Dá-lhe, Leonardo


DE FIBRA: Leonardo durante a oitava edição do La Misión

Quando o brasileiro Leonardo Leite nos enviou um e-mail contando sobre as ultramaratonas em que participou em 2012 e os treinos semanais que, somados, representavam quase 220 quilômetros, logo percebemos que ele era um aventureiro de mão cheia.

Entre suas façanhas no ano passado, ele esteve no lugar mais alto do pódio da Brasil Running Adventure Race, uma prova de corrida de montanha com 160 quilômetros, percorridos sem parar no deserto do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no Nordeste do Brasil (saiba mais aqui). Com isso, ele defendeu a bandeira verde-amarela na competição, uma vez que não existia nenhum outro atleta nacional inscrito na prova, que aconteceu no mês de maio de 2012.


Quando achávamos que ele aproveitaria o fim de ano para umas férias, Leonardo surpreendeu novamente: em dezembro, participou da oitava edição do La Misión – uma corrida em trilha em que os atletas percorrem 160 quilômetros por trilhas e montanhas pela Patagônia argentina (região dos Lagos). Além da longa distância, os atletas enfrentam um desnível acumulado que atinge 7.500 metros e precisam completar o percurso sem apoio.


Depois de ler o relato completo da “saga de Natal” de Leonardo em seu blog (mountaindesert.blogspot.com.br), conversamos com o corredor sobre a prova e os planos para este ano que acaba de começar. Confira abaixo a conversa.


FRIO: O corredor brasileiro durante prova de 160 quilômetros na Argentina

GO OUTSIDE: Durante os 160 quilômetros na Argentina, quais as maiores dificuldades? E o momento mais legal?

LEONARDO LEITE: A corrida na Argentina foi, sem dúvida, a competição mais difícil de que já participei. Uma prova em que os competidores precisam percorrer 160 quilômetros por trilhas técnicas com subidas e descidas muito íngremes levando todos os equipamentos, comida e coletando água nos riachos para se hidratar. O clima frio, juntamente com a chuva e as nevascas, contribuíram para tornar a prova ainda mais dura. As paisagens dentro dos bosques patagônicos e a vista do alto das montanhas fazem desta competição uma das mais belas, possibilitando aos corredores momentos inesquecíveis. Durante a prova, o momento mais difícil que enfrentei foi na subida do Cerro O’Connor, onde as temperaturas estavam muito baixas e a longa exposição ao frio fez com que minhas mãos começassem a congelar. Daí não conseguia realizar tarefas simples como abrir a mochila para pegar comida. Após a descida, os movimentos melhoraram e consegui seguir em frente. O momento mais especial da competição foi, sem dúvida, a chegada, quando pude reencontrar minha família e cruzar a linha de chegada com minha filha nos braços. São meses e meses de treinamento em que, às vezes, sacrificamos parte do tempo com a família em busca dos nossos sonhos, e não há nada melhor e mais justo que eles estarem presentes quando conseguimos tornar aquilo realidade.


No ano passado você participou de provas duras. Qual seu próximo objetivo para 2013?

No ano passado participei pela primeira vez de competições de 160 quilômetros em ambientes totalmente diferentes. Em maio, corri nos Lençóis Maranhenses, enfrentando temperaturas superiores a 40°C por dunas, praias e lagos. Em dezembro, corri na Patagônia argentina com temperaturas negativas, neve, fortes ventos, em trilhas técnicas em meio a bosques e montanhas. Visando um projeto de longo prazo (2014), e devido à falta de patrocinadores, resolvi correr provas mais curtas neste ano, com distâncias de 80 quilômetros. Com isso pretendo ganhar força e velocidade para estrear em 2014 nas ultramaratonas de 100 milhas nos Estados Unidos, onde os atletas percorrem essa distância abaixo de 16 horas. Como nunca participei de ultramaratonas no Brasil, resolvi correr algumas competições por aqui visando divulgar ainda mais esse esporte que vem crescendo tanto no país. Entre as principais competições de que vou participar estão: XTerra em Ilhabela (junho) e o XTerra de Tiradentes (setembro), além da Ultramaratona de Los Andes, na cidade de Santiago (Chile), onde terminei em 3° lugar geral em 2011.


Qual a maior dificuldade para quem precisa correr ultramaratonas? Você tem alguma dica?
A maior dificuldade para quem quer ser aventurar nas corridas de longa distância é o tempo necessário para o treinamento. Quase 100% dos praticantes de ultramaratonas são atletas amadores que dividem seu tempo de treinamento com as demais atividades do dia, como o trabalho, família e os compromissos sociais. O mais importante é saber organizar o tempo disponível para conseguir cumprir o volume necessário de treinamento. No meu caso, por exemplo, acordo durante a semana às quatro horas da manhã para um treino de 30 quilômetros e, às oito horas, já estou no escritório, onde exerço minhas atividades como engenheiro de minas. Nos finais de semana, chego a correr 80 quilômetros no sábado e mais 50 quilômetros no domingo, atingindo um volume de 200 a 220 quilômetros por semana. Além disso, tenho os compromissos familiares, pois sou casado e tenho uma filha de 4 anos, além de eventos sociais com parentes e amigos. Mesmo assim, consigo seguir treinando e obtendo bons resultados nas competições.


FAMILIA Ê:Depois da prova, Leonardo pega sua filha pequena







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