais incríveis que eu já conheci.







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